sexta-feira, 30 de novembro de 2012

9º Capitulo: "Tu?"

20-07-2011

Desde que abri o meu salão em Dezembro de 2010 que o tempo passa a voar. Ando sempre de um lado para o outro, mas super satisfeita com o sucesso que o salão está a ter. 
Aproveitei que hoje, quarta feira, é o meu dia de folga e dediquei-o todo à minha mãe. 
Levantei-me às 9:15h, tomei um duche rápido e vesti-me.
Fui até à pastelaria ao fundo da rua de nossa casa e comprei os bolos preferidos da minha mãe. Ela não faz anos, mas com a agitação em que ando decidi dar-lhe os miminhos que ela merece. 
Voltei para casa e ela já estava a pé. 
- Bom dia mamã - cheguei perto dela e dei-lhe dois beijinhos.
- Bom dia! Já andas a pé? 
- Sim. Hoje é dia de seres mimada!
- É?
- Sim. Vamos tomar o pequeno-almoço e eu conto-te os meus planos para hoje. 
- Vamos a isso. 
Sentamo-nos na mesa da cozinha a tomar o pequeno-almoço e eu contei-lhe todos os meus planos para hoje. 
Comecei por a por ainda mais bonita e saímos de casa para iniciarmos o nosso dia. Fomos até ao Palácio da Pena, em Sintra, sendo a nossa primeira paragem. Nunca lá tínhamos estado e foi uma experiência única para as duas. 
Por volta da 13:45h fomos almoçar em Cascais num restaurante mesmo junto da praia. 
Durante a tarde andamos às compras e quando ela pensava que o dia tinha terminado, mudei-lhe as voltas. 
- Então não vamos para casa? - perguntou ela no carro uma vez que estávamos a ir na direcção errada. 
- Não mãezinha. Tenho uma surpresa para ti. 
- Surpresa?
- Sim. Já estamos quase a chegar - fui para o Colombo e deixei o meu carro na garagem do centro. Saímos para o exterior e comecei a caminhar com a minha mãe até ao Estádio da Luz. Ela era super benfiquista, mas nunca foi a nenhum jogo, por serem quase sempre ao fim de semana e ela trabalhar muitas vezes às horas do jogo. 
- Maria Ana! Não posso acreditar! Vamos ver o jogo?
- Vamos sim, mãe linda - dei-lhe um beijo na bochecha e entramos para o estádio. 
Fomos para os nossos lugares, mesmo perto do relvado, e aguardamos pelo inicio da cerimónia. Era o jogo de apresentação do plantel as sócios. Eu e a minha mãe somos as duas sócias do Benfica desde pequenas. 
Estávamos na conversa, eu que por habito nunca tenho um relógio, peguei no meu telemóvel para ver as horas e vi que tinha uma chamada não atendida do Sérgio. 
- O Sérgio ligou-me - comentei com a minha mãe. 
- Será que era urgente? 
- Não sei... eu vou até ali acima falar com ele. Eu já volto. 
Fui até à zona mais sossegada do estádio onde pudesse ouvir o que o Sérgio me tinha a dizer: o WC. 
Iniciei a chamada e pouco depois ele atendeu. 
- Sérgio! Passou-se alguma coisa?
"- Não... está tudo bem. Sempre levaste a tua mãe ao jogo?" - no dia anterior tinha falado com ele e contei-lhe os meus planos para hoje. 
- Sim, porque?
"- Por nada... por nada."
- Sérgio, eu agora vou para ao pé dela porque os jogadores estão a começar a entrar.
"- Tá... fica ao pé da tua mãe e aguenta bem esse coração, e não é por causa do jogo! Liga-me assim que saíres daí."
- Até parece que o bicho papão vai jogar e me papar... até logo.
Desliguei a chamada e fui ter com a minha mãe. Muitos dos jogadores já estavam no palco e conhecia a maioria das suas caras. 
- Estás a gostar? - perguntei à minha mãe.
- Muito! Obrigada filha.
- De nada. 
Olhei para o relvado e à medida que vão anunciando mais jogadores e estes entram em campo vamos batendo palmas. 

"Segue-se com o número 24, a nossa mais recente águia da defesa... Ezequiel Garay!"

O senhor que estava a anunciar pronunciou-se, assim como o meu corpo. 
As minhas mãos pararam de bater palmas e o meu coração deve ter deixado de bombear quando aquele nome foi audível em todo o estádio. 
Ele apareceu no relvado, super sorridente, acenou a todas as bancadas do estádio e subiu ao palco. Fui incapaz de continuar de pé a olhar para o palco. Sentei-me e a minha mãe, sentando-se a meu lado, agarrou-me na mão. 
- Estás bem, meu amor? 
- Estou... estou mãe. Continua tu a ver. 
Fiquei completamente parada no meu sitio e não suportava quando o homem que estava à minha frente se desviava. Conseguia vê-lo através dos buraquinhos entre as pessoas. 
Quando o "espectáculo" da apresentação terminou, os jogadores e equipa técnica saíram do campo. E o ambiente ficou mais calmo e começou a preparar-se o jogo. 
- Tu não sabia que ele cá estava? - questionou a minha mãe. 
- Não...
- Queres ir embora? 
- Não! Nem pensar. É o teu primeiro jogo. 
- Mas podemos ir Ana. Tu não estás bem. 
- Eu aguento. 
Ficamos as duas a ouvir as pessoas a comentarem os jogadores, a fazerem prognósticos do jogo e nem demos pelo tempo passar e as equipas começaram a aquecer. 
Como estavamos numa bancada oposta a onde os jogadores do Benfica estavam a aquecer, eu não liguei muito aos que estavam lá... só queria saber quem é que jogava. 
Quando faltavam 5 minutos para o inicio do jogo, surgiu o 11 inicial: 
Artur Moraes; André Almeida, Javi García, Fabio Faria e Emerson; Matic, Urreta, Bruno César, Pablo Aimar e Nolito; Cardozo. 
Suspirei de alivio. Pelo menos 45 minutos não o tinha de ver. 
O Benfica começou a jogar para o nosso lado e foi uma primeira parte valente.
Consegui aproveitar o jogo, assim como a minha mãe. Nunca a tinha visto delirar tanto num jogo como hoje... ela em casa fazia coisas como se estivesse no estádio, mas aqui acabou por ser bem "pior".
O intervalo chegou e o jogo estava 0-0. 
Aproveitamos para ir comer alguma coisa e voltamos depressa para vermos o inicio da segunda parte. 
As equipas regressaram com os mesmos jogadores mas no minuto 46, o JJ decidiu fazer as primeiras substituições até que dava para os jogadores serem aplaudidos.
"Substituição na equipa do Benfica. Sai com o número 1 Artur Moraes! (palmas) entra com o número 12 Eduardoo! (palmas)"
O homenzinho anunciou por ordem numerica as saídas. Saiu o Cardozo e entrou o Saviola; saiu o Urreta e entrou o Gaitan; saiu o Pablo Aimar e entrou Witsel; saiu o Bruno Cesar e entrou o Enzo Perez. 
Já eram substituições em demasia... via-se mesmo que era um jogo de apresentação. 
"Sai com o número 41 Fábio Faria! (palmas) e entra, com o número 24, Ezequieeeel Garaaaay" o meu coração voltou a parar. Ele começou a dirigir-se para a sua posição na defesa e, uma vez que era a equipa adervesária que estava a atacar para o lado da baliza onde eu estava, ele estava a pouco mais que 10 metros de distância de mim. 
O resto do jogo, escusado será dizer, que pouco prestei atenção. Estava mais focada em não seguir o que o meu coração me dizia e resistir à tentação de não o seguir em todos os movimentos que fazia. 

No final do jogo:
O Benfica acabou por ganhar 1-0 e eu só pensava em sair do estádio, mas como era a primeira vez que a minha mãe estava a ver um jogo ficamos até os jogadores saírem de campo. Eles andavam a fazer a volta ao estádio e, como algumas pessoas que estavam à nossa frente já tinham saído, eu e a minha mãe estávamos mesmo na primeira fila. Eles chegaram à nossa bancada e foi então que morri de vez. 
O Ezequiel estava mesmo na minha frente, sem camisola, super feliz... os nossos olhos cruzaram-se e ficamos a olhar um para o outro. Ele sorria, mas via-se perfeitamente que estava surpreendido. 
- Tu? - consegui ler nos lábios dele tais palavras. 
Eles acabaram por sair do relvado. 
Eu e a minha mãe tiramos umas quantas fotografias, até para deixar a confusão sair. 
Saímos do estádio e ficamos no exterior do mesmo e a "sessão fotográfica" continuou. Quando já não estava muita confusão começamos a dirigirmo-nos para o sitio onde deixamos o carro. 
- Ana!? - aquela voz era irreconhecível. Conheceria-a aqui ou na China. 
- Não olhes para trás, mãe. Segue caminho - pedi à minha mãe e assim foi seguimos a pé até ao parque de estacionamento do Colombo. 
A minha mãe entrou para o carro e eu, antes de entrar, respirei fundo... vontade de chorar era o que mais tinha neste momento.
- Posso saber porque é que estás a fugir? - olhei para trás e ele estava ali. 
- Eu? Fugir... falas bem, mas não me atinges. Vieste atrás de mim porque? - fugi para o espanhol, era assim que eu falava com ele.
- Porque... porque passou um ano. E tu estás aqui. 
- Eu sempre estive aqui. Eu moro cá! Tu é que não devias estar aqui. 
- Não sabias pois não? Por isso é que foste ao jogo. 
- Que é que queres? Vieste atrás de mim porque? 
- Não sei... 
- Não sabes? Eu também não. É melhor voltares para a tua noiva.
- Como...
- Pode ter passado um ano, custou imenso, mas nem penses que vais estragar tudo agora - virei-lhe costas e entrei no carro. 
A minha mãe olhou-me, eu comecei a conduzir e só desejei chegar a casa.
O caminho foi feito todo em silêncio e assim que chegamos a casa fui direita ao meu quarto, deitei-me em cima da cama e chorei. Chorei como o tinha feito quando mais sentia saudades dele, como quando me arrancou o coração sem aviso prévio. Chorei, como quem está com saudades e está infeliz por continuar a amar uma pessoa que está noivo de outra. 

3 comentários:

  1. Oh...
    Adorei, mas não queria que ela chorasse.
    O Ezequiel aqui não é nada bom rapaz. lol
    Quero mais, sim??
    Beijinhos

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  2. Ohhhh isto assim não está com nada... preciso de mais... os meus DOIS piolhos já reclamam por isso somos três!!!

    Bjs

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  3. Capitulo bom, mas só não gostei da parte do estádio da luz... (brincar) :P

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