Maior felicidade que a minha? Duvido que haja. Estou num estado de felicidade que nada, nem ninguém o poderá destruir. Sou completamente independente financeiramente dos meus pais, graças ao trabalho com o salão. Tenho tido imensa sorte, fez-me crescer, fez-me seguir horários mas gostar de os seguir porque estou a fazer o trabalho que gosto.
A nível pessoal não poderia ser melhor. Os meus pais a viverem juntos, de novo, em Madrid, o Sergio recuperou a 100% do problema que teve, passou a ser descomprometido...mas se é para a felicidade dele estamos bem com isso. Estou noiva. Do melhor homem que existe à face da terra.
Ezequiel Marcelo Garay González. O meu rei, a minha metade, o meu oxigénio, namorado, noivo, futuro marido...e pai do meu Enrique. "Enrique Garay", iria ser assim o nome dele mas, como eu quero usar o Garay quando casarmos, decidimos que o menino ficaria González para ter o apelido dos avós paternos.
Tivemos a visita dos avós do lado do pai, dos tios e da tia Tamara e era esperado que, de Espanha, viessem só os meus pais...mas não foi o que aconteceu. Quando a minha mãe disse que tinha uma surpresa e que a ia buscar, quem entrou pela porta dentro não era o que eu estava à espera.
- Pequeña mamacita - com um sorriso que lhe é sempre característico aparece o Sergio, com o Gonzalo (Higuain). Não estava nada à espera que eles viessem, mas foi uma surpresa maravilhosa.
- Que é que estão aqui a fazer? - estava mesmo muito surpreendida. Tentei levantar-me sozinha, mas só o consegui fazer com a ajuda do Ezequiel.
- Achas mesmo que íamos esperar até termos folga para vermos o pequeño? - respondeu-me o Gonzalo.
Eu, esperando que viessem os dois ter comigo, foram logo em direcção do berço do Enrique. Estavam os dois debruçados sobre o bebé e era notória a felicidade deles.
- Como é que dois feios fizeram uma coisa tão linda? - perguntou o Sergio, pegando na mão do Enrique. O menino começou a chorar.
- Acho que ele não gostou que chamasse feios aos pais. Porra, ainda agora viste o puto e ele já está a chorar por tua causa - disse o Gonzalo. Meu Deus, isto com eles os dois vai ser para rir - pronto...bebé do padrinho, o teu tio é um parvalhão e só diz asneiras. A tua mamã e o teu papá são tão lindos como o sol!
- Estás a tentar remediar, mas ele sabe que não se pode olhar para o sol - atirou o Sergio, a rir-se e o Enrique deixou o choro para soltar um barulho seu - o puto tá a rir!
- Não está não! Ele só está com gases - eles os dois estavam entretidos e o Ezequiel juntou-se a eles.
- Vocês querem o que do meu filho? - perguntou ele.
- Eu acho que não é teu filho... - atirou o Sergio.
- Como se isso fosse possível. O Enrique é a cara chapada do Ezequiel. Consegue é ser mais bonito que ele.
- Mas isso são todos os bebés - atirou a minha mãe, fazendo com que todos olhassem para ela, fazendo o Sergio rir-se que nem um perdido.
- Tia, há bebés que parecem uns ET's quando nascem.
- Devias ser tu! O meu Enrique não é nenhum ET - disse o Ezequiel.
Eu e o meu pai apenas assistíamos àquilo tudo. Tinha-me apoiado nele, já que me sentia ainda um bocado dorida.
- O Sergio era feio quando nasceu, por acaso - afirmou a minha mãe.
- Tia, a minha genética é: quanto mais velho melhor. Por isso é que elas andam todas doidas atrás de mim - a gargalhada foi geral, mas o Enrique começou a chorar, de novo.
- Ele secalhar está com fome - o Gonzalo virou-se para ele mexendo-lhe na barriga, o que o acalmou.
- O puto está é com gases e vai abrir-se para ti! É a prendinha para o padrinho! - o Sergio mexeu na cabeça do Gonzalo, gozando com ele.
- Vê lá se não é para o tio! - atirei.
- Tu é que sabes o puto que tiveste. Achas que é para o padrinho ou para o tio? - perguntou.
- Não sei...mas acho que ele não te acha piada nenhuma.
- Diz que sim...ele vai achar muita piada ao tio - o Sergio debruçou-se sobre o berço, fazendo festinhas também ao Enrique - e vamos aprender umas coisas com o tio não vamos? - ele fez a pergunta ao Enrique de forma tão babada que me surpreendeu.
- Deus queira que ele não te esteja a ouvir! - começou o Ezequiel.
- Podes crer...para chato já bastas tu! - o Gonzalo acrescentou, mas nenhum dos dois se movimentou.
Ficaram ali ainda uns minutos os dois a "babar" para cima do meu filho. Os meus pais foram comer qualquer coisa e eu agarrei-me ao Ezequiel.
O Enrique é novidade e para eles os dois ainda mais. Tanto o Sergio como o Gonzalo desejavam conhecer este bebé o mais depressa possível e estão a demonstrar que vão ser tio e padrinho completamente babados.
- Seus monstros de baba! Estão aqui à quase vinte minutos e quase que não falaram a mais ninguém a não ser ao Enrique - falei, fazendo com que o Gonzalo e o Sergio olhassem para mim.
- Ei, tanto ciúme, raio da miúda! - disse o Sergio como se não se preocupasse e apenas continuou a olhar para o Enrique. Já o Gonzalo veio ter comigo e com o Ezequiel.
- Já que sou o padrinho vou demonstrar mais carinho que o tio. Anda cá sua mãe babada - o Gonzalo abraçou-me, dando-me um beijinho na bochecha - muitos parabéns pelo menino, Ana.
- Gracias por tudo, Gonzalo! - senti o Ezequiel a abraçar-me também e, por isso, eu fiquei no meio deles os dois.
- Abraço de grupo! - disse o Ezequiel.
- Falto eu, falto eu! - o Sergio, esse sim é um ciumento! Senti-me a ficar encurralada, era eu no meio deles os três...sentia-me sufocada!
- Epá ainda agora fui mãe e já querem que eu me vá para ficarem com o meu filho? - todos gargalharam e afastaram-se. Todos...menos o Sergio que decidiu fazer a pior coisa da sua existência: pegar-me ao colo e rodar comigo. Sempre me fez isso, mas com as dores que eu tenho...não é lá grande diversão - Sergio, põem-me no chão imediatamente! - consegui implorar que ele me metesse no chão e quando o fez, foi impossível não soltar uma lágrima.
- O que é que eu fiz? - perguntou ele meio aflito.
- São as dores... - respondeu o Ezequiel, abraçando-me por trás. Senti o meu corpo relaxar e as dores tornarem-se um bocadinho menos intensas.
- Oh pequeña desculpa...
- Tu não sabias, não tem mal...ajuda-me a deitar, Ezequiel.
Lá me deitei, a muito custo, e o Sergio ficou ao meu lado.
- Desculpa mesmo, pequenina. Eu não sabia. Pensei que estivesses bem.
- E eu estou bem, mas tenho dores do parto Sergio...as coisas não desaparecem de um dia para o outro...não te preocupes, a sério - nisto começa o Enrique a chorar.
- Ele deve querer mamar, Ana.
- Agora? - senti-me a desesperar. Tinha de o fazer, é óbvio, mas não era mesmo boa altura.
- Parece que sim...
- Nós vamos até lá fora - avisou o Gonzalo, saindo com o Sergio.
O Ezequiel pegou no Enrique colocando-o no meu colo. Preparei-me para dar de mamar ao menino e, contrariamente ao que pensava, ele não me aleijou tanto como as primeiras vezes.
Horas depois:
Os meus pais, o Sergio e o Gonzalo passaram cá toda a tarde. Parte dela estivemos sem o Ezequiel. Ainda não tinha avisado o Benfica do que tinha acontecido e foi lá durante a tarde para os informar que hoje não ia ao treino e que amanhã só iria da parte da tarde, já que de manhã vamos para casa.
Quando a hora da visita terminou voltámos a ficar os três sozinhos num ambiente a que eu já me acostumava. O Ezequiel super pertinho de mim sentado na cadeira com o Enrique deitadinho ao meu lado, no meio de nós.
- Esta felicidade não vai acabar pois não? - perguntou o Ezequiel, pegando na minha mão.
- Eu espero que não...e que vá aumentando de dia para dia.
- Temos tudo para que isso aconteça não?
- Sim...temos mesmo - ele beijou-me, levantando-se - onde vais?
- Estou com fome e trouxe umas bolachas de casa - ele foi até ao saco dele e retirou de lá o pacote das bolachas que nas ultimas semanas da gravidez eram o meu desejo: bolachas tipo americanas com pepitas de chocolate. Ele voltou a sentar-se na cadeira, abrindo o pacote - queres?
- Não...acho que enjoei disso.
- Diz que enjoaste - ele lá comeu as bolachas dele, eu dei de mamar ao Enrique e adormeci o menino. Que só adormece quando me levanto e me ponho a andar com ele de um lado para o outro.
Quando me voltei a deitar e olhei para o Ezequiel, o pacote das bolachas tinha desaparecido.
- Dá-me lá uma bolacha - pensando eu que ele já as tinha arrumado.
- Queres...uma bolacha?
- Sim, dá lá.
- Mas não tinhas enjoado?
- Ezequiel, estava a brincar. Dá lá uma.
- Eh...as bolachas já acabaram.
- Ezequiel? - como é que ele, em quinze minutos tinha comido um pacote de vinte bolachas? - O que é que tu acabaste de dizer?
- Já não há bolachas. Sim, comi todas e não dei por isso.
- Os outros eram os monstros da baba e tu viraste o monstro das bolachas?
- O que é que queres? Estava com fome e, para não comer o que quero, refugiei-me nas bolachas.
- Ezequiel!
- Que é que foi? É a verdade! Tou aqui à quase três semanas a pão e água, as bolachas são boas e fazem-me esquecer a minha vontade.
- Então é por isso que todos os dias o pacote das bolachas ia. E tu dizias que era eu! Fizeste-me pensar que eu é que tinha acabado as bolachas e deves ter sido tu.
- Sim era eu, mas o que é que queres...? Tu não me dás alimento.
- Até parece...
- Ana, há três semanas que estou encostado na garagem.
- Fogo, Ezequiel, agora só pensas nisso?
- Tou com falta.
- Oh monstrinho das bolachas...
- Agora sou o monstro das bolachas é?
- És, e és só meu! - ainda que deitada, puxei o Ezequiel pela camisola, beijando-o.
- E posso dar-te uma trinca, bolachinha?
- Agora tenho cara de bolacha?
- Não...mas se sou o teu monstro das bolachas, tu és a minha bolachinha e devias deixar-me dar-te uma trinca.
- Eu deixo.
- E dás-me uma mãozinha?
- Queres a minha mãozinha para que? - o Ezequiel saiu da cadeira, deitando-se a meu lado e puxou o meu corpo para ele, de tal modo a ficarmos mesmo, mesmo agarradinhos.
Sabia bem o que ele queria, estamos completamente à vontade um com o outro, sabemos os segredos um do outro muito bem e sermos um casal que fala abertamente das suas...necessidades só nos facilita quando chega a hora H. Fui mãe nem há 24 horas, mas dar uma mãozinha ao meu noivo não faz mal a ninguém, muito pelo contrário...faz dele um homem mais satisfeito e eu contente por que sou útil mesmo mais incapacitada.