quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

11º Capitulo: "Por eso dime que me quieres"

Meia hora de choro deu para libertar mais um pouco do meu sofrimento. 
Sai do salão para ir almoçar. Não tinha muita vontade de comer, mas seria melhor sair dali do que recordar o que se tinha acabado de passar. 
Iniciei a minha caminhada, mas fui arrastada para dentro de um carro. Inicialmente fiquei apavorada e até tentei morder a pessoa que me estava a agarrar, mas ao pedir-me que me acalma-se soube que não era nenhum rapto. Ele enfiou-me nos bancos traseiros do carro e fechou o carro. Eu tentei abrir as duas portas, mas estavam ambas trancadas. 
Ele voltou a entrar para o carro, mas para o banco do condutor e começou a conduzir. 
- Tu estás parvo? Que é que estás a fazer?
- O que devia ter feito e nunca fiz. Vamos ter uma conversa a serio. 
- E se eu não quiser falar? 
- Ouves. 
- Preciso de almoçar - passei para o banco da frente - e não pode demorar muito tempo - ele sorriu vitorioso - escusas de estar com esse sorrisinho parvo. Eu vou ouvir, tu pagas a minha comida e trazes-me de novo ao salão. Nada mais. 
- Isso vamos ver... 
Ele continuou a conduzir e ficamos os dois em silêncio o caminho todo. 
Acabamos por chegar a uma praia na linha de Carcavelos. O Ezequiel saiu do carro e abriu-me a porta, agarrando-me pelo braço.
- Não tenhas medo que eu não fujo. Aliás... eu nunca fugi. 
Ele soltou-me e trancou o carro. Caminhamos até ao areal. Ele ia mais à frente e eu mais atrás. Ele, entretanto, parou e sentou-se. Eu passei um pouco por ele e sentei-me ligeiramente mais à frente, mas ao lado dele. 
- Se eu soubesse que ainda hoje continuas na mesma eu acho que não tinha feito o mesmo caminho que fiz até hoje. 
- Hã? 
- Se eu soubesse que tu ainda me...
- Passa à frente - interrompi-o. 
- Porque? 
- Custa ouvir isso. Custa senti-lo. 
- E também custa ouvir-te dizer isso. 
- Queres que te diga que não. Que não custa? Custa! E muito! Sabes perfeitamente que o que te disse todos os dias durante um mês não foram mentiras. Eu queria ser feliz contigo, queria poder dizer que te amo, sem pensar que tens outra pessoa e que me trocas-te por ela. 
- Eu não te troquei...
- Pois não. 
- Ana - o Ezequiel aproximou-se de mim e olhamo-nos fixamente - todos os dias que estava com a Tamara, eu lembrava-me de ti. Queria saber como estavas e era impossível saber se estavas bem, se me tinhas esquecido. O teu primo nunca mais falou comigo desde aí...
- Arranjas-te um inimigo para a vida - falei, rindo-me. 
- Posso ter cometido esse erro, mas estou disposto a voltar a tentar ser o teu Ezequiel. Eu quero ser como fui em Agosto contigo. Quero saber que te tenho todos os dias ao voltar para casa. Gostava mesmo muito que desta vez fosse real. Estamos os dois aqui, perto um do outro... seria mais fácil.
- Como é que seria mais fácil? Tu próprio disseste que se a deixasses agora era à tua família que desiludias...
- Prefiro perder o orgulho que eles têm em mim se isso significar que volto a tentar ser feliz com a mulher que amo. 
- Então... responde-me a uma pergunta. 
- Força. 
- Porque é que a pediste em casamento? 
A cabeça dele virou-se para o mar e os seus olhos ficaram extremamente brilhantes. 
- Foi uma maneira de tentar esquecer o que te fiz... eu usei-a, sei que não estou a ser correcto com ela, mas eu naquela altura não pensei nas consequências - voltou a olhar para mim - queria que, pelo menos, tentasse parecer que estava tudo bem. 
- Porque? Acabaste por sofrer...
- Sim. Tu sabes que sim.
- E agora? O que é que vais fazer? 
- Pagar-te o almoço? - acabamos por rir os dois. 
- A sério. Não agora. 
- Quero tentar. Quero correr o risco de te perder de vez, mas quero ter a certeza que tentei e que fiz de tudo para te merecer. Por eso dime que me quieres. Diz que me amas e eu acabo tudo com ela e tentamos ser só nós os dois. 
- Não é assim tão simples. 
- É sim. Basta me confirmares aqui e agora que me continuas a amar e voltamos a ser só nós.
Olhei para ele, olhei para o mar e as memórias do mês em Madrid vieram-me à cabeça. Todos os momento em que nos rimos, que chorei nos braços dele quando o meu pai se esqueceu dos meus anos, quando fomos ver um filme ao cinema e acabamos por sair de lá mais cedo porque discutimos. Sorri ao lembrar-me de tudo e uma lágrima caiu-me pela face. Limpei-a e olhei para o Ezequiel de novo. 
- Sabes que sim.
- Dime. 
- Porque? 
- Quero ouvi-lo de ti. Custa só a primeira vez - ele deu-me um encontrão no ombro. 
- Yo te quiero mucho, mi hombre. 
Sorrimos os dois, o Ezequiel aproximou-se ainda mais de mim e colocou a sua mão no fundo das minhas costas. 
- Yo tambien te quiero mucho, mi corazón. 
Beijámo-nos. Sem pressa. As saudades que eu tinha daqueles lábios pareciam aumentar a medida que o beijo se prolongava. Acabei por o interromper.
- Não podemos estar já assim... sabes que há o coração de outra pessoa no meio de isto tudo. 
- Eu prometo que vou falar com ela assim que chegar a casa. 
- Então vai já - tive a noção de que me precipitei um bocado - quer dizer... se estiveres preparado. 
- Mais que preparado. Mas não querias almoçar? 
- Como qualquer coisa lá perto do salão...
- Então, vamos - levantamo-nos e voltamos para o meu salão. Despedimo-nos com um beijo completamente apaixonado e com a esperança de o voltar a ver "solteiro".

(21:30h)

Tinha acabado de jantar com a minha mãe quando me liga o Sergio. 
"- Buenas noches, pequeña." 
- Buenas noches, Sergito.
"- Não me ligaste ontem..."
- Não. Mas percebi porque quiseste que te ligasse.
"- E como é que estás?" 
- Bem...
"- Mesmo?" 
- Sim... Sergio, eu falei com ele. Promete que não te passas com o que te vou dizer.
"- Que é que vem daí?" 
- Promete!
"- Ok. Prometo!"
- Acho... ou melhor, nós vamos voltar a andar. 
"- Desculpa!?" 
- Sim. O Ezequiel vai voltar a ser teu primo. Ele não me esqueceu... e tu nunca me disseste que tinhas deixado de falar com ele...
"- Tu é que sabes. A vida é tua. Espero que quando ele te deixar outra vez, não fiques como ficaste."
- Já estás a dizer que ele me vai deixar...
"- É só uma maneira de falar." 
- Hei-de ir aí, com ele. 
"- Estás à vontade."
- Como é que está a Mariza? 
"- Está boa."
- Ainda bem. Vá... vou tomar um banho e dormir.
"- Vai. Tem uma boa noite."
- Boa noite. 
Desligámos a chamada e fiquei com a sensação que o Sergio não estava mesmo nada contente com a noticia... mas com ele tinha de ser eu a falar. 
Fui tomar um duche e vesti o meu pijama. Fui até à sala, liguei a televisão e fiquei um bocadinho a ver uma série. Nisto o meu telemóvel volta a tocar. 
Era um número estranho, pensei que fosse uma das minhas clientes. Atendi: 
- Boa noite - disse.
"- Buenas noches" - a voz do Ezequiel soou do outro lado da linha. Serenidade... transmitia uma serenidade profunda. 
- Ezequiel...
"- Já está tudo resolvido. Ela voltou agora para Espanha."
- Já!? 
"- Sim. Ela nunca quis vir comigo. Por isso foi logo no primeiro avião que arranjou." 
- E como é que ela reagiu?
"- Mal... expliquei-lhe tudo, mas mesmo tudo."
- Coitada...
"- Coitado era de mim se tu não tivesses comigo."
- Eu não estou contigo. 
"- Não!?" 
- Não... eu estou em minha casa. E, a não ser que tenhas o manto do Harry Potter, não te vejo aqui.
"- Estou a ver... isso pode-se resolver."
- Não, não se pode. A minha mãe está em casa e eu amanhã tenho de me levantar cedo. 
"- E amanhã... posso ir ter contigo ao salão?" 
- Podes sim. Que tal... irmos almoçar os dois? 
"- Parece-me muito bem. Passo lá no salão à mesma hora de hoje?"
- Sim. 
"- Tá."
- Olha... onde é que é a tua casa? 
"- Porque?" 
- Curiosidade. 
"- É ao fundo da rua do teu salão."
- Dá-me meia hora. 
"- Para?" 
- Chegar aí. 
"- Esperamos um ano..."
- Cala-te! Vou-me despachar. Te quiero. 
"- Te quiero tambien, mi corazón."
Desliguei a chamada e fui até ao meu quarto. Escolhi a primeira roupa que me apareceu à frente. Estava calor, apesar de ser noite. Mas como estamos em pleno verão...
Antes de sair, deixei um bilhete à minha mãe... nunca se sabe o tempo que se demora a fazer as pazes e a matar saudades. 
Fui até à rua do salão e de seguida até ao fundo da rua, como o Ezequiel me tinha dito. Vi o carro dele estacionado e soube perfeitamente que era aquela a casa de mi hombre. 

6 comentários:

  1. Ai.... acabaste na melhor parte LOOOL onde está o resto???

    Bjs

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  2. Fantastico adorei continua.bjs

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  3. Adorei!
    Sabe bem ler um capítulo teu depois de um jogo destes... Já tenho o coração mais quentinho. :)
    Beijinhos

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  4. gostei muito, continua a escrever

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  5. fantastico... adoro...

    quero mais... tou super curiosa para ver o proximo...

    continua...

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  6. AI JASUS ESTE CAPÍTULO :O
    Adorei!!! =D
    Foi brilhante a parte em que inseriste o título d fanfic no texto ;)
    Ñ tenho pena nenhuma da tâmara... pode muito bem ir para Espanha arranjar uma tâmara macho (Não é boa nisso?!)ehh ehh
    Jinhs <3

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