sexta-feira, 30 de novembro de 2012

10º Capitulo: Confronto

Na manhã seguinte:

Se dormi duas horas esta noite foi muito. Cada vez que tentava adormecer, ele vinha-me ao pensamento e dormir era tudo o que não conseguia fazer. 
Só a partir das cinco da manhã e que consegui dormir. São 7:30h e o meu despertador já tinha tocado e eu não me decidia a levantar, por isso fiquei deitada até que a minha mãe veio ao meu quarto. 
- Podes ficar em casa... não é só por um dia que o salão fica fechado que há prejuízo.
- Não. Eu tenho de ir. Só estou com preguiça... mais nada mãe. 
- Diz que não é mais nada.
- Falamos depois - levantei-me, não queria, nem iria falar com ela neste momento sobre algo relacionado com ontem - vou despachar-me. 
Fui até à casa de banho e tomei um duche. Prolonguei-o durante alguns minutos e quando estava despachada, vesti-me. 
Fui até à cozinha e tomei o pequeno-almoço com a minha mãe. 
Ela não insistiu no assunto da noite passada e eu agradeci-lhe por isso. Saí de casa quando terminei a minha refeição, fui até ao meu carro e conduzi até Oeiras, onde se situa o meu salão. 
Demorei cerca de 20 minutos a lá chegar, abri a porta e fui até ao meu pequeno escritório. Deixei lá a minha mala, o casaco e fui ver quando era a minha primeira marcação de hoje. Era só às 10h. Dava-me tempo para preparar tudo. 
Fui até à porta do salão e fiquei no seu exterior a fumar. A minha mãe não sabe... e eu também só fumo quando estou mais nervosa e com ansiedade. Quando estava a terminar o meu cigarro, uma rapariga sai de um carro que tinha acabado de estacionar e vem na direcção do meu salão. Conheci aquela cara no momento em que os nossos olhares se cruzaram. Era ela. A noiva do Ezequiel. 
- Buenos dias - disse ela chegando ao pé de mim. 
- Buenos dias - optei por ir pelo espanhol... seria mais fácil, talvez, para a caramela entender. 
- Será que era possível arranjar as unhas? - questionou ela. 
- Claro. Entre - dei-lhe passagem e ela entrou. 
Fomos até ao posto da manicure. Ela lá fez as suas exigências, às quais atendi sem qualquer problema. 
- Obrigada por me atender. Estou cá à pouco tempo e não conheço nada... ainda bem que fica aqui na zona. 
- Esteja à vontade... sempre que precisar. Quando terminar deixo-lhe o meu contacto. 
Continuei o meu trabalho e tudo o que não queria era conversa. Nisto toca um telemóvel... era o dela. Com a mão que ainda não estava a ser arranjada atendeu a chamada. 
- Buenos dias mi rey. - foi óbvio para a minha cabeça quem estava do outro lado da linha. 
A voz dela começou a irritar-me profundamente à medida que a conversa ia fluindo. Pretendia acabar com aquilo, por isso pedi-lhe a outra mão. 
- Vou ter de desligar... estou na manicure. Yo tambien te quiero - ela desligou a chamada - desculpe. Era o meu noivo. 
- Não tem problema. 
Terminei o meu trabalho e quando ela me pagou dei-lhe o meu contacto. 

(Ezequiel)

Esta noite foi o maior pesadelo da minha vida. Tinha a Tamara nos meus braços, mas era a Ana que tinha na minha cabeça. Não estava nada à espera de a ver, muito menos de falar com ela. 
Quando a Tamara se levantou de manhã, fingi estar a dormir. Não tinha coragem para a enfrentar. Eram quase 10h quando ela chegou a casa vinda do salão. 
- Buenos dias - ela deu-me um beijo e sentou-se a meu lado no sofá. 
- Buenos dias
- Já arranjei um salão aqui perto de casa. A moça de lá é super profissional e parece-me ser espanhola. 
- Vês. Nem é assim tão vir para Lisboa. 
- Tens razão. Vou até ao quarto desfazer o resto das minhas malas. 
- Tá bom - ela levantou-se e subiu até ao andar de cima. 
No sitio onde ela estava sentada, estava um pequeno pedaço de papel. Era do salão. 
"Pequeño engate: salão de beleza de Ana Sousa Ramos."
Ana Sousa Ramos? Era ela. A minha Ana. Fui ter com a Tamara até ao andar de cima. 
- Importas-te que saia por um bocadinho? Eu volto à hora de almoço. 
- Tudo bem. 
Voltei a descer e despachei-me o mais depressa a chegar ao local do salão. 

(Ana)

A minha última marcação da manhã tinha acabado de sair. 
- Pequeño engate?
Olhei para a porta e o Ezequiel estava dentro do meu salão. 
- A tua noiva não ficou satisfeita com o serviço? 
- Ficou satisfeitissima.
- Então posso saber o que é que estás aqui a fazer? Preciso de fechar para a hora de almoço e não me parece que sejas mulher para teres uma marcação. 
Ele virou costas e fechou a porta do salão. 
- Está fechado - disse aproximando-se do sitio onde eu me encontrava. 
- Esqueceste-te de ficar do lado de fora. 
- Não. Eu pertenço ao lado de dentro. Porque "Pequeño engate"? 
- Não foi isso que eu fui? - ele olhou-me e sentou-se num banco à frente da mesa da manicure onde eu estava. 
- ...culpa - disse ele super baixinho. 
- Que dizes? 
- Desculpa. Sei que não devia ter acabado contigo daquela maneira e que te devia ter procurado mas...
- Decidiste agarrar-te ao primeiro caramelo que viste. 
- Não! Nada disso. 
- Como nada disso? Fizeste-me pensar que mesmo com a distância iríamos conseguir... se eu não te colocasse naquela posição... tu irias continuar a mentir? 
- Achas?!
- Não sei.
- Tu conheces-me. 
- Desculpa!? Deixa-me rir! Sim... conheço-te. Sempre te tirei a pinta. Engatatão. 
Ele sorriu com a palavra, mas o telemóvel dele tocou. 
- É melhor atender - disse depois de ver quem era. 
Não foram precisas muitas palavras para saber quem era. 
- Yo tambien te quiero, mi reina - antes de desligar a chamada olhou para mim. 
- Já vi que usas a mesma expressão para todas - "mi reina" era o que ele me chamou pela primeira vez quando cedemos um ao outro. 
- Não tinha intenções de a usar com ela. 
- Então, porque é que usas? Já sei... é mais um pequeno engate. Só que desta vez... estás noivo. 
- Como é que te digo isto...
- Talvez não digas porque não o queres dizer. 
- Quero! E quero muito. 
- Eu sou forte... aguento. Fala. Arriscas-te é a tudo o que possa sair da tua boca te faça sair daqui. 
- Eu nunca quis acabar contigo. Fui um perfeito otário, mas tu eras demais para mim. Eu não estava preparado para ter uma relação a sério. Eu pensava estar, mas não estava. Quis acreditar nisso, até que conheci a Tamara. Eu cai na tentação. Não aguentei a distância e cedi. Voltei a ser o que era e deixei-me envolver com ela... só que eu não queria. 
- Desculpa... já ouviste falar em vontade própria? 
- Sim. Eu tenho-a. Quero tê-la, mas neste momento, se eu acabar tudo com ela, é à minha família que eu estou a desiludir. 
- Mas se estás noivo dela, sentes algo por ela... continua com ela, mas não me peças que viva bem com isso, nem que vá tomar café com os dois. 
- Nunca te pediria isso. 
- Então o que é que vieste cá fazer? - levantei-me e ele veio atrás de mim. 
- Quero que me perdoes. Quero que sejamos amigos. 
Desatei a rir, mas a vontade que tinha era de chorar. 
- Como é que eu posso ser amiga do homem que eu amo e que passa as noites dele com a noiva ao lado? - abri-lhe a porta - agora sai e tenta fazer com que não nos cruzemos mais na rua. Não me procures que eu não te procuro. 
- Como queiras - ele começou a sair, parando ao pé de mim - queria poder dizer que vou fazer isso, mas não. Eu não vou desistir de ti, não quero desistir. Foste, és e podes vir a ser minha. Ontem quando estavas no estádio não foi em vão. Ela não estava - ele saiu, eu voltei a fechar a porta e fui para o escritório. 
Chorei novamente. Eu quero-o, mas não consigo, não posso, nem quero esquecer o que aconteceu à um ano atrás. Ele só tem de seguir a vida dele e deixar-me de uma vez por todas, nem que para isso eu tenha de sair do país. 

9º Capitulo: "Tu?"

20-07-2011

Desde que abri o meu salão em Dezembro de 2010 que o tempo passa a voar. Ando sempre de um lado para o outro, mas super satisfeita com o sucesso que o salão está a ter. 
Aproveitei que hoje, quarta feira, é o meu dia de folga e dediquei-o todo à minha mãe. 
Levantei-me às 9:15h, tomei um duche rápido e vesti-me.
Fui até à pastelaria ao fundo da rua de nossa casa e comprei os bolos preferidos da minha mãe. Ela não faz anos, mas com a agitação em que ando decidi dar-lhe os miminhos que ela merece. 
Voltei para casa e ela já estava a pé. 
- Bom dia mamã - cheguei perto dela e dei-lhe dois beijinhos.
- Bom dia! Já andas a pé? 
- Sim. Hoje é dia de seres mimada!
- É?
- Sim. Vamos tomar o pequeno-almoço e eu conto-te os meus planos para hoje. 
- Vamos a isso. 
Sentamo-nos na mesa da cozinha a tomar o pequeno-almoço e eu contei-lhe todos os meus planos para hoje. 
Comecei por a por ainda mais bonita e saímos de casa para iniciarmos o nosso dia. Fomos até ao Palácio da Pena, em Sintra, sendo a nossa primeira paragem. Nunca lá tínhamos estado e foi uma experiência única para as duas. 
Por volta da 13:45h fomos almoçar em Cascais num restaurante mesmo junto da praia. 
Durante a tarde andamos às compras e quando ela pensava que o dia tinha terminado, mudei-lhe as voltas. 
- Então não vamos para casa? - perguntou ela no carro uma vez que estávamos a ir na direcção errada. 
- Não mãezinha. Tenho uma surpresa para ti. 
- Surpresa?
- Sim. Já estamos quase a chegar - fui para o Colombo e deixei o meu carro na garagem do centro. Saímos para o exterior e comecei a caminhar com a minha mãe até ao Estádio da Luz. Ela era super benfiquista, mas nunca foi a nenhum jogo, por serem quase sempre ao fim de semana e ela trabalhar muitas vezes às horas do jogo. 
- Maria Ana! Não posso acreditar! Vamos ver o jogo?
- Vamos sim, mãe linda - dei-lhe um beijo na bochecha e entramos para o estádio. 
Fomos para os nossos lugares, mesmo perto do relvado, e aguardamos pelo inicio da cerimónia. Era o jogo de apresentação do plantel as sócios. Eu e a minha mãe somos as duas sócias do Benfica desde pequenas. 
Estávamos na conversa, eu que por habito nunca tenho um relógio, peguei no meu telemóvel para ver as horas e vi que tinha uma chamada não atendida do Sérgio. 
- O Sérgio ligou-me - comentei com a minha mãe. 
- Será que era urgente? 
- Não sei... eu vou até ali acima falar com ele. Eu já volto. 
Fui até à zona mais sossegada do estádio onde pudesse ouvir o que o Sérgio me tinha a dizer: o WC. 
Iniciei a chamada e pouco depois ele atendeu. 
- Sérgio! Passou-se alguma coisa?
"- Não... está tudo bem. Sempre levaste a tua mãe ao jogo?" - no dia anterior tinha falado com ele e contei-lhe os meus planos para hoje. 
- Sim, porque?
"- Por nada... por nada."
- Sérgio, eu agora vou para ao pé dela porque os jogadores estão a começar a entrar.
"- Tá... fica ao pé da tua mãe e aguenta bem esse coração, e não é por causa do jogo! Liga-me assim que saíres daí."
- Até parece que o bicho papão vai jogar e me papar... até logo.
Desliguei a chamada e fui ter com a minha mãe. Muitos dos jogadores já estavam no palco e conhecia a maioria das suas caras. 
- Estás a gostar? - perguntei à minha mãe.
- Muito! Obrigada filha.
- De nada. 
Olhei para o relvado e à medida que vão anunciando mais jogadores e estes entram em campo vamos batendo palmas. 

"Segue-se com o número 24, a nossa mais recente águia da defesa... Ezequiel Garay!"

O senhor que estava a anunciar pronunciou-se, assim como o meu corpo. 
As minhas mãos pararam de bater palmas e o meu coração deve ter deixado de bombear quando aquele nome foi audível em todo o estádio. 
Ele apareceu no relvado, super sorridente, acenou a todas as bancadas do estádio e subiu ao palco. Fui incapaz de continuar de pé a olhar para o palco. Sentei-me e a minha mãe, sentando-se a meu lado, agarrou-me na mão. 
- Estás bem, meu amor? 
- Estou... estou mãe. Continua tu a ver. 
Fiquei completamente parada no meu sitio e não suportava quando o homem que estava à minha frente se desviava. Conseguia vê-lo através dos buraquinhos entre as pessoas. 
Quando o "espectáculo" da apresentação terminou, os jogadores e equipa técnica saíram do campo. E o ambiente ficou mais calmo e começou a preparar-se o jogo. 
- Tu não sabia que ele cá estava? - questionou a minha mãe. 
- Não...
- Queres ir embora? 
- Não! Nem pensar. É o teu primeiro jogo. 
- Mas podemos ir Ana. Tu não estás bem. 
- Eu aguento. 
Ficamos as duas a ouvir as pessoas a comentarem os jogadores, a fazerem prognósticos do jogo e nem demos pelo tempo passar e as equipas começaram a aquecer. 
Como estavamos numa bancada oposta a onde os jogadores do Benfica estavam a aquecer, eu não liguei muito aos que estavam lá... só queria saber quem é que jogava. 
Quando faltavam 5 minutos para o inicio do jogo, surgiu o 11 inicial: 
Artur Moraes; André Almeida, Javi García, Fabio Faria e Emerson; Matic, Urreta, Bruno César, Pablo Aimar e Nolito; Cardozo. 
Suspirei de alivio. Pelo menos 45 minutos não o tinha de ver. 
O Benfica começou a jogar para o nosso lado e foi uma primeira parte valente.
Consegui aproveitar o jogo, assim como a minha mãe. Nunca a tinha visto delirar tanto num jogo como hoje... ela em casa fazia coisas como se estivesse no estádio, mas aqui acabou por ser bem "pior".
O intervalo chegou e o jogo estava 0-0. 
Aproveitamos para ir comer alguma coisa e voltamos depressa para vermos o inicio da segunda parte. 
As equipas regressaram com os mesmos jogadores mas no minuto 46, o JJ decidiu fazer as primeiras substituições até que dava para os jogadores serem aplaudidos.
"Substituição na equipa do Benfica. Sai com o número 1 Artur Moraes! (palmas) entra com o número 12 Eduardoo! (palmas)"
O homenzinho anunciou por ordem numerica as saídas. Saiu o Cardozo e entrou o Saviola; saiu o Urreta e entrou o Gaitan; saiu o Pablo Aimar e entrou Witsel; saiu o Bruno Cesar e entrou o Enzo Perez. 
Já eram substituições em demasia... via-se mesmo que era um jogo de apresentação. 
"Sai com o número 41 Fábio Faria! (palmas) e entra, com o número 24, Ezequieeeel Garaaaay" o meu coração voltou a parar. Ele começou a dirigir-se para a sua posição na defesa e, uma vez que era a equipa adervesária que estava a atacar para o lado da baliza onde eu estava, ele estava a pouco mais que 10 metros de distância de mim. 
O resto do jogo, escusado será dizer, que pouco prestei atenção. Estava mais focada em não seguir o que o meu coração me dizia e resistir à tentação de não o seguir em todos os movimentos que fazia. 

No final do jogo:
O Benfica acabou por ganhar 1-0 e eu só pensava em sair do estádio, mas como era a primeira vez que a minha mãe estava a ver um jogo ficamos até os jogadores saírem de campo. Eles andavam a fazer a volta ao estádio e, como algumas pessoas que estavam à nossa frente já tinham saído, eu e a minha mãe estávamos mesmo na primeira fila. Eles chegaram à nossa bancada e foi então que morri de vez. 
O Ezequiel estava mesmo na minha frente, sem camisola, super feliz... os nossos olhos cruzaram-se e ficamos a olhar um para o outro. Ele sorria, mas via-se perfeitamente que estava surpreendido. 
- Tu? - consegui ler nos lábios dele tais palavras. 
Eles acabaram por sair do relvado. 
Eu e a minha mãe tiramos umas quantas fotografias, até para deixar a confusão sair. 
Saímos do estádio e ficamos no exterior do mesmo e a "sessão fotográfica" continuou. Quando já não estava muita confusão começamos a dirigirmo-nos para o sitio onde deixamos o carro. 
- Ana!? - aquela voz era irreconhecível. Conheceria-a aqui ou na China. 
- Não olhes para trás, mãe. Segue caminho - pedi à minha mãe e assim foi seguimos a pé até ao parque de estacionamento do Colombo. 
A minha mãe entrou para o carro e eu, antes de entrar, respirei fundo... vontade de chorar era o que mais tinha neste momento.
- Posso saber porque é que estás a fugir? - olhei para trás e ele estava ali. 
- Eu? Fugir... falas bem, mas não me atinges. Vieste atrás de mim porque? - fugi para o espanhol, era assim que eu falava com ele.
- Porque... porque passou um ano. E tu estás aqui. 
- Eu sempre estive aqui. Eu moro cá! Tu é que não devias estar aqui. 
- Não sabias pois não? Por isso é que foste ao jogo. 
- Que é que queres? Vieste atrás de mim porque? 
- Não sei... 
- Não sabes? Eu também não. É melhor voltares para a tua noiva.
- Como...
- Pode ter passado um ano, custou imenso, mas nem penses que vais estragar tudo agora - virei-lhe costas e entrei no carro. 
A minha mãe olhou-me, eu comecei a conduzir e só desejei chegar a casa.
O caminho foi feito todo em silêncio e assim que chegamos a casa fui direita ao meu quarto, deitei-me em cima da cama e chorei. Chorei como o tinha feito quando mais sentia saudades dele, como quando me arrancou o coração sem aviso prévio. Chorei, como quem está com saudades e está infeliz por continuar a amar uma pessoa que está noivo de outra. 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

8º Capitulo: Perdida

Depois de almoço:

Estava na sala de estar com a minha tia e o Ezequiel quando o meu primo chega. Ele apareceu na sala e vinha com a Mariza.
- Boas tardes - cumprimentou ele, animado. 
- Boa tarde - cumprimentou também a Mariza.
O Sérgio senta-se a meu lado e com a Mariza ao lado dele. Eu estava com o Ezequiel a meu lado e de mão dada, o que não lhe passou despercebido. 
- Primita... deverás ter algumas novidades a contar.
- Não. Não tenho que contar nada. Acho que já sabes e que já contaste à Mariza. 
- Mas queria ouvir da tua boca.
- Mas não há nada que eu te possa dizer... sim, eu e o Ezequiel estamos meio que juntos. 
- Meio? 
- Sim... temos um mês para ver se continuamos completamente juntos. Satisfeito pelo relatório? 
- Muito. Mas atenção puto! - e virou-se para o Ezequiel - é para tratar esta menina como uma rainha! 
- Podem ficar todos descansados - afirmou super calmo o Ezequiel. 
Ficamos os 5 a conversar até que o telefone de casa do Sérgio toca. A minha tia foi atender e voltou de seguida à sala: 
- Ana é a tua mãe, quer falar contigo.
- Eu já volto - levantei-me, pegando no telefone e fui até ao jardim. 
- Hola madre!
"- Isso é que é boa disposição... a falar-me em espanhol". 
- Digamos que abri o jogo com o coração. 
"- Estás a referir-te à conversa de ontem?"
- Sim. Vamos ver no que dá. Se no final do mês as coisas com o Ezequiel não correrem bem, acabam.
"- Ezequiel... é o nome dele?" 
- Sim. Estás ao pé do computador? Ou melhor, estás em casa, ao pé do computador, de folga? 
"- Sim estou."
- Então vai ao google.
"- Um segundo... sim já estou no google."
- Então escreve: Ezequiel Garay - ouvi o barulho das teclas no outro lado.
"- É jeitoso o rapaz, filha."
- Depois, se o conheceres em carne e osso, constatas que é bem mais jeitoso.
A minha mãe gargalhou, ficamos à conversa mais um tempinho e acabei por me despedir dela e voltar para a sala. 

1 mês depois...
O tempo em Madrid voou. Acho que nunca desejei ficar cá como desejo neste momento. As coisas com o Ezequiel estavam super bem. Aproveitamos cada segundo que tínhamos para namorar, mas a despedida acabou por chegar. Fiz as minhas malas e ele apareceu em casa do meu pai para se despedir, até porque ele também teria de ir para o aeroporto, pois o Real Madrid iria uma semana para o sul de Espanha. 
- Prometes que vens cá no próximo fim de semana? - questionou-me. 
- Sim... se estiver tudo bem por lá, eu venho. Mas eu agora tenho mesmo de ir - dei-lhe um beijo super apaixonado e fomos até ao exterior da casa do meu pai. Despedi-me dele, meu pai, voltei a beijar o Ezequiel e fui até ao aeroporto. Estava a custar saber que iríamos ficar assim tão longe um do outro... estava tão bem habituada a tê-lo todos os dias de manhã a acordar-me com beijos.
A viagem até Portugal foi rápida. A minha mãe estava à minha espera no aeroporto de Lisboa. Assim que a vi corri para ela e abracei-a com muita força. 
- Que saudades mãe. 
- Agora já cá estás. 
Ela olhou-me nos olhos e, não fosse ele minha mãe, percebeu.
- Estiveste a chorar.
- Já passa... custou deixar o Ezequiel para trás. 
- Mas para a semana não vais lá outra vez?
- Sim... mas não é a mesma coisa. 
- Mas já é muito bom. Pensa positivo meu amor. 
- Sim... tens razão.
Fomos para casa e acabei por me esquecer de tudo e adormecer. 

Duas semanas e meia depois...
Os fins de semana em Madrid têm sido do melhor. O Ezequiel só tinha tido jogos aos Domingos à noite o que dava para namorar o fim de semana inteiro, na sua nova casa. A volta para Lisboa já não custava tanto... percebi que as coisas estavam na mesma e que isto de nos vermos de semana a semana poderia ter as suas vantagens, uma vez que o "matar saudades" era muito intenso. 
Comecei a preparar o inicio do meu salão de beleza com a minha mãe, eu já tinha feito o meu curso e agora andávamos a começar a preparar o projecto. Iria ser por minha conta, mas a ajuda da minha mãe era preciosa. Estava na Internet a ver de uns espaços para a localização do salão, quando numas letras minusculas vejo a seguinte manchete:
"O menino sensação do Real Madrid em dificuldades" 
Abri de imediato o link e fui parar a uma página de um jornal de desporto português e comecei a ficar preocupada logo com a foto que meteram: 
Foi então que comecei a ler a notícia: 

"Garay, defesa-central sensação do Real Madrid, depois do treino de Segunda-Feira onde sofreu um pequeno toque, foi analisado pelo departamento médico do Real e constactou-se que o jovem está com uma grave inflamação do músculo da perna direita. Prevê se que Garay falhe os próximos dois compromissos do Real Madrid. 
O treinador não se deverá preocupar, uma vez que tem grandes defesas-centrais que podem substituir o jovem defesa."

Peguei de imediato no telemóvel e liguei-lhe. 
Ele demorou a atender, mas acabou por atender. 
- Então, meu amor, é preciso eu ver nas notícias que estás lesionado? 
"- Não queria estar a chatear-te com isso."
- Chatear!? Achas? Fiquei super preocupada assim... se me tivesses dito era melhor. Vou tratar de ir passar aí uns dias para ti.
"- Não!"
- Não? Então amor? Não me queres contigo? 
"- É melhor não Ana... tu fizeste-me prometer uma coisa e eu não consegui cumprir. Estava à espera de falar contigo pessoalmente, mas não dá mais... é melhor ficarmos por aqui Ana. Eu gosto imenso de ti, mas não dá."
- Tu estás a acabar comigo?
"- Sim..."
- Bem me parecia que a minha teoria estava certo... és um engatatão - e desliguei-lhe a chamada. Não iria chorar! Não! Mas de certeza que isto de ele ter acabado só por ter uma caramela por detrás. 
Ainda tinha a página da notícia aberta e nas noticias relacionadas as minhas suspeitas confirmaram-se. 

"Será esta a paixão de Ezequiel Garay?
A espanhola Tamara Gorro é apontada como o grande amor de Ezequiel Garay, o defensa central do Real Madrid. Ao que conseguimos apurar o jovem casal tem-se encontrado frequentemente e existem relatos de vizinhos do craque que confirmam que a modelo e apresentadora é visita frequente na casa do argentino. Resta-nos desejar felicidades ao casal."

Só não acerto no número do Euromilhões. 
Sejam eles espanhóis, argentinos ou de qualquer lingua latina são todos uns valentes porcos. 

7º Capitulo: Mi Hombre

... os nossos corpos já estavam a pedir por mais, ali mesmo na entrada da casa, que o Ezequiel começou a caminhar comigo, sem nunca parar os beijos.
- Onde é que é o teu quarto? - perguntou ele, parando de me beijar por uns segundos. 
- Lá em cima...
Subimos a escadaria e fomos para um dos quartos... não era o "meu", mas também não era o do meu pai, e como esta noite somos hóspedes cá da casa...
Assim que entramos no quarto empurrei o Ezequiel para cima da cama, ficando por cima dele no segundo seguinte. Os beijos sucediam-se a um ritmo alucinante e o desejo em mim aumentava cada vez mais. 
As mãos do Ezequiel percorreram o meu corpo, começando pelas costas deixando-as ficar nas minhas coxas. Comecei a abrir a camisa que ele envergava e beijei-lhe o tronco à medida que este ficava descoberto. 
Invertemos as posições e a tortura começou. 
O Ezequiel abriu a minha camisa e fez de tudo para me deixar completamente louca. Começou por me beijar o pescoço, passando para o meu peito descendo até ao umbigo. 
As duas primeiras peças de roupa saíram dos nossos corpos e não demorou até ficarmos em roupa interior. O corpo dele, confesso, deixou-me ainda mais cheia de vontade de chegar ao meu limite máximo, o que não demorou a acontecer... o Ezequiel, fez-me ir às nuvens sem nunca de lá sair. Só quando ambos os corpos já estavam cansados, todos suados e completamente satisfeitos (o que demorou a acontecer), é que caímos nos braços um do outro completamente ofegantes mas com todo o prazer que conseguimos reter do primeiro round. 
Quando as nossas respirações começaram a regressar ao seu ritmo natural, foi quando ma aconcheguei mais ao Ezequiel dando-lhe leves beijos no peito. 
- Invertemos um bocado as coisas... vamos agora jantar? - olhei-o nos olhos e ele sorriu-me. Os olhos dele estavam brilhantes e extremamente sexys. 
- Pode ser... 
- Vou ver o que se arranja - levantei-me e agarrando num lençol, enrolei-o a mim e fui até à cozinha. 
Abri o frigorífico e não havia praticamente nada para comer a não ser ovos e bacon... dava para matar a fome.
Comecei a preparar a comida ao fogão, entretanto chega o Ezequiel à cozinha e agarrou-me pela cintura beijando-me o ombro descoberto.
- Vamos ter de ficar por ovos mexidos com bacon.
- Mas queres que vá buscar alguma coisa?
- Nem penses - virei-me para ele confirmando as minhas suspeitas, ele estava só de boxers - nem penses que agora te vais vestir... sabes perfeitamente a trabalheira que deu a por-te neste estado.
Ele riu-se e beijou-me. Estávamos a ir já para outros caminhos quando eu travei a fundo. Estava a começar a ficar realmente com fome. 
- Não queiras tudo já, Sr. Engatatão. 
- Fraquinha! 
Virei-me para o fogão e finalizei o nosso "jantar". 
- Fraquinha não! Simplesmente quero tudo do bom. Acho que prefiro bem feito, como o primeiro round, do que às três pancadas. 
A gargalhada foi geral e fomos para a sala. Sentamo-nos no chão ao pé da mesa de centro junto dos sofás e começamos a comer. Estávamos mais numa de dar comida um ao outro do que pegar no garfo com a nossa mão e meter a comida na boca, por isso estávamos muito pertinho um do outro.
- O que é que achas que acontecia se o teu pai entrasse por aí agora? 
- Tu nem sonhes com uma coisa dessas! Acho que morria! 
- Então... mas ele pode entrar. 
- Não pode não. Ele não está no país! Não te ponhas a meter-me coisas na cabeça ou vamos embora. 
- Não!
- Agora ficaste aflitinho! - eu desmanchei-me a rir - acho que preferia ter de encarar o meu pai do que o meu primo neste momento. 
- Podes crer... 
- Prepara-te para amanhã. Em casa... e no Real. 
- Nem me digas nada... mas vai valer a pena - ele aproximou-se ainda mais de mim e beijou-me. 
Esquecemos a comida e dedicamo-nos ao que realmente estávamos interessados em fazer. Ser um do outro vezes e vezes sem conta, com os diversos tipos de prazer que conseguimos ter um com o outro e sem vontade nenhuma de desistir. 
Acabamos por desistir ao fim do quinto ou sexto round (confesso que perdi a noção do número) quando os nossos corpos pediram por descanso, mas mesmo assim pediam para permanecerem junto um do outro. 

(Ezequiel) 
Na manhã seguinte: 

Não fazia a mínima ideia de que horas eram, mas acordei com a mulher mais linda do mundo ao lado e a vontade de voltar a adormecer era nenhuma. Fiquei estupidamente louco a olhar para ela e a recordar a maravilhosa noite que tivemos. 
Estava completamente à nora quando ouvi o barulho do meu telemóvel a tocar. Era uma chamada... mas eu não fazia ideia de onde é que o telemóvel andava, pelo que demorei a encontrá-lo e fez com que a Ana "acordasse". Ela abriu os olhos, barafustou alguma coisa que não foi perceptível, meteu a almofada por cima da cabeça e deve ter voltado a adormecer. 
Consegui achar as minhas calças, onde estava o telemóvel. Não tinha conseguido atender a chamada, mas percebi do que se tratava. Era do Sérgio. Eram 10:30h e eu tinha de estar no centro de treinos do Real Madrid às 10:45h. 
Despachei-me o mais depressa possível a vestir e escrevi um bilhete à Ana. Não me senti bem em acordá-la até porque poderia correr mal. 

(Ana) 
11:45h 

Tinha dormido bastante bem e estava completamente e estupidamente apanhada pelo homem que tinha a meu lado... tinha! Porque ao acordar esse homem já não estava na cama. No seu lugar tinha um papelinho.

"Acordei às 10:30h com uma chamada do teu primo. Tinha de estar no Real Madrid às 10:45h e como tinhas acabado de rabujar nem sequer me atrevi em acordar-te. Te quiero mi reina. Besos"

Derreti com aquele fim de recado... fiquei completamente à nora. Meti a minha cabeça na almofada dele, inspirei fundo e o cheio dele entranhou-se de uma maneira que me fez avivar cada momento da noite passada.

12:15

Cheguei a casa do meu primo e como ele estaria no Real era mais fácil a minha entrada. Fui até à cozinha e estava lá a minha tia. 
- Buenos dias titi!
- Buenos dias preciosa! - a minha tia estava a mexer em morangos, saquei um e comecei a sair da cozinha - Ana!? - chamou ela e eu voltei ao pé dela.
- Diga tia. 
- Sei perfeitamente que não és uma criança, mas cabe-me a mim fazer-te esta pergunta. Protegeram-se - sabia perfeitamente que esta pergunta iria surgir e antes fosse pela minha tia. Era como se fosse pela minha mãe. 
- Não se preocupe tia, fomos bastante responsáveis nesse aspecto - acabamos por gargalhar as duas e eu subi até ao meu quarto, tomei um duche e troquei de roupa. 
Voltei a ir ter com a minha tia. 
- Titi, sabe a que horas volta o primo? 
- O teu primo... não vem almoçar a casa. Mas se estás interessada em saber a que horas tens companhia... ele deve estar a chegar. 
- Hum... a tia faz-me um favor? Eu tenho de ir tratar do carro para este mês... quando ele chegar podia dizer-lhe isso? 
- Claro, vai lá filha. 
- Gracías.
Saí de casa e fui até a um aluguer de carros... iria precisar de um para este mês. Escolhi um dos mais discretos e baratinhos. Demorei cerca de uma hora para ter tudo tratado e voltei a casa. 
Entrei e, como era praticamente hora de almoço, fui até à cozinha.
Estavam lá a minha tia e o meu hombre. 
- Cheguei - avisei, pois ambos estavam de costas voltadas para a porta. A minha tia sorriu e piscou-me o olho.
- Vou por a mesa - ela saiu e foi até à sala de jantar. 
Eu apressei-me a ir ter com o Ezequiel e terminei aquela ânsia de o beijar que tinha desde manhã.
- Da próxima vez, dá-me ao menos um beijo antes de sair. Acho que não aguento outra vez que isto aconteça. 
- Prometo - ele voltou a beijar-me e acabamos por ir ajudar a minha tia com o almoço. 

sábado, 24 de novembro de 2012

6º Capitulo: Decisões...

- Nem sequer dás tempo de a minha tia sair de casa. 
- Achas que ela ainda volta? - ele chegou perto de mim e colocou as suas mãos na minha cintura.
- Posso saber o que é que as tuas mãos fazem no meu corpo? 
- Se ainda não começas-te a barafustar mais que isso é porque não te faz assim tanta confusão. 
- Por acaso... - coloquei as minhas mãos no fundo das suas costas. 
- Custou assim tanto? 
- Deves pensar que é assim tão fácil... lá por serem uns momentos bem passados não deixas de ser o engatatão número 1 da Argentina e Espanha juntas. 
- Acredita que eu vou fazer de tudo para que sejas minha. 
- Tua? - senti como que um choque térmico e os calores subiram por mim acima. 
- Tu podes não querer acreditar... eu estou a ser 100% sincero no que te vou dizer. Eu estou a começar a gostar de ti. Eu quero que me aconteça o que está acontecer ao teu primo. Quero ter uma relação com alguém a sério. 
- Como é que pode ser a sério se pode acabar daqui a um mês? 
- Daqui para Portugal é um instante e de Portugal a cá é o mesmo...
- E se acabar por correr mal? 
- E se não tentarmos e desperdiçarmos uma oportunidade? 
- Oportunidade de que? 
- Tantas perguntas porque? Diz-me com sinceridade que não gostavas de tentar e eu deixo-te. 
- Não consigo dizer nada disso. 
- Então isso quererá dizer que vamos tentar? 
- Sim! Mas tens de me prometer uma coisa...
- Tudo! 
- No minuto que quiseres acabar, acabas. Não inventes e acaba logo. Eu aguento.
- Espero que isso não seja necessário... mas sim, eu prometo. 
Subi as minhas mãos para o pescoço dele e enrolei as minhas pernas à cintura dele. 
Ele encostou-me à piscina e tomou os meus lábios de assalto. Confesso que já desde a noite passada que me apetecia fazer o mesmo, mas a coragem não existia. 
Os beijos começaram a tornar-se cada vez mais descontrolados, mas não podia ser tudo agora, certo? 
- Não te esqueças ... que estamos em casa ... alheia - disse por entre beijos. 
- Não sei se sabes, mas isto estava pendente desde ontem à noite - ele acabou por quebrar aquela sequência de beijos. 
- Podemos sair de dentro de água? Começo a precisar de sol directo no meu corpo - pedi. 
- Claro - eu soltei-me dele e saímos da piscina. Eu primeiro que o Ezequiel. Deitei-me na espreguiçadeira e preparei-me para apanhar sol - o sol é que podia esperar, não? 
- Na na! Tu deitas-te aqui ao lado. Daqui a nada chega a minha tia e podemos estar em pontos drásticos. 
Ele acabou por se deitar na espreguiçadeira ao lado da minha. 
- Mas vamos assumir as coisas ou não? - perguntou.
- Já? 
- Porque não? - senti a mão dele a agarrar a minha e acabei por me derreter por dentro. Ele queria mesmo que algo entre nós desse certo... queria contar à minha família. 
- Vamos ter alguns dias para os deixar a saber da novidade. 
Permanecemos de mão dada durante algum tempo.
Aproveitamos para fazer conversa... se bem que não era o que queríamos. 
- Estou a ver que não se mataram - disse a minha tia chegando ao exterior da casa.
- Pode ficar descansada que ninguém se mata aqui não - afirmei. 
- Não fiquem aí ao sol muito tempo. Que querem para o jantar? - questionou. 
- D. Paqui, não conte connosco. Eu e a Ana vamos jantar fora. 
- Vamos!? Ainda não fui informada de nada. 
- Fazem bem - a minha tia piscou-me o olho e foi para dentro de casa.
- Vamos jantar fora? - olhei para ele e ele sorriu-me. 
- Sim. 
- Tá bom - levantei-me, sentei-me na espreguiçadeira dele e dei-lhe um beijo nos lábios. 
- Agora não tens medo da tua tia cá por casa? 
- Não. Quero esse jantar e quero-te só para mim hoje. 
- Era essa a ideia.

Horas depois: 
Depois de uma tarde inteira à beira da piscina com o Ezequiel, acabei por ir tomar um duche e preparar-me para o jantar: 
Sai do meu quarto e desci as escadas. 
O Sérgio estava na sala a ver televisão. Sentei-me ao lado dele esperando pelo Ezequiel. 
- Pode-se saber onde é que a miúda vai? 
- Jantar fora. 
- Com quem? 
- Não és meu pai...
- É como se fosse esta semana. 
- És tão chatinho! - nisto ouço um barulho de chaves e era o Ezequiel. 
- Vocês os dois!? - acho que o queixo do Sérgio só não foi até ao chão porque é completamente impossível.
Eu levantei-me indo ter com ele e, dando-lhe a minha mão, começamos a sair de casa. 
- Nós falamos depois priminho - deitei-lhe a língua de fora e saímos de casa. 
Assim que chegámos ao exterior da casa o Ezequiel fez com que eu rodopiasse sobre mim mesma e puxou-me para  ele.
- Estás linda - beijamo-nos e seguimos para o carro dele. 
- Sabes ao certo onde é que vamos comer? É que ainda não deves conhecer grande coisa aqui na zona.
- Realmente... sabes tu!
- Hum... precisamos de um sitio calmo, com privacidade... porque de certeza que todas as pessoas que estiverem no restaurante te vão cair em cima. 
- Pois.
- Acho que tenho o sitio ideal para o nosso principio e talvez para a noite completa - pousei a minha mão na perna dele - arranca. 
Ele ligou o carro e começou a conduzir de acordo com as minhas indicações.
Em pouco menos de 15 minutos estávamos na "casa assombrada", a casa do meu pai.
Se ele tinha saído do país há pouco tempo ainda deveria ter comida em casa e eu tinha as chaves. Abri o portão com o comando, o Ezequiel entrou com o carro e estacionou-o.
- Que casa é esta? - perguntou ele quando saímos do carro. 
- Bem vindo a casa do meu pai - caminhei na direcção da porta e abri-a com as chaves que tinha. Permanecia intacta e, pela primeira vez, pareceu-me bonita.
- Privacidade ou não? - interroguei. 
- Bastante - mesmo antes que pudesse dizer algo, ele retirou-me a mala da mão mandando-a para o chão, agarrou-me pela cintura e iniciamos uma troca de beijos intensa...

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

5º Capitulo: Coração ou cabeça?

Durante o almoço:

Estava eu, sentada ao lado da minha tia com o Ezequiel à minha frente, a Mariza a seu lado e o Sérgio na cabeceira da mesa, a termos um almoço super tranquilo.
- Como é que vai a faculdade Ana? - perguntou a minha tia. 
- Eu desisti... - respondi. Ainda não lhes tinha contado grande parte das minhas decisões de à dois meses para cá.
- Desististe!? - super chocado, o meu primo, só soube "gritar".
- Sim... sabiam que direito não era aquilo que eu esperava. Valeu mais desistir, do que estar a gastar dinheiro em algo que não é o que eu quero para o meu futuro. 
- E já sabes o que é que queres para o teu futuro, querida? - questionou a minha tia. 
- Sim... eu sei que pode parecer uma coisa sem futuro, mas é mesmo o que eu quero.
- Fala - pediu o Sérgio. 
- Vou abrir um salão de beleza. 
- Vais!? 
- Vou. A minha avó materna, quando faleceu, deixou-me algum dinheiro e com o que eu tenho junto, vai dar para os primeiros tempos... depois é esperar e ver se tem sucesso. 
- Tenho a certeza que vai ter muito sucesso querida - disse a minha tia. 
- Eu espero que sim.
- Se é o que tu queres... - começou o Sérgio - só espero que convides os teus primos e tios para a inauguração! 
- Podem ter a certeza que estão mais que convidados.
Acabamos o nosso almoço em torno do meu projecto. 
Depois de ter ajudado a minha tia a arrumar a cozinha, fui até ao jardim da casa do meu primo para telefonar à minha mãe.
Depois de três bip's:
"- Olá amor da minha vida!" - disse ela do outro lado da linha. 
- Mãe... como é que estás? 
"- Eu estou bem Ana. E tu? Como é que foi o primeiro dia com o teu pai?" 
- Não foi mãe. Ele está em viagem de negócios esta semana e eu estou em casa do Sérgio. 
"- O teu primo é que te foi buscar ao aeroporto?" 
- Foi. E disse-me para ficar com ele e com a tia que também está cá. 
"- Então esta semana vai ser boa!" - falou super animada. 
- Penso que sim. O Sérgio tem uma namorada de verdade mãe! 
"- O teu primo?"
- Sim! Também me custou a acreditar, mas é verdade.
"- Quando ele cá vier tem de a trazer." 
- Claro. 
"- E tu... já andas com algum algum espanhol debaixo de olho?" 
- Mãe!!
"- Ana! Tens de deixar de pensar que só porque são espanhóis têm de ser como o teu pai."
- Mas...
"- Nada! Tu és nova, tens a tua vida toda pela frente e tens de arranjar alguém."
- Ok... eu vou tentar, mas não prometo nada, até porque... 
"- Porque?" 
- Talvez... não sei, mas talvez haja alguém debaixo de olho.
"- A serio?"
- Sim... MAS não é espanhol! 
Do outro lado da linha a minha mãe desatou a rir.
- É argentino. 
"- É quase a mesma coisa!" 
- Eu sei... mas é diferente, não sei. 
"- Diferente?" 
- Sim... para além de responder sempre às minhas bocas (ela riu-se), parece ser tão simpático e, não sei, mas transmite-me qualquer coisa. 
"- Bem... que discurso..."
- Pois! Mas é um engatatão de primeira! E eu não quero que seja uma coisa de uma noite, percebes?
"- Percebo sim... mas porque é que não tentas?"
- Devo tentar mãe? 
"- Segue o que o teu coração te diz, minha princesa."
- E se ele não souber o que quer dizer? 
"- Pensas com a tua cabeça, a mãe queria continuar a falar contigo, mas é horas de ir trabalhar."
- Ah! Pois, desculpa, esqueço-me que aí é menos uma hora e que já está na hora de ires trabalhar.
"- Não tem mal.. Eu mais logo ligo-te, sim?"
- Sim. Liga para este número. É da casa do Sérgio. 
"- Ok. Até logo meu amor. A mãe ama-te muito."
- Até logo mãe. Eu também te amo muito. 
Desliguei a chamada e sentei-me na espreguiçadeira que estava ali ao pé da piscina. 
- Está tudo bem? - não queria acreditar na voz que estava a ouvir... será que tinha ouvido a minha conversa com a minha mãe? 
- Também tens a mania de ouvir conversas alheias? - questionei, deitando-me na espreguiçadeira. 
- Acabei de chegar - o Ezequiel deitou-se na que estava ao lado da que eu estava deitada.

(Ezequiel) 

Eu não sou do tipo de ficar a ouvir as conversas dos outros ao telemóvel, mas acabei por ouvir a parte final da conversa que a Ana estava a ter com a mãe a meu respeito, pelo que entendi... argentino + engatatão na cabeça da Ana é igual a Ezequiel Garay. 
- Não deverias ter ido com o meu primo para o Real Madrid? 
- Não... eu ainda tenho de fazer testes amanhã. Hoje vou mesmo ficar por aqui. 
- Boa - vi que ela não me olhava e o seu olhar estava preso no infinito. Os seus olhas estavam um pouco brilhantes. Quereria ela chorar? 
- Está mesmo tudo bem? 
- Gostas de insistir com esse tipo de perguntas. 
- Os teus olhos dizem-me o contrário das tuas respostas, que nunca chegam a ser respostas. 
Ela olhou-me e percebi que ela não estava bem. Sentei-me e cheguei-me para mais perto dela. 
- Eu sei... sei que estás a tentar fazer com que eu e tu tenhamos uma conversa aberta, mas eu não consigo. Não contigo. 
- Podes sempre esquecer que eu, sou eu. 
- É difícil. 
- Não queres tentar? 
- Mais tarde talvez.
Queria fazer com que ela se risse um pouco, aguentei 5 segundos antes de falar. 
- Já é mais tarde - o efeito foi o esperado. Ela soltou um sorriso genuíno, mas mesmo assim não foi suficiente. 
- Obrigada por tentares que eu fale, mas a sério não insistas...
- Tudo bem. Que tal um mergulho para afogar essas coisas que se passam contigo? 
- Parece-me bem... vou lá acima trocar de roupa. 
- Vamos lá então - levantei-me e estiquei a minha mãe na direcção da dela. Ela segurou-a e levantou-se. Entramos dentro de casa e fomos até aos nossos quartos. 

(Ana) 

Depois de escolher o bikini que me apetecia vestir lá me despachei. Coloquei só uma saia em volta da cintura para não andar assim pela casa.
Desci de novo para o exterior da casa e o Ezequiel já lá estava... foi impossível não me perder no corpo dele. Ele estava parado na extremidade da piscina, olhou para mim e mergulhou. 
Eu retirei a saia e fui até à escada para entrar dentro de água. A temperatura estava convidativa o que facilitou a minha entrada. 
Baixei-me de modo a que o meu corpo ficasse todo molhado. Voltando à superfície, o Ezequiel estava a centímetros de mim, completamente molhado e com gotículas na cara. 
- Assustaste-me. 
- Desculpa - com uns pequenos movimentos aproximei-me mais dele e ele acabou por se aproximar mais de mim. 
Algo parecia falar por mim... talvez o meu coração. Estava a querer que aquilo estivesse a acontecer e queria beijá-lo...
- Meninos!? - chamou a minha tia. Eu afastei-me dele e fui para o lado oposto da piscina. A minha tia não demorou a aparecer ao pé da piscina - então é aqui que vocês estão! Andava há vossa procura. 
- Passa-se alguma coisa, titi?
- Nada. Preciso de ir às compras e queria avisar-vos. Eu volto já. 
- Precisa de ajuda, D. Paqui? - perguntou o Ezequiel. 
- Não. Deixem-se ficar por aí. Até já. 
- Até já - dissemos os dois. 
Quando a minha tia saiu o Ezequiel olhou para mim e começou a aproximar-se de novo.