sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

23º Capitulo: "- Os teus desejos são ordens"

Estávamos já a regressar à nossa suite quando o meu telemóvel começou a tocar. Retirei-o do bolso dos calções e atendi.
"- Pequeña!" - era o Sergio... desde que lhe tinha contado que tinha voltado com o Ezequiel nunca mais tinha falado com ele. 
- Sergio... - o Ezequiel olhou-me e fez sinal de que ia entrando - como estás? - sentei-me numa das cadeiras que estava no nosso varandim e fiquei a admirar toda aquela paisagem. 
"- Está tudo bem e contigo? Como está a tua mãe?" 
- Comigo está tudo bem e a D. Rosa também está boa. E os meus tios? 
"- Estão bons. Já têm saudades tuas... sempre vens cá para o mês que vem?" 
Esqueci-me completamente que falta apenas uma semana e meia para ser Agosto... o mês que costumo passar em Madrid. Sem o Ezequiel um mês!?
- Pois... em principio sim. 
"- Boa! Tens mesmo de vir... à um ano que não vens cá e não estás com o teu priminho."
- Tens razão... perdóname. Como está a Mariza? 
"- Está boa. Está a mandar beijinhos."
- Para ela também. 
"- Então e como é que vai tudo no salão?"
- Está tudo bem, hoje já foram para lá a Inês e a Mariana.
"- Então hoje já tiveste menos trabalho."
- Olha... não tive nenhum. Não estou em Portugal.
"- Não me digas que vens a caminho ter com o teu primo?"
- Não... também podia, juro que podia, mas estou na Grécia.
"- Onde!? A fazer o que!?" 
- Vim passar esta semana... género mini férias. Com o Ezequiel...
"- Estou a ver. Género, férias com o pombinho e esquecer tudo o resto, entendo."
- É algo do género, sim.
"- E como é que ele está?" 
- Está melhor.
"- Melhor? Então?"
- Ah... pois, ainda não sabes, esquece.
"- Mas vais contar-me?"
- Sim, mas se quiseres contar a alguém só à Mariza e aos meus tios, nada de ir espalhar a notícia no balneário do Real.
"- Chuta!" 
Contei tudo ao Sergio sobre o assalto à casa do Ezequiel e de como ele ficou. 
"- Wow... e tu, como é que te aguentas no meio disso tudo?"
- Se acontecesse o mesmo à Mariza só irias querer que ela voltasse a ser a mesma... julgo que quando uma pessoa ama outra é isso que faz. Cuida. 
"- Prima... que discurso"
- Se é para gozar é melhor dizer até amanhã!
"- Mas quem é que está a gozar! Tens razão no que dizes."
- Claro... apaixonado como estás concordas comigo. 
"- Que estás apaixonada..."
- Muito, Sergio! 
"- Tu sabes a minha opinião, eu não gostei do que ele te fez... mas se é com ele que estás e é a ele que amas, só posso estar com vocês e desejar-vos o melhor."
- Obrigada Sergio. 
"- E onde é que ele anda? Posso falar com ele um pouco?"
- Claro! Ele está ali no quarto, eu vou lá só um bocadinho.
"- Tá."
Levantei-me e fui até ao quarto. O Ezequiel estava deitado sobre a cama, só de boxers, a dormir. Voltei a sair para fazer mais à vontade. 
- Ele adormeceu...
"- Estou a ver que estraguei o momento."
- Não sejas parvo. Ele devia estar cansado.
"- Pois... com os stresses todos."
- Ya. 
"- Bem, então e tu, agora vais dormir também?"
- Pois... vou sim.
"- Então vá priminha, boas mini férias. Besos."
- Obrigada primo. Besos. Adoro-te."
"- Também te adoro, prima."
Desliguei a chamada e fui para o interior. 
O Ezequiel estava a dormir profundamente e não o ia acordar... isso nunca. Fui vestir o meu pijama e deitei-me a seu lado e passado alguns minutos adormeci.

--------------
Acordei com o Ezequiel a bater com a sua perna na minha com alguma força. Abri os olhos e ele estava outra vez a sonhar... ou melhor a ter um pesadelo. 
- Ezequiel... - chamei-o mas não consegui que ele acordasse - Ezequiel! - voltei a chamá-lo um pouco mais alto, mas não obtive qualquer tipo de resposta da parte dele. 
Comecei a desesperar ao vê-lo naquele sofrimento. Pensei rápido e dei-lhe uma estalada, que o acordou - tem calma, amor - ele olhou-me, voltou a fechar os olhos para de seguida falar: 
- Foi o mesmo sonho, Ana. 
- É só um sonho, Ezequiel. Nada mais. Estamos aqui só os dois - ele sentou-se também como eu e abraçou-me.
- Não sei se quero voltar a dormir. 
- Queres, queres! - deitamo-nos os dois lado a lado e dei-lhe um beijo. 


- Acabamos  por não por em prática nenhuma ideia - disse ele, como é que ele conseguia pensar numa coisa dessas agora... estava mesmo desesperado. 
- Não adormecesses enquanto falava com o Sergio. 
- Amanha não escapas. 
- Dorme, que o teu mal é sono e pesadelos a mais. 
Aninhamo-nos um no outro super agarradinhos e acabamos por adormecer. 

Na manha seguinte: 
Comecei a sentir os lábios do Ezequiel nos meus ombros. Haverá melhor maneira de acordar do que esta? 
- Bom dia - falei, com a voz a sair-me super fraca.
- Buenos dias, preciosa, isso é tudo falta de café? 
- É falta de café, de dormir mais um bocadinho, das tuas ideias de ontem à noite e de um beijo agora.
- Os teus desejos são ordens - o Ezequiel virou-me para ele e beijou-me. Estávamos numa de não desgrudarmo-nos um do outro, mas acabei por lhe morder o lábio, numa de terminar os beijos. 


- Tens algo programado para hoje? - perguntei. 
- Vamos em descoberta de Santorini.
- Vamos perder-nos portanto! 
- Um no outro? 
- Mas tu estás assim tão desesperado? 
- Não... - ele deu-me um beijo - vamos tomar um duche, vestir algo, convém, e vamos embora. 
- Vamos a isso. 
Levantamo-nos os dois e fomos tomar um belo de um duche bem juntinhos. 
Depois de sairmos os dois do banho, despachei-me a escolher algo para vestir, uma vez que o Ezequiel, de certo se despachava primeiro que eu. 
Depois de espalhar imensa roupa pela cama e de ouvir algumas bocas do Ezequiel, lá consegui arranjar o que tinha em mente para vestir. 

- Estou pronta - disse ao sair da casa de banho depois de me maquilhar. 
- Aleluia. 
- Olha... vais dizer que não valeu a pena esperar? - dei uma voltinha e fui até ele, que estava sentado na cama, beijando-o.
- Valeu pois! 
- Tu também estás muito sexy - ele tinha umas calças de ganga claras, com uma T-shirt bem justa ao corpo que o deixava com todos os seus pequenos detalhes bem definidos. 
Ele levantou-se, entrelaçamos as nossas mãos e saímos do nosso cantinho, saímos do hotel e começamos a caminhar não sei por onde, mas sítios magníficos. 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

22º Capitulo: Santorini

- Ana! Despacha-te! O Ezequiel já está lá em baixo à tua espera - como eu adorava que neste momento o tempo parasse... passei a manhã toda no salão a ajudar a Inês e a Mariana, duas grandes amigas minhas que iriam ser as minhas ajudantes. Marcamos a viagem para a Grécia ontem à noite, mas o Ezequiel insistiu para que fossemos hoje, segunda-feira. São 15:00h e o nosso avião é às 16:30h e eu ainda estou a por mais um conjunto de roupa na mala. Isto só mesmo coisas a mim. Despachei-me a por tudo para dentro da mala, ao molho, e sai do meu quarto indo até à sala onde estava a minha mãe. 
- Mãe! Já sabes, a Inês e a Mariana estão no salão, mas queria que passasses por lá para as ajudares, cuida bem do meu Lucky (tinha conseguido arranjar o nome para o meu bebé) eu amo-te muito, mãezinha - dei-lhe dois beijinhos e um abraço.
- Vai descansada. Aproveita estes dias com o Ezequiel, mas tenham juízo. 
- Sim, sim avozinha. 
- Não brinques comigo. 
- Eu não estou a brincar... és avozinha do Lucky. 
- Ai rapariga! Ganha juízo de uma vez! 
- Vou tentar. Mas vá, tenho de ir. Xau mamã - dei-lhe mais dois beijinhos.
- Depois avisa que chegaste bem... se não for por telefone, que seja por mail, facebook ou twitter, mas avisa. 
- Claro. Vá, beijinhos e vê se na minha ausência arranjas alguém. 
- Ana Maria! 
- Beijinhos. 
Levei as duas trolley's, sim eram duas: uma maiorzita com roupa e outra mais pequena com os sapatos; levei-as para o elevador e desci até ao rés-do-chão. 
Sai do elevador e fui até ao exterior do prédio. O Ezequiel estava a andar de um lado para o outro junto do carro. 
- Desculpa, desculpa amor - deixei as malas junto do carro, fui até ele e dei-lhe um beijo. Desde ontem que não o via e as saudades apertavam. Estar junto dele era agora uma necessidade de primeira.
- Não me digas que só agora é que fizeste as malas? 
- Não... eu fiz ontem à noite, mas ainda tive a por mais algumas coisas lá dentro... mas, vamos? 
- Sim, sim - o Ezequiel colocou as malas na bagageira e antes de entrarmos no carro acenamos à minha mãe, que estava à janela.
Depois de entrarmos para o carro, o Ezequiel rumou ao aeroporto. Eram já 15:36h. Tínhamos de nos despachar o mais depressa. Ainda tínhamos de ir fazer o check-in e eu queria dormir um pouco... estava completamente pedrada de sono, apesar da agitação do meu dia. 
Depressa chegámos ao aeroporto, fizemos o chek-in e embarcamos. Assim que o avião descolou demorei muito pouco tempo para adormecer.

-------------
- Amor? - ouvi a voz do Ezequiel chamar-me e senti uma mão dele percorrer a minha coxa.
Abri os olhos e olhei para ele que me sorriu. 
- Já chegámos? 
- Estamos a chegar. 
Endireitei-me no assento e espreitei a janela. 
- Isto ainda é mais bonito que nas fotografias. 
- Podes crer... é o paraíso na terra. 
- Não! Tu és o paraíso na terra - virei-me para ele e dei-lhe um beijo - esta vai ser a melhor semana das nossas vidas. 
- Melhor do que as que passamos em Espanha? 
- Muito melhor.
- Estou para ver isso - ele deu-me mais um beijo.
- Senhores passageiros estamos prontos a aterrar, coloquem os cintos e obrigada por viajarem na nossa companhia. 
Fizemos o que a assistente de bordo mandou e em menos de meia hora já estávamos com os pés bem assentes em Santorini, um arquipélago das ilhas Gregas.
Fomos levantar as nossas malas e fomos para o autocarro que nos iria levar para o nosso paraíso escolhido a dedo. 
Em menos de 10 minutos já estávamos no hotel onde iríamos ficar.
Fomos levantar a chave da nossa suite, era mais um género de casa, mas o Ezequiel insistiu. Tivemos de puxar do nosso inglês ferrugento porque nenhum de nós falava grego nem o recepcionista português ou espanhol. 
- Isto é lindo! - comentei quando chegámos ao nosso cantinho durante esta semana. 
- Podes crer...
- Vou avisar a minha mãe que já chegámos. 
- Tá bom. Eu levo as malas para dentro. 
- Levas as tuas... eu tenho duas mãozinhas que levam as minhas. 
- Qual é o mal de eu levar as tuas? 
- Nenhum, mas não és meu criado. 
Ele aproximou-se de mim e agarrou-me pela cintura.
- Sou teu namorado e não me custa nada ser cavalheiro - deu-me um beijo super estonteante. Ele parou o beijo, olhou-me e riu-se. Fez o que tinha na cabeça e levou as malas para o quarto. Eu aproveitei e tirei uma foto da vista que tinha do nosso quarto e publiquei-a no twitter para a minha mãe ver.
"Mamacita, nos próximos dias acordo com esta vista. Eu e o teu genro chegámos inteirinhos e a Grécia é linda. Besos. Te quiero."
Depois de tranquilizar a D. Rosa, comecei a mirar tudo o que podia esperar nestes dias.
Existia uma esplanada com espreguiçadeiras para todos os que estavam hospedados no hotel.


Mas nós tínhamos uma só para nós, juntamente com a piscina.



Era sem dúvida o paraíso e um sitio completamente romântico com vistas fabulosas. 


Entrei para o quarto e fiquei ainda mais fascinada. Era tão simples, mas ao mesmo tempo super romântico e totalmente a minha cara... acho que podia ter uma casa assim que não me importava nada.


- Isto é de deixar uma pessoa sem palavras - disse para o Ezequiel. 
- E tu ainda não viste a melhor parte. 
- Como é que pode haver melhor que isto? 
- Há pois! Um sitio que me deixou com algumas ideias. 
- Ideias... o que é que vem nessa cabeça? 
- Vem ver e diz-me que não pensas no mesmo - o Ezequiel agarrou-me pela mão e levou-me até à casa de banho. 


- E tu... queres por as tuas ideias em prática? - perguntei ao virar-me para ele. 
- Por mim é já! - ele caminhou comigo ainda mais para o interior da casa de banho.
- Então, mas vais ter de esperar... são horas de jantar e só depois é que é a sobremesa. 
- Em Espanha não te importaste de trocar a ordem... - disse beijando-me o pescoço. 
- Mas em Espanha, eu não tinha fome de comida - ele olhou-me e riu-se para de seguida me beijar. 
- Então vamos jantar e depois há direito a sobremesa aqui? 
- Podemos pensar nisso. 
- Então, anda - começamos os dois a caminhar e fomos até ao restaurante ao ar livre do hotel. 
Mais uma vez fiquei sem palavras com a paisagem... tínhamos vista para a zona das espreguiçadeira... este sitio é de tirar o fôlego a qualquer mulher sensível como eu. 


Tomamos calmamente o nosso jantar... estava um bocadinho vazio o restaurante, mas nós também estávamos a comer um bocadinho cedo, mas estava cheia de fome.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

21º Capitulo: "Lá porque acabas-te comigo e já estás com ela..."

A entrar pela porta do restaurante estava a Tamara, a ex-noiva do Ezequiel. Ela vinha sorridente e toda airosa, não entendi o porque da sua presença. Ela olhou-nos e avançou na nossa direcção. 
- Ela já sabe, certo? - perguntou o Gonzalo. 
- Sabe - o Ezequiel bufou e levantou-se. A Tamara finalmente parou quando chegou perto dele. 
- Buenas noches.
- Que háces aqui? 
- Desculpa se te vim estragar a noite, mas soube do que se passou.
- Como soubeste? 
- Jornais. 
O que?! Como é que está história toda tinha ido parar aos jornais? Ainda por cima em Espanha. Uma vez que o Gonzalo era de lá resolvi tirar a minha dúvida. 
- Tu sabias da história antes de cá chegares? 
- Não... eu fiquei a saber de manha, quando falamos no parque. 
- Então como é que ela sabe? 
- Não faço ideia. 
O Gonzalo começou a pesquisar no telemóvel e eu voltei a dar atenção à conversa. 
- Porque vieste? 
- Lá porque acabas-te comigo e já estás com ela - olhou para mim, voltando logo em seguida a dirigir-se ao Ezequiel - continuo a preocupar-me contigo. 
- Porque não vão falar para outro sitio? - sugeri... não era algo que me apetecesse, mas já estava o restaurante todo a olhar para nós e escusava-se de dar nas vistas. 
- A tua namoradinha até tem alguns neurónios. 
- Caso me lembre não lhe faltei ao respeito. 
- Desculpa!? Essa é para mim? 
- Eu não quero armar um escândalo aqui, porque não é essa a minha intenção. 
Virei-me de novo para a frente e olhei para o Gonzalo. 
- Não há notícias em lado nenhum do assalto à casa do Ezequiel. 
- Então como é que ela sabe? 
- Eu não faço ideia - mantivemo-nos atentos ao comportamento dos dois, que já estavam numa outra parte do restaurante. 
Passado um bom bocado a Tamara começou a encaminhar-se de novo para o sitio onde estávamos. 
- Continuação de um bom jantar - disse com um sorriso algo para o irritante na cara e saiu do restaurante. O Ezequiel voltou para junto de nós e sentou-se de novo ao meu lado. 
- Como é que a notícia já está toda em Madrid? 
- Não está Eze... - respondeu-lhe o Gonzalo. 
- Como não está? A Tamara sabe de quase tudo. 
- Pois, mas o Gonzalo andou a ver e não há nada sobre isto na internet. 
- É impossível... ela sabe de tudo! Tem de haver algo... só se foi ela que fez isto tudo.
Confesso que aquele pensamento já me tinha passado pela cabeça, mas o assaltante estava morto... como é que ela sabia? 
- Isso é quase impossível - comentei. 
- Não é assim tão impossível - começou o Gonzalo - poderiam ser mais que um... e ela saber. 
- Mesmo assim! Eu penso que ela não iria fazer nada disso... - acreditava no que dizia... se ela o amou/ama não deveria ser capaz de tamanha loucura.
- Podemos esquecer o que aconteceu? Eu não quero saber se ela sabe, como sabe ou o que fez... eu só quero esquecer o que se passou e aproveitar esta noite com vocês os dois. 
- Não vais insistir com ela? 
- Não... quero-a longe daqui. Longe da minha vida.
- Como queiras, mano. 
Continuamos a jantar dentro dos possíveis, mas à medida que o tempo e a garrafa do vinho iam avançando os ânimos iam ficando muito mais alegres e amistosos.
Acabado o jantar, já um pouco para o tarde, voltamos de novo para casa do Ezequiel. 
Estávamos a entrar quando o Gonzalo falou: 
- Mano, eu tenho de ir. Tenho avião daqui a nada.
- Já? Porque não ficas para amanhã?
- Não dá, tenho treino logo de manhã. 
- Oh... vai então. Para a próxima vamos nós lá a Madrid.
- Lá vos espero... - o Gonzalo dirigiu-se a mim e deu-me dois beijinhos - foi um prazer conhecer-te. Trata bem do mano.
- Vou tratar dele melhor do que me trato a mim mesma. 
- A tua miúda...
- Ei! Vê lá o que é que sai dessa grande boca - avisou o Ezequiel. 
- Só ia dizer que ela é uma querida.
- Ias, ias...
- Já não acreditas em mim?
- Acredito, mas quando estás 100% sóbrio. 
- Que exagerado! Bem, mas tenho de ir. 
- Queres que te vá deixar ao aeroporto? 
- Não. Eu vou de táxi. 
- Então vamos falando - o Ezequiel abraçou-o - foi bom ter-te cá hoje mano. 
- Eu também te amo, meu douradinho - desmanchei-me a rir, assim como eles os dois. 
O Gonzalo acabou por se começar a afastar de casa e nós entramos. 
Começamos a ir para a sala, mas o Ezequiel começou a ressentir-se e ficou tenso. 
- Queres ir antes para o teu quarto? - perguntei-lhe. 
- Não te importas? 
- Claro que não. 
- Então vamos. 
Fomos até ao quarto dele e acabamos por nos esticar em cima da cama. 
- Desculpa a cena da Tamara... 
- Tu não tens de pedir desculpa. Ela conhece-te, tu conhece-la e têm um passado que eu não posso apagar... simplesmente o posso tornar ainda mais passado. 
- Agrada-me essa ideia - ele beijou-me os lábios. Era um beijo ternurento e carregado de amor, todo o nosso amor - mas para tornares o passado ainda mais passado, não precisas de fazer muito mais. O teu perdão bastou. 
- Eu não quero que isto te afecte, mas acho que o teu estado de choque te deixou ainda mais perfeito. 
- Não me afectas... estás a dizer algo que eu já pensei. 
- Grande convencido ao achares-te perfeito. 
- Não é isso tonta - ele sorriu e retomou o raciocínio - aquela noite fez-me dar ainda mais valor às pessoas que amo e com quem quero estar. 
- Estamos de acordo - ele voltou a juntar os nossos lábios e prolongamo-lo um pouco mais do que o anterior. 
- Já tens alguma ideia para o destino da nossa viagem? - perguntou-me ele animado. 
- Ainda não tinha pensado muito nisso, mas podemos pensar em algo juntos. 
- Vou buscar o tablet - ele levantou-se, indo até à cómoda e vindo de lá com o tablet nas mãos. 
As nossas opiniões divergiam um bocadinho. O Ezequiel queria algo com campo e ar puro, eu queria mar, areia e sol. Depois de quase uma hora a "discutirmos" conseguimos chegar a um consenso e achar o lugar perfeito. De certo que seria a melhor viagem da minha vida. Com o homem que amo, num sitio lindo e sozinhos. Só eu e ele, sem ninguém para nos "chatear" e com a possibilidade de estarmos a beijarmo-nos sem pensar que está alguém ao pé. 

20º Capitulo: "...a Cinderela está demorada"

(Ana)
Redecorar a casa do Ezequiel e irmos de viagem parecem-me boas maneiras de tentar com que ele fique a 100%. 
Com a chegada de um rapaz junto de nós, o Ezequiel, de imediato, sorriu e prolongaram aquele abraço durante algum tempo.
- Fui à tua procura ao Benfica, mas eles disseram-me que estavas em casa com uns problemas - falou o rapaz quando o Ezequiel o largou.
- É... aconteceram aí uns stresses... mas como é que cá vieste parar? 
- Eles deram-me a tua morada e vim cá ter, estava meio perdido, mas acabei por ver os teus irmãos ali a brincar. 
- Nós viemos dar uma volta - o rapaz olhou para os pais do Ezequiel e foi cumprimentá-los - Ana? - o Ezequiel chamou-me, esticando a sua mão em direcção à minha. Eu levantei-me e fui junto dele - Gonzalo queria apresentar-te a Ana, a minha namorada; Ana é o Gonzalo, ex-companheiro do Real e um grande amigo meu. 
- Olá Ana - o Gonzalo veio ter comigo e deu-me dois beijinhos - muito gosto em conhecer-te.
- Igualmente. 
Percebi que a minha presença ali não lhe foi estranha... calculei que o Ezequiel já lhe tivesse contado as coisas. 
Acabamos por nos voltarmos a sentar e ficamos mais um bom bocado em conversa. O Ezequiel explicou o que se tinha passado e os nossos planos para um futuro muito próximo.
Fomos todos almoçar fora. Depois de almoço acabei por não ir com o Ezequiel para casa e fui antes até à minha, aproveitar para tomar um duche e trocar de roupa. 
Quando lá cheguei a minha mãe estava na sala com o meu cão. Com tudo o que se tinha passado, nem nunca mais me tinha lembrado dele. 
- Olá mãe! - dei-lhe dois beijinhos, sentando-me a seu lado e comecei a fazer caricias ao cão. 
- Então filha? Como é que está o Ezequiel? 
- Já está melhor. Agora está com o melhor amigo dele e com a família e eu aproveitei para vir tomar duche e trocar de roupa para depois ir jantar com o Ezequiel e o amigo. 
- Ainda bem. Fico contente por ele estar bem.
- Mãe... para a semana vou de viagem com ele. 
- Como assim? 
- Vamos 5 dias para fora... ainda não sabemos para onde, mas vamos. Para ver se ele se esquece do que aconteceu. 
- Ah! Fazem bem. 
Fiquei na sala com a minha mãe e com o meu bichinho a tentar-mos dar-lhe um nome, mas ainda não tinha nenhum que se apropria-se a ele. 
Quando eram 18:00h fui tomar duche e vestir-me.
Despedi-me da minha mãe e sai de casa. 
Conduzi até casa do Ezequiel, toquei à campainha e quem me abriu a porta foi a Ayelen. 
- Olá - dei-lhe dois beijinhos e entrei. 
- És mais despachada do que o meu filho, ainda está a escolher a roupa. 
- Deixe-o estar.
Fomos as duas até à sala onde estava o Juan e o Gonzalo. 
- Olá - cumprimentei cada um deles e acabei por me sentar ao lado do Gonzalo. 
- Parece que a Cinderela está demorada - comentou o Gonzalo. 
- Também não sei o que lhe está a dar - concordou a Ayelen.
- Deixem o rapaz! Ele só quer estar à altura da namorada - atirou o Juan, deixando-me completamente sem jeito. 
- Não diga isso... - senti-me a ficar vermelha que nem um tomate. 
- Mas é verdade. Estás muito bonita, Ana - concordou a Ayelen.
- Vocês vão deixar-me sem jeito. 
E nisto aparece o Ezequiel. Vinha de fato e gravata, todo arranjadinho e cheiroso. 
Despedimo-nos dos pais dele e saímos rumo a um restaurante ali na zona de Oeiras. 
A nossa chegada lá, foi tudo menos tranquila. Imensos paparazzi, super confusão e uma mistura de tentarem saber quem eu era, com o porque do Gonzalo ali estar.
Acabamos por entrar no restaurante e começarmos uma refeição mais tranquilamente. 
A meio dessa, o Gonzalo, que estava virado para a porta ficou com uma cara de poucos amigos.
- Que se passa Gonzalo? - perguntou o Ezequiel. 
- Não sei, mas não vem daí coisa boa. 
Eu e o Ezequiel olhamos para trás e acabei por ter a mesma sensação... não vinha daí coisa boa. 

domingo, 23 de dezembro de 2012

Queridas leitoras...

Quero desejar-vos um FELIZ NATAL e umas óptimas entradas em 2013. 
Que todos os vossos sonhos se realizem, é o meu desejo para vocês para este próximo ano que se avizinha.

Quero também deixa-vos aqui uma prendinha :D 

Comecei uma nova história com uma leitora a Rita Carvalho, e quero partilhá-la convosco. 


Espero que gostem e que demonstrem o vosso apoio como tem demonstrado com esta.



Beijinhos e mais uma vez FELIZ NATAL


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

19º Capitulo: "Em piores figuras está o meu irmão"

(Ezequiel)
Sem qualquer dúvida esta era a pior experiência da minha vida... é a pior sensação que se pode sentir. Saber que ou disparavas para a outra pessoa ou morrias tu, é algo indescritível e impossível de superar com a facilidade que se recupera apenas de um simples assalto.
Cada vez que fechava os olhos era a imagem do homem esvaindo-se em sangue que me vinha à cabeça e, por isso, tentava não adormecer... pelo menos até à chegada da Ana a minha casa. Quando, pela primeira vez, ela apareceu no meu quarto foi como se uma parte de mim quisesse correr para ela e explodir tudo o que sentia naquele momento, mas a outra parte que me estava a afectar impediu-me de fazê-lo. Era como se estivesse bloqueado e sem conseguir reagir a nada.
A nada menos à Ana... nem eu sei explicar, mas quando ela estava perto de mim conseguia fazer algumas coisas que com a minha mãe ou o meu pai não conseguia. Foi talvez por isso que consegui afastar-me da ideia de que iria ficar assim para sempre e que tudo o que tinha construído até agora se desmoronou.
Depois de uma noite um pouco atribulada ao inicio, a manhã não podia ser melhor. Sentia-me bem e com vontade de fazer algo. A Ana estava a dormir tranquilamente a meu lado e decidi não a acordar... não só por me lembrar que ela tem um acordar um bocado difícil, mas ela deveria precisar de descansar.
Levantei-me da minha cama e fui até ao andar debaixo... ao chegar à sala todas aquelas imagens daquela noite me vieram à cabeça e o facto de algumas coisas da sala ainda não estarem no sitio certo não facilitaram. Senti-me zonzo, mas avistei a minha mãe a vir do corredor que dava acesso à cozinha.
- Filho! - fui ter com ela e abracei-a.
- Buenos dias, madre.
- Buenos dias - ela olhou-me e via-se que estava surpreendida - estás bem? 
- Sim, mãe. Dentro dos possíveis, mas podemos ir antes para a cozinha? 
- Claro, vamos, vem tomar o pequeno-almoço connosco - fomos os dois para a cozinha e quando lá cheguei os meus irmãos vieram logo abraçar-me.
- Estás bem mano? - perguntou a Floréncia.
- Vou ficar Flor. 
- E a Ana? - interrogou o Ignácio.
- Ela está a dormir lá em cima. 
- Ela dormiu contigo? 
A risota com aquela pergunta do meu irmão foi mais que muita, sentamo-nos à mesa, depois de cumprimentar o meu pai.
- Filho... a Ana é namorada do teu irmão - falou a minha mãe.
- E é bom para o mano dormir com ela? - não sei o que se estava a passar com os miúdos que só faziam perguntas estranhas e fáceis, mas difíceis de lhes responder.
- Mas o que é que vos deu hoje? - perguntei.
- Nada... mas como já não estás com a Tamara e já estás com a Ana... é estranho - respondeu-me o Ignácio.
- Isso quer dizer que eu já não gostava da Tamara... e que sempre gostei da Ana. 
- E ela gosta de ti também! - afirmou super animada a Flor.
- Ai sim? 
- Sim, ela foi muito querida contigo. Ficou sempre deitadinha a teu lado quase a cair para o lado com o sono. 
- Como é que sabes disso?
- Eu espreitei no teu quarto ontem à tarde quase noite e vi. 
- Flor! Isso não se faz - repreendeu a minha mãe.
- Mãe... não tem mal - afinal, ela só estava a dizer aquilo que todos sabíamos.
Começamos a tomar o pequeno-almoço. Os meus irmãos estavam super bem dispostos, os meus pais ainda um pouco preocupados, e eu sentia-me bem, ali, com eles.
- Ayelen!? Juan!? - começamos a ouvir a Ana gritar pelos meus pais na sala. Ela gritava completamente desesperada. Os seus chamamentos começaram a ouvir-se cada vez mais perto, e foi então que ela entrou na cozinha. Ela respirou fundo e fechou os seus olhos para de seguida os voltar a abrir e fixá-los em mim.
- Tem calma Ana... estou bem - falei. Ela veio ao meu encontro e enrolou os seus braços ao meu pescoço, dando-me um beijo na bochecha.
- Assustei-me.
- O mano está bem Ana - falou a Floréncia.
- Pois... agora já vi que sim. Desculpem a gritaria. 
- Não tem mal, querida - a minha mãe sorriu e mostrava-se muito cúmplice com a Ana.
- Eu vou lá acima... trocar de roupa - ela estava envergonhada, estava com uns calções meus do Benfica e uma T-shirt, também minha.
- Deixa... come qualquer coisa - falei.
- Nestas figuras? 
- Em piores figuras está o meu irmão - atirou do nada o Ignácio. Eu estava só de boxers, mas era do hábito de não ter tanta gente em casa.
- Lá isso é verdade! - ela concordou com o meu irmão.
- Vá, Ana, senta-te para comer - a Flor levantou-se e puxou a Ana para se sentar na sua cadeira.
- Floréncia... eu posso sentar-me ali ao lado do teu mano.
- Mas eu queria que te sentasses aqui... pode ser? 
- Claro - a Ana sentou-se e a Flor sentou-se ao seu colo.
- Não és um bocadinho grande para estar ao colo? - perguntei-lhe.
- Ezequiel, deixa estar a menina - a Ana falou por ela e as duas acabaram por se dedicarem à comida.

Ficamos por casa toda a manha, mas estava a precisar de sair dali.
- Que me dizem se formos até ao parque? - perguntei a todos na sala.
- Achas que estás bem para sair de casa? - interrogou a minha mãe.
- Sim... estar aqui não me está a fazer bem.
- Então vamos! - a Ana, acabou por se pronunciar e levantou-se de seguida.
Prepararmo-nos todos para sair de casa e assim fomos até um parque que ficava mesmo no virar da esquina de minha casa. Os meus irmãos estavam super animados, indo mais à frente de mãos dadas aos meus pais, e eu ia com a Ana mais atrás e íamos agarrados um ao outro. A Ana com um braço dela em volta da minha cintura e eu com o meu braço na cintura dela.
- Custa-te muito estar naquela sala? - perguntou ela.
- Um bocado.
- Achas que se a redecorássemos ajudava? 
- Poderia ajudar. 
- Então vamos pensar nisso. 
- Obrigada. 
- Só tens é que te sentir bem na tua casa... e isso não está a acontecer - os meus pais já estavam sentados numa mesa género de piquenique e nós sentamo-nos também.
- A Ana teve uma ideia... - comecei.
- Podíamos redecorar a sala do Ezequiel... a ver se ele se sentiria melhor lá. 
- Acho que sim - concordou a minha mãe.
- Então, fica descansado. Eu e a tua mãe tratamos disso - falou o meu pai.
- Eu também posso ajudar - disse a Ana - se bem que... estou a ter outra ideia. 
- Partilhas? - questionei.
- O Benfica já sabe do que se passou? 
- Sim... eles deram-me uns dias.
- Quantos? 
- A próxima semana toda porque? 
- Eu não quero que pensem que lhes quero roubar o filho... mas não sei, talvez podessemos ir viajar.
A Ana estava com umas ricas ideias e vi pelas expressões dos meus pais que concordavam com tal.
- Podiam pensar nisso - falou a minha mãe.
- Eu só tenho de estar cá na segunda por causa das meninas que vão entrar para o salão, mas depois podemos ir. Basta quereres amor.
- É claro que quero!
- E aguentam-se sozinhos? Não será demais para ti Ana? - perguntou o meu pai.
- Não. Nada disso. Deve fazer bem... aos dois. 
- Então amanha comecei a preparar a viagem que enquanto estiverem fora nós mudamos a casa.
- Combinado!
Penso que nem que fossemos para um sitio que fosse a 5 minutos da minha casa me iria fazer muito melhor do que estar em casa.
Nisto os meus irmãos vêem ter connosco.
- Olha quem é que nós encontramos, mano! - a Floréncia falou e de imediato olhamos para a tal pessoa que vinha com ela.
Confesso que não esperava de todo que tal pessoa ali estivesse nem fazia a mais pequena ideia de como é que ali tinha vindo parar, mas fiquei super feliz e abracei-o de imediato.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

18º Capitulo: "Eu matei uma pessoa"

Aguardei por algum tipo de resposta por parte do Ezequiel, mas nada... ele não movimentou um único músculo do seu corpo.
A Ayelen voltou da cozinha com um tabuleiro nas mãos.
- Pedi-lhe que se sentasse, mas não consegui nada. 
- Temos de ir com calma... - e nisto o Ezequiel levanta o seu tronco, ficando sentado na cama - filho... - a Ayelen pousou o tabuleiro em cima da cama e foi junto do Ezequiel para lhe beijar a testa de seguida.
- Será que ele vai comer alguma coisa? 
- Vamos tentar.
Peguei no prato da sopa e comecei a pedir ao Ezequiel que me fosse ajudando. Ele acabou por comer alguma coisa, o que já não foi nada mau. Depois de comer, voltou a deitar-se e eu fui com a Ayelen até ao andar debaixo para ligar à minha mãe:
"- Filha! Então o que é que se passou com o Ezequiel?" - perguntou ela assim que atendeu a chamada.
- Ai mãe... ele está em estado de choque. Tentaram assaltar-lhe a casa ontem à noite e ele acabou por confrontar o assaltante e como o assaltante tinha uma pistola... o Ezequiel disparou sobre ele. 
"- Ai... coitado. Nem consigo imaginar como seria... e a família dele? Como está?"
- Estão mais ou menos... são positivos, mas...
"- O que, amor?"
- O Ezequiel parece estar dependente de mim... e eu não sei, mas tenho medo de não conseguir ser o suficiente para ele, para a família dele e... para mim. Eu não sei se aguento continuar a vê-lo assim. 
"- Filha, é claro que és mais que suficiente. Se ele te quer ao pé dele, é ao pé dele que tens de estar... e se tu não te aguentares tens-me a mim."
- Obrigada mãe... olha, eu só capaz de passar cá hoje a noite e o dia de amanhã.
"- Claro! Fica sim e apoia muito o Ezequiel... olha, é verdade, já tratei de tudo com o cão. É teu."
- A serio? Obrigada mãe... como é que ele está?
"- Está óptimo, mas agora não te preocupes com nada. Só com o Ezequiel e contigo."
- Obrigada mãe... vou desligar. Vou ver como é que ele está. 
"- Vai, vai lá. Manda muita força à família."
- Será entregue. Beijinho mãe.
"- Beijinhos meu amor."
Desliguei a chamada e fui ter com a Ayelen à cozinha.
- A minha mãe manda-lhe muita força neste momento. 
- Agradece-lhe por mim querida. 
- Não tem de agradecer nada - fui ter com ela e dei-lhe um abraço.
- Será que o Ezequiel adormeceu?
- Pode ser que sim... vamos lá ver.
A Ayelen passou à minha frente e eu segui-a.
Chegando à sala o nosso espanto não poderia ser maior. O Ezequiel vinha a descer as escadas.
Vinha desnorteado... estava com um ponto fixo no olhar e cambaleava ao andar. Passou pela mãe sem nada lhe fazer e/ou dizer. . . veio até junto de mim e, devido à nossa acentuada diferença de alturas, curvou-se, enterrando a sua face no meu pescoço e abraçou-me.
- Não me deixes - falou para de seguida eu começar a sentir o meu pescoço húmido... ele estava a chorar. Passei-lhe com as minhas mãos ao longo das suas costas e pousei-as no fundo das mesmas.
- Eu estou aqui meu amor... estou aqui para ti - ele não me largava e eu também não o deixei. A mãe dele acabou por se aproximar, colocou uma das suas mãos nas costas dele e deu-lhe um beijo.
- Porque não te sentas ali no sofá, Ezequiel? - ele abanou negativamente com a cabeça, continuando agarrado a mim.
- E se eu me sentar contigo? - perguntei-lhe, para que pudesse ficar mais confortável.
Ele olhou-me e, agarrando-me pela mão, começou a caminhar para o sofá. Ficámos os dois sentados lado a lado, com ele a colocar a sua cabeça no meu ombro e entrelaçando a mão dele com a minha. A Ayelen sentou-se à nossa frente e sorria.
- Nota-se perfeitamente que só lhe estás a fazer bem.
- Só quero que ele volte a ser o nosso Ezequiel rapidamente.
- E vai voltar... só o já responder às nossas perguntas é fantástico. 
- Acha que... não sei, talvez fosse melhor ficar cá à noite? 
- Claro! É melhor sim... acho que era capaz de ser bom para ele. 
Ficamos as duas a falar e o Ezequiel ia-se movendo como que a pedir carinho. Entretanto chegaram a casa os irmãos e o pai do Ezequiel. Os meninos ficaram super felizes por ver o irmão sentado na sala, mas perceberam que ele ainda não estava de volta. A Floréncia sentou-se ao meu colo e o Ignácio ao lado do Ezequiel e deram-lhe muitos miminhos.
- Estou a ver que se conseguiu um avanço... - falou o pai do Ezequiel.
- A presença da Ana despertou o interior do Ezequiel, Juan - comentou a Ayelen.
- É muito bom saber isso.

Naquela noite:
Passamos o resto do dia entre falarmos sobre nós e dar carinho ao Ezequiel
Acabamos por jantar todos na sala de jantar, incluindo mi hombre. Depois de jantarmos ajudei a Ayelen a arrumar a cozinha enquanto que o pai do Ezequiel o levou para o quarto.
Depois de estar tudo arrumado, despedi-me da Ayelen e dos meninos e fui para o quarto.
Quando lá cheguei o Ezequiel já estava deitado sobre os lençóis, apenas em boxers uma vez que estava uma noite super quente de verão.
Abri o roupeiro dele e saquei de lá uma camisola e uns calções dele para vestir. Quando estava pronta deitei-me ao lado dele. De imediato chegou-se para junto de mim... como se fosse o seu iman.
Apesar do imenso calor que se fazia sentir, permanecemos completamente agarrados um ao outro.
Ele ainda estava super acordado e olhava-me.
- Podes dormir amor. Quando acordares estarei aqui.
Ele encostou a sua cabeça ao meu peito e passado algum tempo ele acabou por adormecer e eu fiz o mesmo.

-  -  -  -  -

Sentia o Ezequiel super agitado na cama.
Abri os olhou e ele estava a dormir, mas deveria estar a ter um pesadelo. Fazia uns barulhos estranhos e chorava.
Coloquei-me de joelhos ao pé dele e acabei por acordá-lo... não o iria deixar continuar naquele sofrimento. Ele assim que abriu os olhos fixou-os nos meus continuando a chorar.
- Eu estou aqui... foi só um mau sonho amor. 
- Ana... - ele sentou-se na cama e puxou-me para ele, abraçando-me - eu matei uma pessoa. 
Eu olhei-o e o seu olhar estava diferente. Estava ali o meu Ezequiel... ele chorava e os seus olhos estavam brilhantes e tristes.
- Ezequiel... - decidi tentar desenvolver uma conversa com ele - não poderias ser tu a morrer.
- Mas... - ele estava ali e queria falar comigo.
- Amor... - pousei-lhe a minha mão junto do seu coração, estava acelerado - era uma pessoa má e estava a fazer-te mal... eu faria o mesmo. 
- Fazias mesmo? 
- Sim... e sabes que mais? Foste muito corajoso. 
Ele voltou a abraçar-me e parou de chorar... comecei a temer que tivesse desligado outra vez.
- Obrigado - disse ele, aliviando-me.
- Porque me agradeces? 
- Por seres minha... pelo dia de hoje. Sei que estarei ligado a ti até ao fim da minha vida e se não fosses tu... quando te vi hoje... uma parte de mim queria ter conseguido chorar logo, falar contigo... abraçar-te. Mas havia como que uma parede entre mim e tudo o resto... senti-me tão sozinho. 
- Ei... shiu - coloquei as minhas mãos na sua face - não estás nem nunca vais estar sozinho, ouviste? E não me tens de agradecer de nada... eu só te queria de volta. Quero-te aqui, quero que sejas o meu Ezequiel... eu sei que os próximos dias vão ser difíceis  mas se no fim de tudo voltares a ser o mesmo é só por isso que espero. 
- Eu amo-te. 
- E eu amo-te a ti - o Ezequiel aproximou-se de mim e deu-me um beijo nos lábios - vamos descansar agora? 
- Vamos tentar... - eu sai do colo dele e deitei-me a seu lado, ficando muito aconchegada nele, e preparei-me para voltar a adormecer.
O Ezequiel deu-me mais um beijo nos lábios, aproximou-se ainda mais de mim e acabamos por adormecer.

Na manha seguinte: 
O resto da noite foi tranquila para o Ezequiel. Eu ainda acordei algumas vezes, quando ele se mexia, mas ele estava sempre a dormir tranquilamente. Não sabia ao certo que horas eram mas acabei por acordar quando me apercebi que era manha.
Abri os olhos e comecei a sentir o meu coração bater tão aceleradamente e parecia que me ir sair pela boca. Comecei a ficar desesperada e sem saber para que sitio ir.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

17º Capitulo: "... e tens-me a mim"

(Ana) 
Os sábados são os meus dias preferidos... são o dia de descanso. O dia em que não faço nada e é antes de Domingo que é significado que tenho de ir trabalhar cedo no dia seguinte.
Apesar de ser sábado, levantei-me mais cedo do que é costume para ir ao veterinário com o bichinho.
Estava quase despachada quando reparei nas 20 chamadas não atendidas no meu telemóvel do Ezequiel. Achei super estranho, sobretudo por serem todas a partir das 3 da manhã.
Decidi ligar-lhe antes de sair. Iniciei a chamada e dois bip's depois atende:
"- Ainda bem que telefonas Ana." - falou a Ayelen. Foi então que o meu coração disparou... teria acontecido alguma coisa?
- Ayelen... passa-se alguma coisa com o Ezequiel? 
"- Passa sim, Ana. Mas mantém-te calma... ele precisa que estejamos calmos por ele. Vem cá a casa, se puderes."
- Claro que posso... mas o que é que aconteceu? 
"- Eu depois falo melhor contigo quando cá chegares pode ser?"
- Claro... eu vou já para aí.
"- Obrigada querida."
- Não me agradeça... até já. 
"- Até já, Ana."
Desliguei a chamada e apercebi-me que estava toda a tremer. Fui até ao quarto da minha mãe, que ainda dormia. Fui junto dela e acordei-a.
- Que se passa Ana? 
- Desculpa acordar-te mãe... mas aconteceu alguma coisa ao Ezequiel, falei agora com a mãe dele e vou lá a casa. 
- Mas o que é que se passou? 
- Não sei... ela não entrou em detalhes. 
- Vai lá! E quando souberes de alguma coisa diz. 
- Claro... faz-me um favor. Leva o cãozinho ao veterinário. 
- Vai descansada, eu trato disso tudo e tu trata de ver o que se passa com o Ezequiel. 
- Até logo mãe. 
- Vai com cuidado, amor. 
- Sim - dei-lhe um beijo na testa e sai de casa.
Todo o caminho ponderei sobre os possíveis cenário que poderia encontrar... estaria doente? Teria a Tamara aparecido? Tudo me passou pela cabeça, mas o desespero era tanto que acabei por chegar a casa dele em menos tempo do que o normal... o acelerador do carro estava com bastante utilidade hoje.
Assim que cheguei ao portão da casa dele, a Ayelen abriu-mo, eu entrei e ela abraçou-me.
- Ayelen... que se passa? 
- Ai... Ana, eu nem sei - ela olhou-me e estava visivelmente preocupada - mas anda... vamos entrar. 
Ela apoiou-se em mim e entramos as duas em casa do Ezequiel. Reparei que estavam algumas coisas fora do sitio e o ambiente estava estranho. Fomos até ao sofá e sentamo-nos as duas lado a lado.
- Diga-me... o que se passa? 
- Algo que só pensamos acontecer aos outros... foi esta noite. Quando eu subi mais o Juan, nós viemos dormir, mas quando era 1:45h ouvi um estrondo enorme vindo da sala. 
- O Ezequiel, ele deixou-me em casa por volta da 1:10h. 
- Ele tinha estado contigo antes? 
- Sim... ele foi levar-me a casa. Mas porque? 
- Eu e o Juan acabamos por vir ver o que se passava e a casa estava bem pior do que está agora... era um assalto. 
- Foram assaltados?! 
- Não chegaram a levar nada, porque o Ezequiel chegou.
- E ele viu quem eram os assaltantes? 
- Aí é que está o mal... ele quando chegou, o assaltante, era só um, estava na sala. 
- E... confrontaram-se? 
- Sim... o Ezequiel está cheio de hematomas, mas ele está em choque.
- Em choque? 
- Sim... o assaltante estava armado... e no meio da briga, acho que o Ezequiel conseguiu ficar com a arma em posse dele e acabou por disparar sobre o homem. Quando eu cheguei à sala mais o Juan... ele estava totalmente fixado no homem e com a pistola na mão... ele não responde a nada, está completamente em estado de choque. 
A minha cabeça deu uma volta de 360º e a única coisa que eu mais precisava era de vê-lo.
- Foi o médico que lho disse? 
- Sim... nós fomos com ele ao médico, e a policia também diz que é o mais normal nestes casos. 
- Policia? O Ezequiel só se estava a defender!!
- Sim, eles percebem isso, mas têm de abrir a investigação na mesma.
- E os meninos? Eles aperceberam-se? 
- Sim... o Juan foi dar um passeio com eles. Ana... custa-me tanto ver o meu filho assim... - a Ayelen começou a chorar e eu amparei-a nos meus braços.
- Tenha calma... vai ficar tudo bem. 
- Logo agora, que estávamos tão bem...
- E vamos ficar. O Ezequiel vai ultrapassar isto e nós estamos com ele... onde é que ele está? Ficou no hospital? 
- Não-não - a Ayelen limpou as lágrimas e olhou-me - ele está no quarto dele. Não sai de lá. Nós levamos-lhe a comida, mas ele nem comer quer. 
- Importasse que vá lá? 
- Claro que não... sabes onde é? 
- Sei sim.
- Então vai filha... vai, eu fico por aqui. Pode ser que ele tenha alguma reacção contigo.
- Eu vou ver se posso fazer alguma coisa - levantei-me do sofá e subi até ao andar superior da casa.
Ia pensando em como é que o poderia encontrar... não sabia se iria estar preparada, mas de uma coisa sei... estou preparada para o amparar.
Abri a porta devagarinho, entrei e voltei a fechá-la.
O Ezequiel estava deitado na sua cama, virado para o lado da janela. Estava com os olhos abertos, mas via-se que estava distante... parecia mesmo que não estava no seu corpo.
Eu aproximei-me ainda mais da cama, ficando de frente para o Ezequiel. Ajoelhei-me e agarrei numa das suas mãos. Os seus olhos fecharam-se para de seguida uma lágrima lhe escorrer pela face.
- Eu estou aqui, mi hombre, estarei sempre aqui - beijei-lhe a mão, limpando-lhe a água que escorria pela face em forma de lágrimas intensas - sei que não vais conseguir falar nos próximos dias... mas eu estou aqui. Estarei com a tua mãe, o teu pai e os teus irmãos. Mas, tens de me prometer que vais voltar. Vais voltar porque tens a tua mãe que está desesperada, o teu pai e os teus irmãos que assistiram a tudo... e tens-me a mim. E eu quero-te ter a ti como o Ezequiel de sempre.
Os olhos dele, que estiveram sempre fechados, abriram-se para continuarem da forma como os encontrei... longe.
- Vou ter com a tua mãe... eu já volto - levantei-me, dei-lhe um beijo na testa e preparei-me para sair... quando:
- Reina... - o Ezequiel falou quase como num sussurro. Voltei para junto dele, mas continuava na mesma... parecia que eu tinha sonhado com aquilo, mas não... ele tinha falado. Agarrei-lhe de novo na mão e apoiei a minha cabeça nela.
- Eu estou aqui, Ezequiel. 
- Reina... - eu sabia que ele tinha falado. Voltei a olhar para ele, mas continuava a não expressar nada. Acabei por me levantar, dei a volta à cama e deitei-me a seu lado, abraçando-o.
- Eu estou aqui - ia-lhe dando vários beijos na cabeça e ele ia repetindo várias vezes a palavra reina. Não sei ao certo quando tempo passou, mas a mãe dele acabou por entrar no quarto.
- Ana... então? 
- Custa tanto vê-lo assim... mas eu acho que ele não quer que eu saia daqui... quando eu ia a sair... ele chamou-me. 
- Chamou!? Ai... nem sabes como isso é bom - a Ayelen sentou-se junto de mim - o médico disse que ele precisava de tempo, mas que iria de certeza precisar de um estimulo interior e que fosse algo com muito significado para ele... e foste tu. 
- Eu só queria que ele parecesse mais... presente. 
- Eu sei... eu também. Achas que se experimentasses tu fazer com que ele comesse resultaria? 
- Podemos tentar...
- Vou buscar qualquer coisa - a Ayelen saiu do quarto e eu voltei-me para o Ezequiel.
- A tua mãe foi buscar comida... precisas de te alimentar. Consegues sentar-te... por mim? 

16º Capitulo: Bichinho

(Ezequiel)
A conversa com o meu agente estava a demorar um bocadinho mais do que o previsto e a Ana estava quase a adormecer no sofá. Quando terminei a chamada, aproximei-me mais para junto dela, que se aninhou pronta para adormecer.
- É melhor ires deitar-te...
- Levas-me a casa? - a sua voz estava completamente longe.
- Não queres ficar por cá? 
- Eu ficava... mas a minha mãe não tem chaves de casa e deve estar a chegar do trabalho. 
- Então, vamos... eu levo-te. 
- Ezequiel... mais um favorzinho - ela olhou-me - antes de me pores em casa, podes passar no salão? Preciso de ir lá buscar o carregador do telemóvel. 
- Claro.
- Vamos, então? 
- Sim - levantamo-nos os dois do sofá e saímos de minha casa. Entramos no meu carro e tratei de ir até ao salão da Ana. Parei o carro mesmo à porta.
- Que é aquilo? - a Ana estava a olhar para a porta do salão e saiu do carro. Estava uma caixa junto da porta.

(Ana) 
Assim que chegámos ao meu salão vi uma caixa de cartão junto à porta. Apressei-me a sair do carro, mas ao mesmo tempo fiquei com receio do que pudesse estar lá dentro. Nisto, o Ezequiel apareceu a meu lado.
- Será que é um bebé? - perguntou ele.
- Ai credo! Isso não! Que é que fazemos? 
- Queres que abra? - e se fosse mesmo um bebé? Se há coisa que não suporto são mães e pais que abandonam os filhos...
- E se for mesmo um bebé? 
- Vamos ver - o Ezequiel começou a aproximar-se da caixa e baixou-se para a abrir.
- Então... é o que? - perguntei, ainda sem me conseguir aproximar junto dele.
- Vem ver...
- Só se não for um bebé.
- Se te digo para vires, é porque podes. 
Aproximei-me do Ezequiel, ainda que com algum receio, mas assim que vi o que estava na caixa fiquei super feliz.
- Que lindo! - era simplesmente o ser de quatro patas mais fofo que alguma vez tinha visto. Baixei-me junto dele e peguei-o ao colo - Olá bebé... quem é que foi o parvalhão que não te quis? - falei para ele, era um menino.
- Era melhor levá-lo ao veterinário. 
- Deixaram mais alguma coisa na caixa? 
- Comida. 
- Ao menos não deixaram o bichinho sem comidinha. Amanhã será que está algum veterinário aberto? 
- Penso que sim... é sábado, mas mesmo que seja só de manhã devem de estar aberto. 
- Então eu amanha levo-o. 
- E onde é que o vais deixar esta noite? 
- Fica em minha casa. Vou lá dentro buscar o carregador - passei o cachorrinho para o colo do Ezequiel, abri a porta do salão, fui buscar o que me interessava e voltei a fechar o salão - dá-mo cá - pedi ao Ezequiel que me devolvesse o cão. Ele assim o fez.
- Queres levar também o comer que está ali? É ração dentro de um saco. 
- Sim, é melhor levarmos, ele pode ter fome durante a noite. 
- Vai entrando no carro - eu assim fiz e levei o cãozinho comigo para dentro do carro do Ezequiel.

(Ezequiel)
Os olhos da Ana quando viram o cão brilharam de uma maneira que lhe era tão característica  vendo-se perfeitamente que estava apaixonada pelo bicho. Depois de ir recolher a ração que deixaram na caixa, voltei para o carro.
Ela estava a fazer festinhas, a dar-lhe beijinhos e falava-lhe qualquer coisa em sussurro.
- Não seria melhor... não sei, não te apegares tanto a ele? 
- Achas que não me deixam ficar com ele? - sabia perfeitamente que era o que ela queria. Ela queria que aquele cão fosse dela e estava a começar a apegar-se a ele.
- Não sei... - respondi-lhe sinceramente.
Ainda ficamos algum tempo no carro parados a contemplar aquela miniatura. Ele também já se estava a apegar à Ana e era a coisa mais ternurenta que alguma vez tinha visto.
A Ana acabou por me ir dando as coordenadas para chegar a casa dela e em menos de meia hora já lá estávamos  Deixei-a à porta do prédio, e ela subiu para sua casa com o animal ao seu colo.
Eu voltei para casa e, depois de estacionar o carro entrei. Apanhei um susto de morte quando cheguei à sala.

(Ana)
Depois de o Ezequiel me deixar à porta de casa, eu entrei no prédio com a miniatura ao colo e fui de elevador até ao andar de casa. Coloquei o cão no chão para verificar se ele estava bem. Ele acabou por se sentar, mas no momento em que o elevador abriu quando chegamos ao andar ele começou a andar sem que lhe dissesse alguma coisa.
Ele foi para o lado errado de onde era a porta de casa. Eu fui até à porta e comecei a pedir-lhe que viesse comigo. Ele veio, super depressa com as orelhitas a abanarem todas... era a coisa mais fofinha.
Entramos os dois em casa e eu fechei a porta. Fui até à cozinha arranjei duas caixas das mais antigas que tinha lá e numa coloquei água e noutra comida. Assim que coloquei no chão ele foi logo direito à água.
- Tadinho... será que estavas ali à muito tempo? - falei sozinha, mas fui interrompida pelo som da campainha. Era a minha mãe.
Depois de lhe abrir a porta e de lhe contar o que tinha achado, ela ficou super contente com a ideia de pudermos vir a ter um cachorro em casa.

Na manha seguinte: 
Ouvi o "meu" bichinho a chorar. Ele tinha ficado no meu quarto numa mantinha. Fui até à ponta da minha cama e ele estava apoiado nas duas patas de trás a tentar subir.
- Onde é que tu queres ir bicharoco? 
Ele começou a dar-me beijinhos e eu acabei por pegar nele ao colo e levantar-me. Tinha de o levar ao veterinário.

(Ayelen - mãe do Ezequiel) 
Acordei sobressaltada com um estrondo enorme vindo do andar debaixo da casa. Olhei para o relógio e marcava 01:45h. Fiquei assustada e acordei o meu marido.
- Que se passa? - perguntou ele.
- Aconteceu alguma coisa... veio um estrondo lá debaixo. 
- Achas que devemos ir ver? 
- É melhor - levantámo-nos os dois da cama, saímos do quarto e descemos até à sala.
O cenário não poderia ser pior que o de uma guerra, estava tudo fora dos sítios, coisas partidas e as janelas que davam acesso ao jardim abertas.
Olhei em meu redor e o que me assustou ainda mais foi o meu filho.
- Ezequiel!? - o Juan expressou por palavras e em passos apressados aquilo que eu não conseguia fazer. Estava completamente estática e só despertei para tudo aquilo quando a Floréncia e o Ignácio se agarraram a mim.

sábado, 15 de dezembro de 2012

15º Capitulo: "Pensaste Ezequiel... uau, amor"

(Ana) 

Estava a adorar a tarde com os irmãos do Ezequiel. Eram uns meninos super alegres e energéticos. Depois do mini jogo de futebol, fomos os quatro para o interior de casa e o Ezequiel foi com os seus irmãos até à casa de banho, pois os meninos ainda não sabiam onde era. Eu fui até à casa de banho que se encontrava perto da cozinha para lavar as mãos e de seguida voltei para a sala, onde se encontrava agora a mãe do Ezequiel. 
O momento que se seguiu foi um pouco constrangedor porque nem eu nem a senhora falámos. Eu acabei por me sentar no sofá em frente dela, que acabou por tomar a iniciativa de ter uma conversa comigo.
- Queria pedir-te desculpa se ficaste com uma não muito boa impressão minha. 
- Não tem de pedir desculpa. Sei que só quer o melhor para o seu filho... 
- Tens razão. E eu sabia perfeitamente que o melhor para ele não era a Tamara, mas ele está mais do que na idade de começar a pensar é no futuro com a cabeça.
- Sei que pode achar que conheço o Ezequiel muito pouco para estar a falar, mas a atitude que ele teve foi feita em plena consciência. Eu não insisti em nada. Eu nem nunca pensei em voltar a namorar com ele... eu só queria que ele fosse feliz longe de mim. Eu sofri muito e agora sei que ele também, e que o único problema que houve à um ano atrás foi falta de maturidade. 
- E achas que tem essa maturidade agora? 
- Eu penso que sim, D. Ayelen. Eu sinto que ele está diferente. Ele tem objectivos cumpridos e outros bem delineados. Assim como eu - a senhora levantou-se e sentou-se a meu lado agarrando-me nas minhas mãos. 
- Podes começar a tratar-me por Ayelen... somos como família E se és tu quem faz o meu filho sorrir como está a sorrir hoje, eu só vos posso abençoar. 

(Ezequiel)

Levei os meus irmãos até à casa de banho e voltei de novo para a sala. 
Cheguei no mesmo momento em que a Ana se sentou em frente da minha mãe e as duas começaram uma conversa que me deixou completamente arrebatado. 
- Podes começar a tratar-me por Ayelen... somos como família E se és tu quem faz o meu filho sorrir como está a sorrir hoje, eu só vos posso abençoar - sabia que a minha mãe iria acabar por reagir bem... ela só precisava era de mais um bocadinho de tempo do que as outras pessoas para puxar do seu bom coração e ser a pessoa que ela é. 
- Nem sabe como é importante que tenha a sua bênção para namorar com o Ezequiel. Eu quero que tenha a certeza que me vou esforçar todos os dias para fazê-lo o homem mais feliz, como ele faz de mim a mulher mais realizada à face da terra. 
Elas abraçaram-se e foi então que os meus irmãos começaram a descer as escadas e aparecemos todos na sala. 
- Vamos começar a preparar o jantar? - perguntei. 
- Eu tenho imensa pena, mas eu não posso jantar - respondeu a Ana. 
- Então porque querida? - interrogou a minha mãe. 
- Não quero estar a incomodar e além do mais devem querer estar mais à vontade.
- Nem penses! Jantas cá connosco e não se fala mais no assunto, certo Ezequiel? - intrometeu-se o meu pai.
- Mais que certo, pai - fui ter com o meu pai, coloquei o meu braço por cima do ombro dele e pisquei o olho à Ana. 
- Sendo assim... eu só não quero incomodar. 
- Não incomodas nada, filha - afirmou a minha mãe.
- Vejo que já se dão bem - comentou o meu pai. 
- A minha mãe conseguiu abrir o coração - atirei. 
- A tua mãe... - começou a D. Ayelen - vai fazer o jantar. 
- Quer ajuda? - perguntou a Ana. 
- Não querida, não é necessário. 
- Posso ao menos fazer companhia? - insistiu a Ana. 
- Claro. Vem! - a Ana foi de encontro com a minha mãe e foram as duas até à cozinha. 

(Ana)

Depois da conversa com a mãe do meu Ezequiel, o ambiente estava muito mais sereno e sentia-me em casa, rodeada da minha própria família. Fui com a minha sogra? Poderia começar já a chamá-la de sogra? Será com o tempo que poderei começar a aperceber-me de uma melhor forma de a tratar. Fui com ela para a cozinha para começar a preparar com ela o jantar. 
- Já alguma vez provaste comida tipicamente argentina? - perguntou ela começando a retirar dos armários milho e feijão enlatado. 
- Não... nunca. 
- Então espero que gostes do jantar de hoje. Vai ser Locro. 
- Leva milho e feijão?
- Sim. 
- Parece-me bem. Que é que precisa que eu faça? 
Começamos as duas a preparar o comer. Era um guisado com carnes, abóbora milho e feijão e tinha cá um cheirinho... que me criava água na boca.
- Será que alguém já se lembrou de por a mesa... - comentou a Ayelen.
- Se não trataram, o seu filho trata já. Eu já volto - fui até à sala e só estava lá ele com o pai - a tua mãe quer saber se já meteste a mesa. 
- Vou já tratar disso - ele levantou-se e eu ia a voltar para a cozinha - Ei! Espera - dizia ele vindo atrás de mim pelo corredor.
- Hã? Olha que eu quero ir aprender o resto da receita. 
- E eu só quero um beijo da minha mulher.
- Mulher? Faz-me sentir tão... tua. 
- E és - ele rodeou a minha cintura com os seus braços e beijou-me. Foi um beijo super calminho e com algumas saudades de ambos os lados. 
- Vá... vou voltar para junto da tua mãe. E tu mete a mesa - acabei por interromper o nosso beijo e voltei para a cozinha.
- Então querida, é necessário pormos nós a mesa? 
- Fique descansada. O Ezequiel está a tratar disso. 
- Então ajuda-me aqui só a terminar isto. 
Demoramos pouco mais de dois minutos a terminar o jantar.
Quando estava tudo pronto, fomos para a sala de jantar. A Ayelen levava a comida e eu o vinho. Passai pela sala de estar para chamar o pai do Ezequiel e os irmãos. Estávamos todos já na sala de jantar prontos para jantar. 
O pai do Ezequiel ficou à cabeceira com a mãe dele a um dos seus lados e o Ezequiel noutro. Eu sentei-me ao lado de mi hombre e os irmão dele ao lado da mãe. 
Servimo-nos do tão apetitoso guisado.
- Espero que gostes Ana - falou a Ayelen.
- De certeza que sim. Só o cheirinho. 
Começamos a jantar e era sem duvida um dos melhores comeres que já tinha comido. Era mesmo bom. Tivemos um jantar super simpático e muito acolhedor. 

Depois de jantar: 

- Estão a pensar ficar cá até quando? - perguntava o Ezequiel aos pais.
- Talvez até meio da semana que vem. 
- Ainda bem. Temos é de combinar mais jantares e almoços como estes.
- Temos pois - acabei por concordar com o Ezequiel.
- Bem... se vocês não se importarem nós vamos subir também - os irmãos do Ezequiel já se tinham ido deitar. Estavam cheios de soninho. Tinham chegado de manha a Portugal e com o fuso horário estavam todos trocados. 
- Vão, vão, descansem - disse o Ezequiel. 
A Ayelen e o Juan levantaram-se e despedi-me deles, assim como o Ezequiel. 
Voltamos a sentarmo-nos os dois no sofá, bem mais pertinho do que estávamos. 
- Agora nós... - falou o Ezequiel, para de seguida começar a sua magnifica sequência de beijos - estive a pensar numa coisa ainda à bocado - ele acabou por interromper um momento que poderia ter ido demasiado longe. 
- Pensaste Ezequiel... uau, amor. 
- Tu estás cá uma engraçadinha. 
- Eu sou muito engraçadinha! 
- Convencida... mas eu amo-te - deu-me mais um beijo super apaixonado. 
- Eu também te amo... mas mata a minha curiosidade e diz-me o que é que estiveste a pensar!
Fiquei super curiosa para saber o que é que ia na cabeça daquele homem, mas a minha espera teve de se prolongar mais um pouco, uma vez que o agente do Ezequiel lhe ligou apenas para marcar com ele uma reunião.