segunda-feira, 18 de março de 2013

34º Capitulo: "Ewa vem molale com nós?"

No final da noite do aniversário da Ana em casa da Rosa, ela já tinha adormecido quando eu a trouxe para casa. Os dias com ela são uma animação. Tem sempre um momento em que me deixa com dores de barriga de rir e tem sempre um sorriso lindo nos lábios. 
Depois de a deitar na sua cama, fui até ao andar debaixo da casa e o meu telemóvel começou a tocar. Retirei-o do bolso, era o Enzo. Meu grande amigo, grande confidente que, apesar de estar longe, tinha sempre um telefonema a fazer. 
- Mano! - disse ao atender. 
"- Como é que estás, rapaz?"
- Vai-se indo. 
"- A miúda ainda está acordada?"
- Adormeceu ainda à pouco.
"- Queria dar-lhe os parabéns...sou mesmo um tio desnaturado."
- É na boa. E tu, como é que tens andado?
"- Vai tudo bem. Olha...amanhã, por acaso não queres almoçar comigo?"
- É...e vou à Argentina ter contigo?
"- Achas? Eu é que vou a Lisboa."
- Vens?
"- Sim. A minha irmã mais nova vai para aí estudar no inicio do próximo ano lectivo, mas vai passar férias, como ela diz."
- Ai sim? A Sol ou a Patrícia?
"- A Patrícia...a Sol não sai das asas da mãe nem por nada."
- Mas ela quer vir assim do nada?
"- Não...ela já quando eu aí jogava também queria ir, mas como era menor a minha mãe não a deixou."
- E vem agora...
"- Ya! Ela é meio impulsiva, mas acho que faz bem."
- Então amanha almoçamos.
"- Boa. Eu devo chegar aí por volta das 11:30h. Vou deixá-la no hotel onde vai ficar e depois vou ter contigo aí a casa, pode ser?"
- Pode...mas vais deixar a tua irmã no hotel?
"- Vou."
- Porque é que não a trazes?
"- Já agora tinha de fazer de ama dela?"
- Eu não te queria ter como irmão não...
"- Eu vou pensar no teu caso. Fica bem mano. Dá beijinhos à pimpolha."
- Serão entregues. Vemo-nos amanha.
Apaguei as luzes da sala e fui até ao meu quarto.
Pensei nela...claro, que pensei. Doía...mas era cada vez menos.

No dia seguinte: 
Acordei com o som do despertador e levantei-me de imediato.
O meu dia começava sempre da mesma maneira. Levantar, tomar um duche e vestir-me, antes de ir acordar a Ana.


Fui até ao quarto dela e ainda dormia. Custava acordá-la, mas já tinha dormido o suficiente e além do mais daqui a pouco o Enzo está aí.
- Boneca... - falei baixinho, passando a minha mão pela sua bochecha.
Ela começou a espreguiçar-se e abriu os seus olhos, ficando a olhar para mim.
- Está na hora de levantar - ela nada disse, simplesmente se virou para o outro lado - ontem ligou uma pessoa para te dar os parabéns...mas tu já estavas a dormir...
- Quem ewa? - perguntou, continuando virada para o outro lado.
- Era o tio...
- Segio? - nem me deixou terminar a frase e sentou-se de imediato na cama. O Sergio...tio dela, que ela tanto gostava...podia ligar as vezes que quisesse que ela falava sempre.
- Não piolha...era o tio Enzo.
- Ewe tá cá?
- Deve estar a chegar. Vem fazer uma visita e deixar a irmã dele. 
- Ewa vem molale com nós?
- Não piolha...que dizer, até nem sei...podemos falar disso com o tio Enzo. 
- Quando é que ewe chega?
- Daqui a uma hora...por isso vamos lá a levantar, sim? 
- Shim. 
Ela veio para o meu colo e eu coloquei-a em cima do posto de troca de fraldas.
Preparei-a e...vaidosa como ela é, ficou algum tempo a olhar-se ao espelho quando estava pronta. Estando um dia muito quente, andava mesmo como gostava...de vestido.

- Madame, vai ficar a olhar-se ao espelho ou quer ir comer? 
- Podemox ir comer - ela feita senhora, passou à minha frente, desviou o cabelo para trás da orelha e começou a descer as escadas. Descia-as devagarinho, por isso peguei-a ao colo, tipo saco de batatas e levei-a para a cozinha.
- Papá!! Vais estagar o estido! - dizia (gritava) ela no meu ombro.
- Até parece que vais ter com o teu namorado... - namorado...ai dele que se aproxime da minha menina.
- Não...mas teno de ficalhe bonita - coloquei-a na cadeira dela e comecei a preparar-lhe o pequeno-almoço - como chama a imã do tio Enzo? 
- Patrícia. 
- Ewa é agentina, como eu? 
- Sim...ela é irmã do Enzo por isso é argentina, como nós - a Ana tinha dupla nacionalidade. E entendia as duas linguas, o português e o argentino/espanhol, mas falar ainda só vai falando argentino.
- Ewa é bonita?
- Não sei...porque?
- Poque ewa podia namoar contigo... - o assunto das namoradas...há cerca de três semanas, tinha-me vindo com esta conversa. Que devia arranjar uma namorada porque a mãe não se importava.
- Toma - meti-lhe a taça da papa à frente e ela começou a comer. Não toquei mais naquele assunto porque não era...de todo, interesse meu falar de namoradas para mim. Estou bem como estou, com a minha filha, e ninguém têm de se meter no meio.

Algum tempo depois:
Tocaram à campainha e a Ana saltou logo do sofá para me acompanhar a ir abrir a porta. Era o Enzo.
- Como é que é? - começou ele, abraçando-me.
- Porque é que não disseste que tinhas chegado? Tinha ido buscar-vos. Entrem. 
- Olá boneca! - disse o Enzo pegando na Ana ao colo.
- Owa tio Enzo - ela deu-lhe um beijo na bochecha e um abraço.
- Ezequiel...é a minha irmã Patrícia...já não te deves recordar dela - realmente...não me lembrava mesmo. Tinha-a visto quando ela tinha uns 14 anos...e a rapariga que está à minha frente não tem mais 14 anos...estava uma mulher.
Cumprimentei-a com dois beijinhos.
- Patrícia é o Ezequiel e esta é a filha dele, a Ana - afirmou o Enzo, apresentando a Ana.
- Muito gosto - disse-me, virando-se para a Ana - Olá Ana.
- Owa Paticia.
- És muito bonita. 
- Xou iguawe à mamã.
- Aposto que sim - a Ana...tem respostas para tudo...e quando lhe dizem que é bonita, responde sempre da mesma maneira. O Enzo olhou para mim...ele sabia de tudo, de todos os mais pequenos pormenores.
- Bem...vamos almoçar? - perguntou ele.
- Claro - fui pegar nas chaves do meu carro e saímos de casa - onde é que queres ir? 
- Podíamos ir até ao Guincho...e depois à Catedral. Queria mostrar à Patrícia antes de me ir embora.
- Claro.
- Vamos ao Fenfica? - perguntou a Ana, apercebendo-se da conversa.
- Vamos sim, ciganita - o Enzo respondeu-lhe. Ciganita...tinha ares disso.
- Mas o papá joga hoje?
- Não...o papá joga amanhã, mas vamos mostrar o estádio à Patrícia - respondi-lhe.
- Nunca viste o estádio? - perguntou-lhe a Ana.
- Não.
- Então não és do Fenfica...
- Ana...a Patrícia não é de cá... - expliquei-lhe.
- Mas ewa vai selhe do Fenfica poque ewa é nita e as meninas nitas, são do Fenfica, como tu dixex não é papá?
- É...é Ana.
As meninas bonitas são do Benfica...ela...é do Benfica, e é a forma como ela diz que a faz ser do Benfica.
Meti a Ana na cadeirinha do carro e a Patrícia entrou para o lado dela, indo eu com o Enzo à frente.
- Eu dote um caxicol do Fenfica, quelhes? - perguntou a Ana à Patrícia.
- Se fores tu a dar, sim aceito.
- Eu dote, mas tenho que pedilhe ao papá...e ele risco-o pa ti. 
- Risca-o? - perguntou a Patrícia, confusa.
- Shim...ewe faz aquewas coxax com a caneta. Como o tio Enzo também faz.
- Dá um autografo? 
- Isso! Tu és espeta! - comentou a Ana, para a risada no carro ser geral.
- Tu és muito mais esperta! - disse-lhe o Enzo.
- Mas eu só tenho tes anos...e tu Paticia?
- Eu tenho 21. 
- Isso é muito mais que eu, não é?
- Um bocadinho. 
- Ei...meninas...não estejam para aí a dizer que são novas, sim? - inquiriu o Enzo.
- Poque?
- Porque o tio Enzo também queria ter a tua idade...só que tem mais um zero à frente - atirei.
- Como assim, papá? 
- Tem 30 anos, o tio Enzo - respondeu a Patrícia.
- E tu tens quantos, papá?
- 26 - respondeu-lhe o Enzo.
- O max cota é o tio Enzo? 
- É! - respondi, juntamente com a Patrícia, para nos rirmos de seguida.
A Ana achou uma piada e levou o caminho todo a "gozar" com o Enzo.

domingo, 3 de março de 2013

33º Capitulo: A.n.a

6 meses e meio depois:
8 meses completos de gravidez. Depois de muitos enjoos matinais, desejos loucos a meio da noite que o Ezequiel muito aturou, está cada vez mais perto o dia de ter nos meus braços a minha menina. É uma bela princesa, como eu desejava. O Ezequiel andou uns tempitos “amuado” porque se estava a habituar à ideia de ter um mini Garay para treinar.
A minha relação com o Ezequiel não podia ir melhor. Estávamos mais apaixonados que nunca, vivíamos em função um do outro, da nossa bebé e da nossa relação. Tinha-me mudado para casa dele...era insuportável passar uma noite sem ele.
O meu salão está com muito sucesso, muito trabalho e a crescer cada vez mais.
-Não achas que devias estar em casa? Podes descansar...com essa barrigona como é que aguentas? - perguntou a minha mãe quando me sentei na cadeira do escritório.


-Mãe...a serio...eu estou bem e a tua neta também. Por isso podes estar descansada.
-Mesmo assim. Podias descansar uns dias. Tens andado sempre por aqui todos os dias da gravidez, sem muito descanso...isso não te faz lá muito bem – comecei a sentir umas fortes picadas no lado esquerdo da barriga...o que nunca me tinha acontecido. Senti um desconforto enorme...estava toda molhada no meio das pernas...CALMA!!! As minhas águas rebentaram!?
-Mãe...eu acho que me rebentaram as águas?
-Como?
-Sim...mãe...eu acho que a tua neta vai nascer!!
-Vamos! Temos de ir para o hospital! - a minha mãe ajudou-me a levantar, a ir até ao carro e fomos para o hospital. Ainda faltava um mês para ela nascer...estaria tudo bem?

(Ezequiel)
Tenho vivido os melhores dias da minha vida nestes últimos 8 meses.
Acompanhar cada momento da gravidez tem-me deixado cada vez mais cheio do vontade de conhecer a princesinha que vai nascer.
Hoje, um dia como outro qualquer, tinha deixado a Ana no salão...continua a insistir para isso...e eu não posso fazer nada. Tinha ido para o treino, que correm super bem.
Depois de mais um intenso treino, fui até ao balneário, pegando no telemóvel e reparei que tinha algumas chamadas não atendidas da Rosa.
Liguei-lhe antes de me despachar. Depois de 3 bip's ela atendeu.
-Rosa...está tudo bem? - perguntei.
-Ezequiel...a tua filha vai nascer.”
-Como?
-Sim! A Ana está em trabalho de parto e a menina vai nascer hoje.”
-Vocês estão no hospital?
-Sim”
-Eu vou já para aí.
Desliguei a chamada, despachei-me o mais depressa que consegui e desatei a correr para fora do Caixa Futebol Campus. VOU SER PAI!!
Depressa cheguei ao hospital onde a Ana estava, era o mesmo onde tínhamos as consultas, pois lá estava a nossa médica. Apressei-me a ir até à recepção:
-Bom dia. A minha namorada deu entrada neste hospital para ter a nossa filha, sabe onde tenho de me dirigir?
-O senhor têm de ir até ao piso 3 e depois fala com a minha colega que está na recepção.
-Muito obrigado.
Fui até ao elevador e pressionei no botão 3. Pareceram horas dentro daquele elevador, mas finalmente tinha chegado ao piso que a rapariga da recepção me tinha dito.
Fui até à recepção do piso:
-Bom dia. A minha namorada deu entrada neste hospital para ter a nossa filha, sabe-me dizer onde é que ela está?
-Como se chama a senhora?
-Ana Ramos.
-Só um segundinho – a rapariga introduziu algo no computador – a sua companheira já deu entrada no bloco de partos, acompanhada pela mãe. O senhor pode dirigir-se até lá e fala com o responsável para puder assistir.
-Muito obrigado.
-Ao fundo do corredor à esquerda.
Corri...corri na direcção que a rapariga tinha dito, virei à esquerda...quando...vejo a Rosa...a Rosa, à porta a tentar espreitar para dentro de uma porta. Apressei-me a ir ter com ela.
-Rosa...
-Ezequiel – ela abraçou-me e...estava toda a tremer.
-Que se passa Rosa? Porque não está lá dentro?
-Eles não deixam lá estar ninguém...vão ter de fazer cesariana...a menina não está na posição certa.
-Mas está tudo bem com elas?
-Em principio sim...mas os médicos estão com medo...a Ana já estava muito fraca...ela ainda tentou fazer parto natural, mas não dá.
-Vai correr tudo bem. As nossas meninas vão aguentar. Mas não podemos entrar?
-Não. Eles neste momento não querem ninguém lá dentro.
-Venha sentar-se – acompanhei a Rosa e sentamo-nos no banco que ali se encontrava.

45 minutos depois:
Esta espera esta a deixar-me completamente louco! Não dão noticias, não se vê nada lá para dentro...nem se ouve nada.
-Eles podiam dizer alguma coisa, não?
-Tem calma Ezequiel – dei mais uma ida e vinda pelo corredor, quando o som mais perfeito do mundo se fez ouvir. A minha princesinha chorou. Nasceu a bebé mais linda do mundo.
-Ela nasceu! - abracei-me à mãe da Ana e, passado algum tempo, uma enfermeira sai do bloco de partos com a minha menina nos braços. Dirigiu-se a mim e entregou-ma...foi a sensação mais indescritível do mundo, ter este pedaço de mim e da Ana nos braços era completamente maravilhoso. Ela era linda, era pequeninas, mas era linda.
-É tão parecida com a Ana quando nasceu – comentou a Rosa.
-Eu agora tenho de levá-la para a incubadora – a enfermeira esticou os braços e entreguei-lhe a menina. Voltei a abraçar a Rosa e chorei...de felicidade. É tão difícil descrever o que se sente nestes momentos...mas é tão bom o que se sente.
Ficamos os dois ali ainda algum tempo para sabermos da Ana. Saiu de lá a nossa médica.
-Já viu a sua menina? - perguntou-me.
-Já sim. Como é que está a Ana.
-Sentem-se aqui comigo – a médica apontou para o banco e sentamo-nos. Eu ao lado da Rosa e a médica a meu lado – como sabem a bebé estava numa posição irregular.
-Sim.
-E...a Ana...ela teve muita força nos momentos antes da cesariana, foi muito duro para o corpo dela...e...a Ana não aguentou. Ela teve uma hemorragia interna e faleceu logo após o nascimento da bebé. Ainda tentamos reanimá-la mas não conseguimos – como é que é possível darem duas notícias tão distintas uma da outra...nasceu a bebé...e morreu...a minha Ana...isto não pode estar a acontecer! Não pode!
A Rosa abraçou-se a mim a chorar...como eu também chorei com ela...era como se me tivessem arrancado metade do coração...metade dos pulmões...metade de tudo...metade da minha existência.
A Ana era a pessoa que eu sempre desejei ter na minha vida, era um ser humano de outro mundo, tinhamos as nossas coisas, mas ela era a minha alma gémea...e como ela mais ninguém existe.
Eu e a Rosa ficamos algum tempo sem falar...sem nos mexermos, mas ela tomou a iniciativa e ligou ao pai da Ana, que rapidamente se juntou a nós e, enquanto ele amparou a Rosa, eu fui até ao berçário.
Agarrei-me à vitrina e chorei ali o que não conseguia chorar ao pé da Rosa...sentia-me sozinho, como é que eu vou sobreviver sem ela? Como é que eu vou criar a nossa filha sem ela?

3 dias depois:
Funerais...não era o melhor sitio para ir a um sábado de manhã, depois de se sair do hospital com a Ana...a minha filha. A nossa filha.
Tinha decidido, com a Rosa e o Roberto, dar à bebé o nome da mãe.
Estava a família toda presente...os pais dela, os primos, os tios, os meus pais, os meus irmãos...eu...e a nossa filha.
Quem discursou para os presentes foi o Sergio...mais nenhum de nós tinha coragem para o fazer. Foi uma belíssima cerimónia, ao género da Ana, tranquila, romântica...mas também alegre. Quando se preparavam para descer o caixão, os pais da Ana aproximaram-se dele, falaram para ela...e eu fiz o mesmo, com a nossa menina nos braços.
-Não era assim que devias partir...deverias ter conhecido a nossa menina...devias ter feito tudo o que querias fazer. Vou cuidar dela...como cuidei de ti. Nunca amarei ninguém como te amo a ti...és a minha vida, és o meu coração...o que é que eu faço sem ti?
A Rosa chegou perto de mim, fazendo-me sinal que tinha de sair dali. Voltei para junto do Roberto e da Rosa...olhando para a Ana que tinha nos braços...tinha visto fotos da minha Ana quando era bebe e era igualzinha à nossa filha. É na nossa menina que está a Ana neste momento...mas nunca, nunca, a amarei como amo a minha reina.

3 anos depois:
-Papá! - a Ana veio a correr para mim.
O tempo passa sem dar-mos por ele e, hoje, a minha princesa faz 3 aninhos. Está cada vez mais parecida com a mãe quando tinha a idade dela...não só na fisionomia, mas também em feitio. Se bem que esta pulguinha tem mais teimosia que a mãe.


Viver, dia após dia, sem a Ana...tem-se conseguido ultrapassar...mas quando cai a noite...a falta dela assume proporções que nem se conseguem descrever. É a nossa filha que vai conseguindo...sarar esta ferida, com cada beijo que me dá, com cada abraço, com um “amo-te papá” e com a companhia que me faz ao recordar a mãe.
Para a Ana, a mãe é uma estrelinha no céu que olha por ela todos os dias.
Nunca escondemos o que aconteceu...sobretudo agora que ela faz mais perguntas...ou por ver as fotografias espalhadas pela casa, por me ouvir...chorar à noite...ela é perspicaz e não vale a pena esconder-lhe uma das melhores pessoas que ela conheceu...porque ela passou 8 meses em contacto com a mãe e não foi em vão.
-Como é que está a minha boneca? - peguei nela ao colo e dei-lhe um beijo. Estava a chegar agora a casa da Rosa, depois de um treino no Benfica.
-Tou bem papá...xabex, já tive a falhare com a mamã.
-Ai sim?
-Shim. Tava no quato delha, com o Ucky (era o Lucky) e falhamos os dois com a mamã. Elha deu-me os palabéns e eu digo-lhe que goto muito delha e que queria ela com nós.
-Disseste isso tudo à mamã?
-Shim! Ah! E também disse pa ela fazer o papá deixar de cholhalhe à note – abracei a minha pequenina e foi impossível não deixar cair uma lágrima...o dia de hoje é feliz e triste. A Ana faz 3 anos...mas também faz 3 anos que perdi a minha grande paixão, o meu orgulho...a minha Ana.