sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

31º Capitulo: Hermanos

O jantar em casa da Tamara foi tranquilo e, mesmo sem o meu primo por lá, o que não faltou foi animação.
Os dias passaram e estamos de volta a Madrid para o casamento do meu primo. Ficamos em casa do meu pai, eu, a minha mãe, o Ezequiel e o Lucky que tinha vindo connosco. Preparamo-nos os quatro em casa do meu pai e saiamos juntos em direcção da igreja, os meus pais e o Ezequiel, eu ainda tinha de ir a casa do Sergio, para as primeiras fotografias do dia e o acompanhar até à igreja, uma vez que era a madrinha dele.
Eu e a minha mãe já estávamos despachadas, mas sinal do Ezequiel e do meu pai…nenhum. 

Ana

Rosa
 - Ana…o vestido é demasiado justo – voltou a minha mãe a dizer pela milésima vez, desde que se tinha vestido.
- Mãe, o que é bom é para se ver e tu ainda estás toda para as curvas…por isso nada de inseguranças.
- Tu é que sabes?
- Sim!
E nisto aparecem o Ezequiel e o meu pai.

Ezequiel
Roberto





















- Estava a ver que não! Esquecem-se que ainda tenho de ir para casa do Sergio? – Comecei.
- Esqueceste que estás a menos de 5 minutos de casa dele? – Respondeu o Ezequiel.
- Tudo bem…mas temos de nos despachar.
- Isso é tudo nervos de madrinha? – Perguntou o meu pai.
- Um bocado…é uma responsabilidade acrescida.
- Ana…só tens de fazer aquilo que sempre fizeste. Estar ao lado do teu primo – disse a minha mãe agarrando-me pelo braço.
- Ok…mas podemos ir andando?
- Claro. Vamos lá.
Saímos os quatro de casa e fomos até casa do Sergio. Já estava em cima da hora que tinha combinado com ele. Ele ainda tinha insistido para que os meus pais e o Ezequiel lá fossem também, mas eles ainda iam buscar uma tia nossa.
Sai do carro despedindo-me do Ezequiel e dos meus pais e entrei na casa do meu primo. Quem me abriu a porta foi a minha tia Paqui, juntamente com a minha priminha, a Daniela, filha da minha prima Mirian, a irmã do Sergio, que seria a menina das alianças. 


- Tão lindas que elas estão – dei dois beijinhos à minha tia, baixando-me de seguida e dando também dois à Daniela.
- Tu também estás muito bonita prima – disse a pequena.
- Obrigada, meu amor.
Voltei à minha posição.
- Então…já está tudo pronto? – perguntei.
- Sim. Iamos mesmo agora começar as fotografias. Vamos até ao quarto do Sergio – a minha tia agarrou-me pelo braço e fomos as três até ao andar de cima.
Quando chegamos ao quarto do Sergio, estavam lá os meus três primos, o meu tio e o fotografo. A Mirian estava linda:


Há imenso tempo que não via o René, mas, claro, no dia do casamento do irmão estava presente. O meu tio tinha um sorriso nos lábios…mostrava-se orgulhoso do Sergio. 

René
José





















O Sergio…estava uma pilha de nervos…consegui perceber isso no momento em que entrei no quarto e o vi a andar de um lado para o outro.



- A tua madrinha chegou! – Avisou a minha tia.
O Sergio olhou-me e…respirou fundo, sorrindo-me. Caminhamos os dois na direcção um do outro e abraçamo-nos.
- Estavas com medo que não viesse? – Perguntei-lhe ao ouvido.
- Não…mas podias ter ido com o Ezequiel.
- Neste momento és prioridade.
Olhamo-nos e ele deu-me um beijo na testa.
- Podemos começar com as fotografias? – perguntou o fotografo.
- Claro – o Sergio, afastou-se e tirou fotografias com os pais. Eu aproximei-me da Mirian.
- Quem diria…não é verdade? – perguntou ela.
- Podes crer…se, há um ano, me dissessem que o Sergio ia casar, jurava que era mentira.
- Somos duas.
- Os irmãos!? – a Mirian e o René aproximaram-se do Sergio e colocaram-se cada um do seu lado e o fotografo preparou-se para mais um frame de fotografias.
- Ana? Vem para aqui – pediu o Sergio.
- Eu?
- Sim! És minha irmã ou não?
- Sou… - aproximei-me deles e tiramos os 4 fotografias juntos.
Depois cada um tirou as suas individuais com o Sergio e quando chegou a minha vez, ficaram tudo menos compostas, o Sergio estava super nervoso e aproveitamos o facto de estar eu a tirar fotos com ele para descomprimir.
Quando já todos tínhamos tirado fotografias com o noivo, começamos a prepararmo-nos para rumar em direcção da igreja. Fomos em dois carros e quando lá chegamos, já lá se encontravam alguns convidados. Praticamente todos da família do meu tio.

(Ezequiel)
Estava a ficar cada vez mais ansioso para a chegada à igreja…seria a primeira vez que estaria com o Sergio e logo…no dia do seu casamento.
Fomos buscar uma tia da Ana ao aeroporto, vinda de Sevilla, e dirigimo-nos para a igreja. Já lá estava, alguns convidados, e também a família do Sergio. Obviamente ele também já lá estava.
Fiquei com a Rosa e o Roberto à entrada da igreja, juntamente com a Mirian, a irmã do Sergio.

“Já chegamos à igreja. Estás com o Sergio?”

Mandei a sms à Ana, antes de entrar na igreja. Pouco tempo depois, ela surge junto de nós. Rodei-a a minha cintura com um dos seus braços.
- Então…como é que estão? – perguntou ela.
- Tudo bem. E o Sergio? – respondeu a Rosa, perguntando-lhe o que, também eu, queria saber.
- Está uma pilha de nervos.
- Então não é boa ideia ir lá agora… - acabei por dizer. Ela olhou-me e deu-me um beijo.
- Temos de ir. Está na hora de entrarmos, a Mariza está a chegar. Mas vocês falam no copo d’água.
Era melhor mesmo.
Entramos todos na igreja. A Ana tomou o seu lugar ao lado do Sergio sussurrando-lhe algo.

(Ana)
Depois de ter ido ver como é que o outro homem da minha vida estava, era o Sergio a casar e super nervoso, o Ezequiel super nervoso também por estar aqui, voltei para dentro da igreja e tomei a minha posição ao lado do Sergio.
- Ele quer falar contigo...aconselhei a que fosse no copo-d’água.
- Fizeste bem.
Aguardamos ainda alguns minutos pela chegada da Mariza e quando se fez ouvir a marcha nupcial, ela começou a dirigir-se ao altar, com…suponho, o seu pai.


Estava deslumbrante e emocionada.

(Ezequiel)
Toda a cerimónia se passou com muita emoção por parte dos convidados e dos noivos.
Dirigimo-nos para o local do copo-d’água e, como a Ana era a madrinha, não ficou na nossa mesa. Eu fiquei com a mãe dela, o pai, a irmã e sobrinha do Sergio, bem como o seu esposo. O Rene, era o padrinho do Sergio estava, por isso, ao lado da Ana.
Depois de servido o almoço e da habitual primeira dança dos recém casados, a Ana veio ter connosco, sentando-se nas minhas pernas.
- Temos de ter uma conversinha os dois… - começou ela.
- Que se passa?
- É o Sergio…ele quer falar contigo mal acabe de dançar esta música com a Mariza. Vai até lá fora e…espera por ele.
- Tudo bem – ela saiu do meu colo, eu levantei-me e ela tomou o meu lugar.
Caminhei até ao exterior da quinta e esperei pelo Sergio. Sentei-me no muro e quando a música terminou e se ouviu os aplausos, o meu estômago começou a andar à volta.
Sei da importância que esta conversa tem para Ana…e para mim. Se há coisa que ela precisa é que nós nos demos bem…o Sergio é demasiado importante para ela para estarmos com estas infantilidades.
- Ainda bem que vieste… - o Sergio falou e sentou-se a meu lado.
- Obrigado pelo convite.
- Bom…Ezequiel, eu sei que já devíamos ter falado à mais tempo e que devia ter sido logo quando tudo aconteceu...mas quis o destino que fosse assim.
- Desculpa – olhei-o – eu não queria magoar a Ana…nem quero. Só quero que ela seja feliz…comigo, ou sem mim. Mas sei que ela não está feliz neste momento sabendo que estamos mal os dois.
- Sei…eu peço desculpa por ter sido parvo e não ter tido esta conversa contigo mais cedo. Mas…já que a estamos a ter…eu quero que protejas a Ana…que a ames como ela merece e que aquele meu sobrinho não seja como o pai.
- Assim o farei. Prometo…mas o meu filho…tem tendência para ser um conquistador de meninas. Tendo em conta o histórico da parte masculina da família.
Gargalhamos os dois.
- Estamos bem? – perguntou o Sergio esticando-me a mão.
- Estamos – eu apertei-a e abracei-o – muitas felicidades, mano.
- Obrigado puto.

(Ana)
Estava na mesa com a minha mãe ao lado…e sempre a olhar para a porta por onde os dois homens da minha vida deveriam entrar…mas estava demorado. Aquela conversa estava a demorar demasiado para a minha ansiedade.
Passado alguns minutos entram os dois…animados. Vinham os dois com sorrisos lindos nos lábios e cúmplices.
Apressei-me a ir ter com eles e abracei-os.
- Ei…uma pessoa foge assim por uns segundos e ela parece que já não nos vê à anos – comentou o Sergio.
- Vocês… - olhei-os e eles deram-me, os dois, um beijo em cada uma das minhas bochechas – eu amo-vos!
Voltei a abraça-los e, começou a tocar, novamente, música.
- Importas-te que roube a tua madrinha para uma dança? – Perguntou o Ezequiel ao Sergio.
- Desde que depois possa dançar com ela também.
- Não se preocupem que eu chego para os dois e ainda temos muito tempo pela frente, para dançar.
Eu e o Ezequiel fomos para o centro do recinto e dançamos os dois agarradinhos.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

30º Capitulo: Invitado

- Vais explicar-me, agora, o que é que estamos aqui a fazer? – Perguntei ao Ezequiel quando chegamos a uma casa, mesmo no centro de Madrid.
- Viemos celebrar o teu aniversário.
- Aqui?
- Sim. Vamos entrar – dirigimo-nos para a tal casa e o Ezequiel tocou à campainha.
Pouco depois uma rapariga linda nos abre a porta. Era a Tamara.
- Feliz Cumpleaños guapa! – Disse ela, abraçando-me – muitas felicidades.
- Obrigada.
- Entrem – a Tamara deu-nos licença e quando chegámos à sala…o meu espanto não poderia ser maior! É que não podia mesmo.
Estavam lá a minha tia Paqui, a minha prima Mirian e a filha, Daniela. Estava também a Mariza, e o Gonzalo Higuain.
- Feliz Cumple!! – eles estavam todos animados e cumprimentaram-me de seguida. Comecei numa ponta e terminei na outra, mas cumprimentei-os a todos.
Antes que se servisse o jantar, ficamos todos um pouco à conversa. Contudo…sentia falta do meu primo. O Sergio não tinha vindo…e ele não estava com jogos, nem estágios…estava mesmo chateado com o Ezequiel…à um ano.
Estava sentada ao lado da minha titi. Estávamos a falar do meu bebé e de como eu me andava a sentir…mas…tinha a necessidade de lhe perguntar…aquilo que realmente me interessava.
- Titi…o Sergio? – A minha tia, uma mulher linda e cheia de felicidade, ficou cabisbaixa…mas sorriu-me.
- O teu primo…ele daqui a pouco liga-te.
- Mas…porque é que ele não veio?
- Sabes como é o feitio do teu primo…
- Sei… - e nisto o meu telemóvel toca. Olhei para o visor…era ele – e já devia estar a ficar com as orelhas quentes. Eu já volto titi.
Levantei-me indo na direcção da varanda da casa da Tamara. Atendi a chamada e o Sergio falou:
“- Feliz cumple, pequeña!”
- Gracias… posso saber porque não vieste com a Mariza ao jantar?
“- Acho que fazes um pouco de noção do porque da minha razão para não ir. Eu peço desculpa…mas és demasiado importante para te fazer sofrer no teu dia de anos, com actos que possa ter com o teu namorado.”
- Sergio…
“- Eu peço imensa desculpa pequeña…mas eu não consigo. Há um ano que não vejo o Ezequiel e que não falo com ele…e…não queria que o teu dia se estragasse por causa de nós.”
- Estás a estragá-lo na mesma…eu já te pedi imensas vezes para que tivessem os dois uma conversa. Tu e o Ezequiel precisam disso. E eu também preciso que os dois homens mais importantes da minha vida se dêem bem neste momento das nossas vidas porra! Tu vais casar daqui a dois dias, convidaste-me para ser a tua madrinha…o mínimo que podias ter feito era mandar um convite dirigido à minha família…e não a mim e à minha mãe. Dá-lhe uma oportunidade de falar contigo. E dá-me uma oportunidade de vos ter aos dois bem.
“- Eu sei pequeña…mas quando me apercebi do erro no convite já tinha sido enviado…é claro que é dirigido à tua família. Quero-te cá, com a tua mãe, o meu sobrinho e o pai dele…”

(Ezequiel)
Dei pela falta da Ana na sala. Pensei que tivesse ido à casa de banho, mas quando perguntei à tia dela onde ela tinha ido, a senhora respondeu-me que estava ao telemóvel na varanda.
Encaminhei-me até lá e apanhei a conversa a meio, mas bastou-me ouvir aquele bocadinho para saber que ela estava a falar com o primo:
- …mandar um convite dirigido à minha família…e não a mim e à minha mãe. Dá-lhe uma oportunidade de falar contigo. E dá-me uma oportunidade de vos ter aos dois bem.
O Sergio deveria estar a responder-lhe algo do outro lado da linha, mas eu avancei e coloquei-me ao lado da mulher da minha vida.
Ela olhou-me, mas voltou a fixar o olhar na lua…como estava perfeita naquela noite quente de Agosto.
- Queres que fale com ele? – Perguntei-lhe.
- Não é ninguém – respondeu ela…mas à chamada, fazendo-me sinal para que saísse dali. Se há coisa que eu mais quero é que a Ana saiba que eu quero muito resolver as coisas com o primo dela. Ao fim ao cabo…ele só a está a proteger…mas da pior maneira.
Agarrei no telemóvel da Ana e comecei a falar com o Sergio:
- Sergio…é o Ezequiel. Queria que soubesses que é muito importante para a Ana que as coisas entre nós se resolvam…eu quero-o, mas preciso que tu sejas homem e estejas disposto ao mesmo. Quando quiseres falar é só marcar. Eu posso vir a Madrid e tu também deverás poder ir a Lisboa.
“- Podes fazer o favor de passar o telemóvel à minha prima?” a serio? Tudo bem. Passei o telemóvel à Ana.
- Eu tentei… - voltei para a sala e sentei-me no sofá ao lado do Gonzalo.
- Que se passa, mano?
- É o Sergio.
- O primo da Ana?
- Sim.
- Que se passa?
- Epa…ele está sem me falar à um ano…desde que…
- Sim.
- E hoje faltou a este jantar por eu estar cá…de certeza!
- Mas…que é que lhe deu pela cabeça?
- Ele só a quer proteger…sei disso. E sei que se ele viesse hoje, de certeza que a conversa não ia ser bonita e acabávamos por estragar o jantar à Ana…mas ele assim também o está a fazer.

(Ana)
Depois das palavras do Ezequiel para o Sergio…eu continuei a falar com o meu primo.
- Que é que lhe respondes-te?
“- Pedi-lhe para te passar o telemóvel…isto não é um conversa para se ter assim.”
- Sergio! Ele só quer falar numa boa contigo!
“- Eu sei Ana…e eu também. Mas prefiro faze-lo cara a cara. Como ele disse temos de ser homens para faze-lo.”
- Vocês são tão iguais um ao outro! Que irritação!
“- Tem lá calma contigo e com o meu sobrinho!”
- Até nisso! Vocês os dois querem que seja menino!
O Sergio fez silêncio…mas foi ele quem retomou a conversa:
“- Como é que ele está?”
- O Ezequiel?
“- Não! O bebé!”
- Está bem…quer dizer…está a resmungar porque o tio não está cá.
“- Diz ao meu pimpolho que o tio vai estar com ele daqui a dois dias. E que a mãe dele é uma tonta por mete-lo no meio disto tudo”
- E a mãe dele diz que não é tonta…o tio dele é que é.
“- Tem a quem sair.”
Desmachamo-nos os dois a rir.
- Ana? – Chamou a minha tia.
“- É impressão minha ou ouvi a voz da mulher mais linda do universo?”
- Não. Não é impressão tua. A minha titi linda está mesmo a chamar-me. É para ir jantar.
“- Vai lá então pequeña. Passa bem o resto do dia. Espero por ti, pelo meu pimpolho, pela tua mãe…e pelo Ezequiel no meu casamento.”
- Obrigada Sergio. Podes contar connosco. Besos cariño.
“- Besos pequeña”
Desliguei a chamada e fui com a minha tia até ao interior da casa.
Encaminhamo-nos para a sala de jantar, mas antes ainda apanhei o Ezequiel pelo caminho. Agarrei-me a ele e perguntei:
- Aceitas ser o acompanhante da tua mulher e do teu filho no casamento do seu primo?
O Ezequiel parou e olhou para mim.
- Porque perguntas isso? Ele não me convidou…
- Enganas-te. O Sergio quer-te lá. Vens comigo?
- Quer?
- Sim.
- A serio?
- Epa! Sim! Vens ou não!?
- Vou! Vou! Claro que vou!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

29º Capitulo: Sensação mais pura e verdadeira


O estágio de pré época do Benfica passou rapidamente e o Ezequiel já estava em Portugal. 
Desde que soube da gravidez…passaram 3 semanas e ainda não tinha voltado ao médico para começar a ser seguida. Tanto a minha mãe, como a mãe do Ezequiel, a Tamara e mesmo o Ezequiel andavam sempre a alertar-me, mas com o salão a ter cada vez mais trabalho foi impossível fazer alguma coisa nestas 3 semanas. 
Agora que o Ezequiel está presente em carne e osso, anda sempre a pressionar-me a ir ao medico. Ele próprio já arranjou a médica…os contactos dela…e marcou a consulta.
Levantei-me, super enjoada como já começava a ser hábito, e fui tomar um duche rápido. Arranjei-me e em menos de 40 minutos estava despachada.


O Ezequiel vinha ter comigo. Ele estava cá à dois dias e, por culpa minha, o tempo que tínhamos estado juntos foram apenas duas noites e foi marcar a consulta e dormir. Tanto ele como eu andávamos estafados. 
Sai de casa e ela já tinha o seu carro estacionado junto da porta do prédio. Eu caminhei até ele, entrei no carro dando-lhe um beijo de bons dias, que não se prolongou porque…porque me senti super mal disposta com o perfume do Ezequiel. 
- Que perfume é esse? – Perguntei ao afastar-me dele e abrindo a janela do carro. 
- Primeiro, bom dia! Segundo…é o mesmo de sempre. 
- Bom dia! Ai isso é que não é.
- Juro-te que não. 
- Ezequiel…eu conheço o teu cheiro bastante bem e amo-o, mas se estou a enjoar dele não é bom sinal.
- Estás enjoada…do meu perfume. 
- Eu não sei…mas fiquei mal disposta com o cheiro. 
- O meu filho está a tentar ter a mãe só para ele? – Ele brincou com a situação, como seria de esperar, e colocou a sua mão na minha barriga. 
- A minha filha – andávamos os dois em desacordo quando ao sexo do bebé – ela está a deixar-me mal disposta desde que acordei. 
- Isso é natural princesa.
- Eu sei que é normal…mas agora…enjoar do teu perfume? 
- Temos de arranjar outro. 
- Já agora…lá porque enjoei agora, não quer dizer que vá enjoar mais…eu amo o teu cheiro – aproximei-me dele, tentando dar-lhe um beijo…mas aquelas náuseas só pioravam se me aproxima-se dele. Coloquei a minha cabeça ligeiramente para fora do carro, esperando que passasse. 
- É melhor irmos andado… - ele ria-se com a situação, mas já não estava a achar piada nenhuma àquilo…nem o meu namorado posso beijar por causa destes malditos enjoos? 
O Ezequiel arrancou e foi em direcção do local da clínica onde a médica dava as consultas. Durante toda a viagem, o cheiro do Ezequiel continuava a perturbar-me bastante…acho que se não fosse verão bem que podíamos ter trazido um saquinho para vomitar. 
Assim que chagamos à clínica, encaminhamo-nos à recepção e foi-nos indicado que a médica já estava à nossa espera. A senhora da recepção levou-nos até ao consultório e pediu licença que entrássemos. 
A médica parecia super simpática e animada. Colocou-nos logo à vontade e, antes de começar a ecografia, pediu-me imensos dados pessoais, bem como ao Ezequiel, o nosso historial de doenças…basicamente, fez um relatório dos pais do bebé. 
- Vamos então passar para a ecografia e ver esse pequeno – avisou a doutora. Eu fui com ela até à maca e deitei-me. Levantei o meu vestido e a médica colocou um gel sobre o meu ventre…e o minimeu apareceu. 
O Ezequiel estava a meu lado e também ele olhava fixamente para o monitor. A Sara, a médica, indicou-nos onde é que o feijãozinho estava…mas no momento em que as imagens apareceram no ecrã soube logo onde é que o meu tesouro estava. Era a coisa mais pequena e perfeita do mundo…e estava a crescer dentro de mim. Quando a primeira ecografia foi feita, eu estava inconsciente…mas hoje…hoje o meu coração bate tão depressa e as lágrimas caem-me pela face sabendo que ele está bem e está perfeitinho para as 6 semanas que tem. 
- O vosso bebé está a crescer muito bem, a menina Ana está de 6 semanas completas e está a desenvolver-se muito bem.
- E…teve algum inconveniente a Ana ficar muito tempo sem ir a uma consulta? – Perguntou o Ezequiel. 
- Não, nada disso. É claro que deveria ter ido ao médico quando chegou a Portugal, para ficar logo a ser seguida, mas não tem problema, até porque se ela tivesse vindo só agora é que também iria fazer nova ecografia, por isso está bem. 
- E a partir de agora? Como é que serão as ecografias? – O Ezequiel estava super interessado…a ser um super pai. Eu derretia-me lentamente por dentro e estava completamente rendida àquele momento. 
 - A Ana agora basta vir-lhe cá daqui a 4 semanas, quando fizer as 10 de gravidez. Claro que se sentir mal, ou achar que está mal, venha logo. Mas se tudo correr normal só daqui a 4 semanas. 
- E viajar para fora? Pode? 
- Sim. Pode. 
- E a alimentação…ela pode comer de tudo? 
- Ezequiel…é claro que posso comer de tudo. E tudo aquilo que o teu filho quiser! 
- Exacto. A Ana pode comer o que quer…tem é de ter atenção, não se vai meter a comer montes de chocolates de uma vez…não queremos um bebé com diabetes. E tenha atenção aos desejos da sua namorada…do seu filho. 
- Tudo bem. Desejos, ter em atenção. E o sexo? Quando é que podemos saber? 
- Por volta dos 4 meses de gestação. Como a Ana está quase de dois meses, daqui a umas 3 ecografias já sabemos o sexo do bebé. O pai tem mais perguntas? 
- Doutora, ele tem, mas é melhor ficar por aqui senão nem amanha fica despachada. 
- Mas se precisarem de esclarecimentos digam. 
- Claro que sim, mas acho que aquilo que ele quer saber mais eu explico, ou na próxima ecografia a doutora explica. 
- Muito bem. A menina pode sair da maca – a doutora entregou-me uns panos para limpar a barriga. Eu assim fiz, desci da maca e ajeitei o vestido. Dei a mão ao Ezequiel e fomos de novo sentarmo-nos em frente da médica. 
- Então…Ana, tem aqui a sua caderneta para ir-mos assentando tudo, e tem já aí também a data da próxima eco. Vou agora… - a médica colocou uns papeis num envelope e entregou-me – aqui tem as imagens da ecografia de hoje.
- Muito obrigada doutora. 
- Não têm de agradecer. O meu trabalho é trazer ao mundo bebés saudáveis. O vosso está num bom caminho. 
- Vamos fazer de tudo para que seja saudável sempre – comentou o Ezequiel. 
- Da minha parte é tudo. Vocês têm alguma pergunta? 
- Não – respondi. 
- Por agora não – respondeu o Ezequiel. 
- Então vemo-nos daqui a 4 semana, espero eu. 
- Sim. 
Despedimo-nos da doutora e saímos da clínica. 
Caminhamos lado a lado até ao carro do Ezequiel para de seguida entramos nele e dirigirmo-nos para o salão. 
Assim que o Ezequiel ligou o carro e começou a conduzir, eu olhei para as imagens da ecografia.


Era cada vez mais verdadeiro…e o amor que eu tenho para dar a este ser também. Só quero que o dia de o ter nos braços chegue o mais depressa possível e que seja o nosso bebezinho mais que perfeito. 
- Acho que nunca te tinha visto dessa maneira…
- Que maneira?
- Com esse sorriso, com esse brilho nos olhos e a felicidade que todo o teu corpo transmite. 
- Sou feliz…que mais posso fazer? Ser mãe era a coisa que eu mais queria no mundo e puder ter a sorte de ter o pai mais perfeito para o meu filho, faz com que este momento seja ainda mais bonito – e com isto as lágrimas escorriam-me pela cara…enjoos, náuseas, mudanças de humor…vai valer tudo a pena para ter a minha princesa, ou príncipe como o Ezequiel quer. 
- Vamos ser felizes…eu sei que sim. E sei que vais ser a mãe mais galinha do mundo. 
- Fala o pai mais galinha. 
- Galo! Galinha é para a menina – desmanchamo-nos os dois a rir. 

No dia seguinte: 
22. São dois números iguais, siameses. Estão juntos e só se separam daqui a um ano. Hoje…hoje sou eu a bebé da casa! E…como eu amo sê-lo! Amo fazer anos! Amo ficar mais velha…é bom sinal. 
Como em qualquer manha, fiz a minha higiene e vesti-me.


A minha barriguinha, por muita pena minha, ainda não se notava. Eu era magrinha, mesmo magrinha, e a médica disse que só daqui a umas boas semanas é que se vai começar a notar algo.
Tinha decidido fechar o salão hoje. É dia de festa e há que celebrar a minha existência.
Fui até à cozinha, onde já estava a minha mãe…e o Ezequiel?? 
- PARABÉNS! – Vieram os dois abraçar-me e encher-me de beijos.
- Obrigada – sentamo-nos os três à mesa…e que mesa…estava repleta de coisas tão boas e como eu as amava a todas. Desde croissants de chocolate, a morangos, passando pela minha amiga Nutela.
Escusado será dizer que comi um bocadinho de tudo o que me estavam a oferecer logo pela manha. 
- Posso dar-te a minha prenda ou queres continuar a alimentar o meu neto? – interrogou a minha mãe. 
- Primeiro…eu estou a alimentar-nos aos dois. E eu disse que não queria prendas e vocês sabem muito bem disso. 
- São só lembranças – comentou o Ezequiel.
- Então também tens uma…tou feita com vocês. 
- Deixa-te de reclamar e abre lá – a minha mãe estendeu-me um saco, eu dei-lhe dois beijinhos e abri-o.
- Que lindas! – não queria acreditar que a minha mãe…a minha mãe simplesmente foi mãe e deu-me as primeiras botinhas do meu bebé.


- Obrigada mãe – dei-lhe um abraço, deixando cair o saco para o chão. 
- Ana…tem cuidado, ainda lá tens mais uma coisinha. 
- Tenho? 
- Tens…eu achei que era bonito, mas é só uma lembrança. 
Abri de novo o saco e lá dentro estava um colar.

- A serio…é lindo mesmo. Põe-mo, se faz favor – entreguei o colar à minha mãe que mo colocou com todo o gosto. 
Voltei a sentar-me no meu lugar e fiquei petrificada a olhar para as botinhas. 
- A minha prenda…ela está ligeiramente atrasada. 
- Eu disse que não eram precisas…
- Sei disso, mas, como a tua mãe disse, são lembranças. E…não é todos os dias que se fazem 22 anos. 
- É…nem 21, nem 23. 
- Não sejas tola – ele deu-me um beijo e continuamos o nosso pequeno-almoço. 

A minha manha foi passada…toda ela, com a minha mãe e o Ezequiel. Ao almoço fomos os três almoçar fora, com o meu pai também. Ele tinha vindo a Lisboa para começar a tratar da sucursal e combinou almoçar connosco. 
À tarde, andei com o Ezequiel, fui assistir ao treino dele e quando regressamos a minha casa, já a minha mãe tinha ido trabalhar. 
- A tua prenda já chegou. 
- Já?
- Sim. Está no teu quarto e é para usares esta noite. Tens meia hora para te despachar…temos de apanhar o avião. 
- Avião!? 
- Sim. Mas vai despachar-te que eu depois explico melhor. 
Fui até ao meu quarto e tinha lá…bem…roupa linda para vestir. Teria sido o Ezequiel a escolher? Este homem…
Despachei-me, como ele mandou, em meia hora.


- Estou pronta… - afirmei chegando à sala. 
- Ainda mais bonita do que o que pensava. 
- Obrigada. 
- Vamos? 
- Onde? 
- A Madrid. 
- Onde!? 
Ir a Madrid? Agora? No meu dia de anos? Faltavam cerca de 7 horas para o dia terminar…mas passar o resto do dia em Madrid? E…o que é que lá íamos fazer? Aposto que nem com a minha família iria estar…quer dizer, teria de estar com eles daqui a dois dias…sem o Ezequiel. Daqui a dois dias é o casamento do meu primo…e ele só me convidou a mim e à minha mãe. 

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

28º Capitulo: Ele quer...

Acordei...incrivelmente bem disposta. O Ezequiel estava a dormir, não o ia acordar...ele tinha direito a descansar mais um pouco. 
Levantei-me da minha cama com cuidado e fui até à cozinha. Já lá estava a minha mãe. 
- Bom dia mãe. 
- Bom dia filha. 
Dei-lhe dois beijinhos e fui abrir o frigorífico ..apetecia-me...morangos. Retirei-os do frigorífico  lavei-os e sentei-me na mesa com a taça. 
- Chegas-te a falar com o Ezequiel? 
- Sim...
- E? 
- Está tudo bem. 
- Está? 
- Sim...havias de ver a maneira como ele falou com a minha barriga...mãe, ele foi um fofinho...foi mesmo surpreendente a maneira como ele reagiu. 
- Ainda bem filha...
- Vais trabalhar hoje? 
- Tem de ser...
- Eu também devo passar pelo salão. 
- Devias descansar. 
- Não...tenho de lá ir. Praticamente desde que a Inês e a Mariana foram para lá que não tenho passado lá muito tempo. Eu fico pelo escritório a orientar as marcações e se elas precisarem de ajuda não é por estar sentada a fazer unhas que me canso. 
- Tudo bem...mas quando vires que estás a ficar cansada, sentas-te ou deitas-te mesmo um bocadinho por lá. 
- Sim mamã! - levantei-me...os morangos já tinham acabado. Coloquei a taça no lava louça e fui de novo até ao meu quarto. O Ezequiel continuava a dormir...mas tinha de o acordar...queria ainda passar algum tempo com ele antes de ir embora. 
Deitei-me de novo a seu lado e comecei a dar-lhe beijos nos lábios. Ele não abria os olhos, mas correspondia aos meus beijos - custa muito abrires os teus lindos olhos para mim? 
- Se dormisses com o estore fechado era mais fácil... - hábito meu...dormir com o estore aberto. Assim nunca corria o risco de adormecer e faz bem acordar logo com o solinho no quarto. 
- Desculpas! 
Ele lá me fez a vontade e abriu os olhos. Beijou-o loucamente. Estava desesperada e os lábios dele estavam a chamar pelos meus...eram as saudades a funcionar. 
- A que horas te vais embora? 
- Tenho de apanhar o avião ao meio-dia.
- Eu tenho de ir ao salão...
- Não devias descansar? 
- Eu fico lá...sentada no escritório...é a mesma coisa. 
- Tu vê lá o que é que te pões a fazer...ao mínimo cansaço sentas-te logo. 
- Pareces a minha mãe a falar...eu só estou grávida.
- Mas já foste parar ao hospital. 
- Mas isso não foi por estar cansada... - sentei-me na cama e olhei de novo para ele - tenho de tomar duche...acompanhas-nos? 
- A tua mãe já saiu? 
- Não...está na cozinha. 
- Então é melhor não...
- Ezequiel...menos! Ela sabe que estou grávida...e não acredita na cegonha que vem de França. 
- Se tu estás assim quem sou eu para contrariar a mulher da minha vida? - ele sentou-se na cama e beijou-me. 
Levantamo-nos os dois e fomos para o duche... escusado será dizer que foi mais um banho de chuveiro...um procedimento que eu faço em pouco mais de 20 minutos hoje tinha demorado o dobro do tempo. 
Saímos do banho, cada um enrolado numa toalha, e saímos para o quarto. Enquanto que o Ezequiel se vestiu num instante...eu, por outro lado, tinha demorado...tinha passado pelo espelho, em lingerie, e paralisei a olhar para a minha barriga.
Não se via nada...continuava na mesma, obviamente. Mas não sei...acho que senti aquilo que todas as mães sentem ao inicio...querem ver a barriga crescer e a ficar sem acreditar no que daqui a uns meses se pode passar. 
O Ezequiel surpreendeu-me e acordou-me do meu transe ao abraçar-me por trás e colocar as suas mãos na minha barriga. 
- Que pasa, mamacita? 
- Nada...mas...não estamos a ser rápidos demais? Ainda à um tempo voltamos a estar juntos e agora...estou grávida. 
- Não queres? 
- Claro que quero não é isso! - agarrei nas mãos dele - mas...não sei...já sabes que as outras pessoas vão ficar sempre a pensar nisso. 
- Ana? O que é que interessa os outros? 
- Nada...
- Então! 
- Tens razão...estou só para aqui a ser parva! - ele virou-me para ele e deu-me um beijo. 
- Diz antes...a ser linda.
- Vou-me vestir, vai comer qualquer coisa - dei-lhe mais um beijo e fui vestir-me. 

Quando estava despachada fui ter com o Ezequiel que estava na sala.
- Tá tão fofinha a minha mamacita - ele chegou-se perto de mim e curvou-se para me beijar...adorava ser pequenina ao pé dele. 
- Adoro parecer pequena ao pé de ti. 
- Até parece que não és pequena. 
- É preciso constatares esse facto? 
- Não está aqui mais ninguém...
- A minha mãe? 
- Deixou um bilhete...foi às compras. 
- Ah ok. Como é que fazemos...vens comigo para o salão enquanto não faz tempo de ires embora? 
- Sim. 
Fomos os dois para o salão. 
Já lá estavam as minha doidonas que me "atacaram" logo com abraços. Elas eram duas grandes amigas minhas já de algum tempo. Apresentei-as ao Ezequiel e enquanto não era horas de o ir deixar o aeroporto ficamos os dois no meu escritório. Enquanto organizava a lista de marcações, ia dando para estar com ele. 

Umas horas depois: 
Levei o Ezequiel ao aeroporto e voltei para o salão com almoço para mim e as meninas. 
Ficamos por ali para meter a conversa em dia. 
- Aquele não é o teu namorado? - disse a Mariana apontando para o televisor. 
Eu virei-me para ver e o Ezequiel estava a falar.
- Mete mais alto! - pedi.
A Inês pegou no comando e meteu mais alto:
"- Podemos só saber o porque de ter abandonado o estágio?" - perguntou o entrevistador. 
"- Tive de resolver uns problemas familiares.
- A sua noiva? 
- Não...ainda não...eu e a Tamara já não estamos juntos...a minha família sofreu umas alterações, mas em breve aumentará e casarei com a mulher que amo." - dito isto mudaram de cenas. 
- Ele quer casar contigo... - comentou a Inês - mas...a família vai aumentar? 
- Vamos ser pais - ainda não lhes tinha contado aquele pormenor. 
O que o Ezequiel disse em publico fez-me ter ainda mais certezas de que o amo...ele quer que sejamos uma família e que tenhamos a nossa vida...e...quer casar comigo? 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

27º Capitulo: Somo nós - Parte II


(Rosa)
Depois de falar com o Ezequiel, a Ana ficou a conversar com a Romanela.
Não é nada fácil ver a minha filha no estado em que ultimamente tem andado. Esta separação temporária com o Ezequiel não lhe tem feito bem e se há algo que me preocupa neste momento, em que ela mais necessita de estabilidade, é que eles não se consigam entender.
Depois de ter falado com ele, a Ana parecia mais tranquila e com outro semblante, mas mesmo assim o meu coração desejava que nada do que ela tinha passado voltasse a acontecer.
Depois de jantar-mos a Ana foi logo deitar-se. Estava cansada e acabou por adormecer em cima da cama enquanto falava com ela. Não a acordei para trocar de roupa…deixei-a simplesmente dormir.
Voltei aos meus afazeres e tentem fazer pouco barulho para ela não acordar, nem o Lucky ladrar.
Eram cerca das 22:05h quando tocam à campainha. O ainda ladrou, mas abri a porta o mais depressa que consegui, para ele não acordar a Ana. Era o Ezequiel.
- Rosa…buenas noches.
- Boa noite Ezequiel. Entra… - dei-lhe passagem para que entrasse e fechei a porta. Ele estava com um ar super cansado, vinha com o fato de treino do Benfica e com um sorriso nos lábios.
- A Ana?
- Ela adormeceu…está lá dentro.
- Posso ir ter com ela? Eu não a acordo.
- Podes…mas podemos ter uma conversa primeiro?
- Claro.
- Senta – acompanhei-o até ao sofá e ficamos sentados lado a lado a olhar um para o outro – a minha filha é a pessoa mais importante que eu tenho neste mundo, e vê-la sofrer como sofreu nestes dias foi a pior sensação da minha vida.
- Desculpe Rosa, eu deveria ter agido de outra maneira…
- As tuas desculpas têm de se reflectir em actos Ezequiel. A Ana está a precisar de ti. Ela sentiu-se sozinha e um inicio de gravidez como o dela pode não ser positivo para o bebé. Tu tens de me prometer que vais ser o pai do bebé que ela precisa. Vocês podem desentender-se mas promete-me que estarás sempre presente nos momentos mais difíceis e nos mais especiais para a Ana e para o meu neto.
- Eu prometo Rosa. Se há coisa que mais quero neste momento é estar com eles e poder acompanhar todos os momentos da Ana e do…meu filho.
- Tenta não os acordar…ela precisa mesmo de dormir. E cuidado com o Lucky.
- Ele está com eles?
- Sim. Ele ainda esteve pouco tempo com a Ana, mas ele adora-a.
- Então…com licença.
- Vai, vai.
O Ezequiel levantou-se e foi até ao quarto da Ana. Ainda esperei ouvir algum ladrar do cão, mas ou não se tinha apercebido da entrada dele no quarto, ou então sabia perfeitamente que era.

(Ezequiel)
As palavras da mãe da Ana ficaram na minha cabeça e ficarão para sempre. Ela ama a Ana, como eu a amo, só quer o bem dela, como eu quero, mas é mãe…é a mãe da minha princesa, é a mãe da mulher que amo…da mãe do meu filho.
Fui até ao quarto da Ana e, assim que entrei, o Lucky fez um pequeno rosnar e veio até à porta. Baixei-me até ele e comecei a fazer-lhe festas. Ele não ladrou e foi de novo para a sua alcofa que estava ao lado da cama da Ana.
Ela estava deitada…virada para o lado da alcofa do Lucky. Tinha o telemóvel numa das mãos e a outra estava na sua barriga. Tinha saudades de vê-la…da sua pele, do seu sorriso, da maneira como ela era capaz de me preencher. Aproximei-me da beira da cama, ficando de joelhos junto dela.
Passei suavemente a minha mão pelos seus cabelos, pelo seu pescoço e acabei por levar a minha mão à barriga dela. Não a coloquei por cima da dela, pousei-a mais em baixo…e comecei a falar:
- Príncipe…como sabes…eu fui um parvo com a nossa rainha. E contigo também. O pai não sabe deixar de ser teimoso, nem de ser casmurro e vocês não mereciam que eu fosse assim. Mas…eu prometi uma coisa à avó Rosa…e como quero estar sempre com vocês…eu vou estar nos momentos que tu e a mamã precisarem. Vou tentar construir o nosso castelo cá fora para quando tu vieres para os meus braços sejamos mais forte que nunca e que sejamos para sempre os príncipes da rainha que é a tua mãe.
Fiquei surpreendido comigo mesmo…era verdade que sentia exactamente o que estava a dizer, mas dizê-lo assim fazia com que fosse realidade, espontâneo e sincero.
A Ana mexeu-se, mas continuava a dormir. Quase que deixava cair o telemóvel, mas teve sorte. Mantinha a sua mão sobre a barriga, muito próxima da minha.
- Tens de deixar a mamã dormir. Sim? Eu vou estar aqui quando ela acordar…só me vou embora depois de vos dar o abraço que a mãe pediu…quer dizer, não vou logo embora. Só amanha à hora de almoço. Até lá estou aqui com vocês, meus amores – a mão da Ana pousou-se em cima da minha. Olhei de imediato para ela…que tinha os olhos abertos e sorria-me.
- Parece que acordas-te a mãe, minimeu.

(Ana)
Quando tocaram à campainha e o Lucky ladrou acabei por acordar, mas mantive-me ali sossegada e voltei a tentar adormecer. Tarefa essa que foi em vão…primeiro porque o Lucky sabia que estava acordada e queria meter-se na minha cama, segundo porque fiquei a admirar a minha barriga…que sinais de gravidez não tinha nenhum, mas tinha o meu filho lá dentro, terceiro, ouvi a voz do Ezequiel. Estaria a sonhar? Era bem possível, mas ao mesmo tempo acreditava que era realidade porque ele disse que ainda podia vir esta noite.
Peguei no telemóvel para ver se ele me tinha tentado contactar, mas nada…e nisto comecei a ouvir passos e fingi que estava a dormir. Percebi que o Lucky se desfez com as festas do Ezequiel e que voltou para a sua alcofa quando o Ezequiel também se aproximou da minha cama.
Senti a mão dele sobre a minha barriga e foi a melhor sensação do mundo…senti uma vontade enorme de a agarrar, mas foi então que ele começou a falar com a minha barriga. As palavras que lhe iam saindo pela boca eram tão…genuínas e puras…vinham-lhe directamente do coração e eu pude sentir isso. Senti-o porque o conheço…conheço-o e sei que também ele sofreu com esta turbulência.
Não resisti em colocar a minha mão sobre a dele e mostrar-lhe que estava acordada.
- Parece que acordas-te a mãe, minimeu.
- Não comeces a por as culpas no teu filho pelas coisas que fazes… - afinal…tinha sido por causa dele que tinha acordado. Ele manteve-se de joelhos mas aproximou-se da minha face.
- Desculpa – ele olhava-me e os seus olhos estavam brilhantes…ele estava cansado, mas estava com um brilho nos olhos que eu nunca tinha visto, e com um sorriso que me deixava com o coração a mil – eu sou teimoso…sou casmurro, mas quero muito estar com vocês, ver o nosso minimeu crescer dentro da tua barriga, quero vê-lo nascer perfeito e a sair à mãe. Quero construir…contigo, o nosso reino.
- Eu também quero tudo isso…quero-te só comigo e com o nosso bebé – o sorriso dele tornou-se ainda mais perfeito. Ele foi-se aproximando lentamente de mim. Eu aproximei-me também dele e os nossos lábios, juntos, envolveram-se num beijo perfeito, calmo e tranquilo.
- Te quiero mi mamacita perfecta.
- Y yo te quiero mas mi hombre voltamo-nos a beijar, o Ezequiel acabou por se deitar a meu lado, eu virei-me para o outro lado, formando com ele uma conchinha. As nossas mãos permaneciam entrelaçadas uma com a outra e estavam sobre o meu ventre.
- Foste para o hospital…mas está tudo bem com o bebé não está?
- Sim…foi apenas do stress e a tensão baixou – ele afastou os meus cabelos do pescoço, beijou-o e ficou com o seu nariz encostado a ele.
- Desculpa princesa.
- Vamos esquecer isto…e tens de cumprir a promessa da D. Rosa…seja ela qual for.
- Vou mesmo.
- Não me queres contar o que é que ela te pediu?
- Não. É uma coisa entre mim, ela e o nosso filho.
- E eu não tenho direito a saber…tá bem.
- Vais saber…com o tempo.
- Como queiras.
- Como foi em Madrid? Tirando a parte que vamos esquecer.
- É complicado de dizer algo sobre Madrid sem incluir essa parte…mas…posso dizer que, neste preciso momento, sou a pessoa mais feliz do mundo.
- Nã nã…essa sou eu.
- Impossível.
- Não é não. Tenho as duas pessoas que me fazem feliz nos braços…achas impossível?
- Sinceramente…acho.
- Dá-me uma boa justificação para isso.
- Tenho dois pais a 100%...
- Como assim?
- O meu pai tem estado mais próximo de mim e da minha mãe, vai abrir uma sucursal cá em Lisboa e quer mesmo que as coisas resultem.
- A serio? Que bom, princesa.
- É mesmo… mas como eu estava a dizer e para te provar que sou a pessoa mais feliz do mundo. Tenho o meu pai, tenho-te a ti, ao nosso filho que é a coisa que eu mais quero e desejo que cresça…tenho ou não tenho razões para ser a pessoa mais feliz do mundo?
- Tens pois…mas somos os dois. Somos nós.
- Somos nós.
- E que tal se dormisses? Dormíssemos? Os três.
- Sim…vais ficar…
- Fico até ao meio dia de amanha.
Apertei as nossas mãos, aconcheguei-me mais a ele e fechei os olhos numa de tentar adormecer. Ao inicio o Ezequiel estava continuava a falar com o bebé, baixinho, e a dar-me beijinhos, mas quando ele adormeceu, eu acabei também por adormecer.