8
meses completos de gravidez. Depois de muitos enjoos matinais,
desejos loucos a meio da noite que o Ezequiel muito aturou, está
cada vez mais perto o dia de ter nos meus braços a minha menina. É
uma bela princesa, como eu desejava. O Ezequiel andou uns tempitos
“amuado” porque se estava a habituar à ideia de ter um mini
Garay para treinar.
A
minha relação com o Ezequiel não podia ir melhor. Estávamos mais
apaixonados que nunca, vivíamos em função um do outro, da nossa
bebé e da nossa relação. Tinha-me mudado para casa dele...era
insuportável passar uma noite sem ele.
O
meu salão está com muito sucesso, muito trabalho e a crescer cada
vez mais.
-Não achas que devias
estar em casa? Podes descansar...com essa barrigona como é que
aguentas? - perguntou a minha
mãe quando me sentei na cadeira do escritório.
-Mãe...a serio...eu
estou bem e a tua neta também. Por isso podes estar descansada.
-Mesmo assim. Podias
descansar uns dias. Tens andado sempre por aqui todos os dias da
gravidez, sem muito descanso...isso não te faz lá muito bem –
comecei a sentir umas fortes
picadas no lado esquerdo da barriga...o que nunca me tinha
acontecido. Senti um desconforto enorme...estava toda molhada no meio
das pernas...CALMA!!! As minhas águas rebentaram!?
-Mãe...eu acho que me
rebentaram as águas?
-Como?
-Sim...mãe...eu acho
que a tua neta vai nascer!!
-Vamos! Temos de ir
para o hospital! - a minha mãe
ajudou-me a levantar, a ir até ao carro e fomos para o hospital.
Ainda faltava um mês para ela nascer...estaria tudo bem?
(Ezequiel)
Tenho
vivido os melhores dias da minha vida nestes últimos 8 meses.
Acompanhar
cada momento da gravidez tem-me deixado cada vez mais cheio do
vontade de conhecer a princesinha que vai nascer.
Hoje,
um dia como outro qualquer, tinha deixado a Ana no salão...continua
a insistir para isso...e eu não posso fazer nada. Tinha ido para o
treino, que correm super bem.
Depois
de mais um intenso treino, fui até ao balneário, pegando no
telemóvel e reparei que tinha algumas chamadas não atendidas da
Rosa.
Liguei-lhe
antes de me despachar. Depois de 3 bip's ela atendeu.
-Rosa...está tudo
bem? - perguntei.
“-Ezequiel...a tua
filha vai nascer.”
-Como?
“-Sim! A Ana está
em trabalho de parto e a menina vai nascer hoje.”
-Vocês estão no
hospital?
“-Sim”
-Eu vou já para aí.
Desliguei
a chamada, despachei-me o mais depressa que consegui e desatei a
correr para fora do Caixa Futebol Campus. VOU SER PAI!!
Depressa
cheguei ao hospital onde a Ana estava, era o mesmo onde tínhamos as
consultas, pois lá estava a nossa médica. Apressei-me a ir até à
recepção:
-Bom dia. A minha
namorada deu entrada neste hospital para ter a nossa filha, sabe onde
tenho de me dirigir?
-O senhor têm de ir
até ao piso 3 e depois fala com a minha colega que está na
recepção.
-Muito obrigado.
Fui
até ao elevador e pressionei no botão 3. Pareceram horas dentro
daquele elevador, mas finalmente tinha chegado ao piso que a rapariga
da recepção me tinha dito.
Fui
até à recepção do piso:
-Bom dia. A minha
namorada deu entrada neste hospital para ter a nossa filha, sabe-me
dizer onde é que ela está?
-Como se chama a
senhora?
-Ana Ramos.
-Só um segundinho –
a rapariga introduziu algo no
computador – a sua companheira já deu entrada no bloco
de partos, acompanhada pela mãe. O senhor pode dirigir-se até lá e
fala com o responsável para puder assistir.
-Muito obrigado.
-Ao fundo do corredor
à esquerda.
Corri...corri
na direcção que a rapariga tinha dito, virei à
esquerda...quando...vejo a Rosa...a Rosa, à porta a tentar espreitar
para dentro de uma porta. Apressei-me a ir ter com ela.
-Rosa...
-Ezequiel – ela
abraçou-me e...estava toda a tremer.
-Que se passa Rosa?
Porque não está lá dentro?
-Eles não deixam lá
estar ninguém...vão ter de fazer cesariana...a menina não está na
posição certa.
-Mas está tudo bem
com elas?
-Em principio
sim...mas os médicos estão com medo...a Ana já estava muito
fraca...ela ainda tentou fazer parto natural, mas não dá.
-Vai correr tudo bem.
As nossas meninas vão aguentar. Mas não podemos entrar?
-Não. Eles neste
momento não querem ninguém lá dentro.
-Venha sentar-se –
acompanhei a Rosa e sentamo-nos
no banco que ali se encontrava.
45 minutos depois:
Esta
espera esta a deixar-me completamente louco! Não dão noticias, não
se vê nada lá para dentro...nem se ouve nada.
-Eles podiam dizer
alguma coisa, não?
-Tem calma Ezequiel –
dei mais uma ida e vinda pelo
corredor, quando o som mais perfeito do mundo se fez ouvir. A minha
princesinha chorou. Nasceu a bebé mais linda do mundo.
-Ela nasceu! -
abracei-me à mãe da Ana e,
passado algum tempo, uma enfermeira sai do bloco de partos com a
minha menina nos braços. Dirigiu-se a mim e entregou-ma...foi a
sensação mais indescritível do mundo, ter este pedaço de mim e da
Ana nos braços era completamente maravilhoso. Ela era linda, era
pequeninas, mas era linda.
-É tão parecida com
a Ana quando nasceu – comentou
a Rosa.
-Eu agora tenho de
levá-la para a incubadora – a
enfermeira esticou os braços e entreguei-lhe a menina. Voltei a
abraçar a Rosa e chorei...de felicidade. É tão difícil descrever o
que se sente nestes momentos...mas é tão bom o que se sente.
Ficamos
os dois ali ainda algum tempo para sabermos da Ana. Saiu de lá a
nossa médica.
-Já viu a sua menina?
- perguntou-me.
-Já sim. Como é que
está a Ana.
-Sentem-se aqui comigo
– a médica apontou para o
banco e sentamo-nos. Eu ao lado da Rosa e a médica a meu lado –
como sabem a bebé estava numa posição irregular.
-Sim.
-E...a Ana...ela teve
muita força nos momentos antes da cesariana, foi muito duro para o
corpo dela...e...a Ana não aguentou. Ela teve uma hemorragia interna
e faleceu logo após o nascimento da bebé. Ainda tentamos reanimá-la
mas não conseguimos – como é
que é possível darem duas notícias tão distintas uma da
outra...nasceu a bebé...e morreu...a minha Ana...isto não pode
estar a acontecer! Não pode!
A
Rosa abraçou-se a mim a chorar...como eu também chorei com
ela...era como se me tivessem arrancado metade do coração...metade
dos pulmões...metade de tudo...metade da minha existência.
A
Ana era a pessoa que eu sempre desejei ter na minha vida, era um ser
humano de outro mundo, tinhamos as nossas coisas, mas ela era a minha
alma gémea...e como ela mais ninguém existe.
Eu
e a Rosa ficamos algum tempo sem falar...sem nos mexermos, mas ela
tomou a iniciativa e ligou ao pai da Ana, que rapidamente se juntou a
nós e, enquanto ele amparou a Rosa, eu fui até ao berçário.
Agarrei-me
à vitrina e chorei ali o que não conseguia chorar ao pé da
Rosa...sentia-me sozinho, como é que eu vou sobreviver sem ela? Como
é que eu vou criar a nossa filha sem ela?
3 dias depois:
Funerais...não
era o melhor sitio para ir a um sábado de manhã, depois de se sair
do hospital com a Ana...a minha filha. A nossa filha.
Tinha
decidido, com a Rosa e o Roberto, dar à bebé o nome da mãe.
Estava
a família toda presente...os pais dela, os primos, os tios, os meus
pais, os meus irmãos...eu...e a nossa filha.
Quem
discursou para os presentes foi o Sergio...mais nenhum de nós tinha
coragem para o fazer. Foi uma belíssima cerimónia, ao género da Ana,
tranquila, romântica...mas também alegre. Quando se preparavam para
descer o caixão, os pais da Ana aproximaram-se dele, falaram para
ela...e eu fiz o mesmo, com a nossa menina nos braços.
-Não era assim que
devias partir...deverias ter conhecido a nossa menina...devias ter
feito tudo o que querias fazer. Vou cuidar dela...como cuidei de ti.
Nunca amarei ninguém como te amo a ti...és a minha vida, és o meu
coração...o que é que eu faço sem ti?
A
Rosa chegou perto de mim, fazendo-me sinal que tinha de sair dali.
Voltei para junto do Roberto e da Rosa...olhando para a Ana que tinha
nos braços...tinha visto fotos da minha Ana quando era bebe e era
igualzinha à nossa filha. É na nossa menina que está a Ana neste
momento...mas nunca, nunca, a amarei como amo a minha reina.
3
anos depois:
-Papá!
- a
Ana veio a correr para mim.
O
tempo passa sem dar-mos por ele e, hoje, a minha princesa faz 3
aninhos. Está cada vez mais parecida com a mãe quando tinha a idade
dela...não só na fisionomia, mas também em feitio. Se bem que esta
pulguinha tem mais teimosia que a mãe.
Viver,
dia após dia, sem a Ana...tem-se conseguido ultrapassar...mas quando
cai a noite...a falta dela assume proporções que nem se conseguem
descrever. É a nossa filha que vai conseguindo...sarar esta ferida,
com cada beijo que me dá, com cada abraço, com um “amo-te papá”
e com a companhia que me faz ao recordar a mãe.
Para
a Ana, a mãe é uma estrelinha no céu que olha por ela todos os
dias.
Nunca
escondemos o que aconteceu...sobretudo agora que ela faz mais
perguntas...ou por ver as fotografias espalhadas pela casa, por me
ouvir...chorar à noite...ela é perspicaz e não vale a pena
esconder-lhe uma das melhores pessoas que ela conheceu...porque ela
passou 8 meses em contacto com a mãe e não foi em vão.
-Como
é que está a minha boneca? - peguei
nela ao colo e dei-lhe um beijo. Estava a chegar agora a casa da
Rosa, depois de um treino no Benfica.
-Tou
bem papá...xabex, já tive a falhare com a mamã.
-Ai
sim?
-Shim.
Tava no quato delha, com o Ucky (era
o Lucky) e falhamos
os dois com a mamã. Elha deu-me os palabéns e eu digo-lhe que goto
muito delha e que queria ela com nós.
-Disseste
isso tudo à mamã?
-Shim!
Ah! E também disse pa ela fazer o papá deixar de cholhalhe à note
– abracei
a minha pequenina e foi impossível não deixar cair uma lágrima...o
dia de hoje é feliz e triste. A Ana faz 3 anos...mas também faz 3
anos que perdi a minha grande paixão, o meu orgulho...a minha Ana.
Nao era suposto ser assim que se festejam as vitorias do Benfica... A chorar. Tinha guardado as minhas lagrimas para o fim do campeonato e seriam de alegria!
ResponderEliminarEstou mesmo...destroçada com o rumo da historia. Sinceramente nao vou dizer muito mais porque arriscar-me-ia a dizer asneiras...
Beso
Ana Santos
Aí, que capitulo tão triste pah!
ResponderEliminarjá chorei tanto :'(
oh meu deus
ai, nem acredito que estou a chorar :o
ResponderEliminaristo foi uma reviravolta enorme, e que me deixa em choque, afinal a ana era a vida desta história :c
nem digo mais nada, para não sair asneira, ihih
besos, Débora*
:O
ResponderEliminarIsto não se faz!!
Tou aqui banhada em lágrimas!
Estou aqui a chorar, e é a primeira vez que leio esta fic. Tenho de ler esta fic desde o inicio porque já fiquei viciada nela.
ResponderEliminarBem não era nada disto que eu esperava que acontecesse!
ResponderEliminarPobre Ana, e pobre Ezequiel :O
Tenho a certeza que irás arranjar um bom rumo para a história ;)
Aguardo o proximo capitulo!
Beijinhos
Ritááá xD
:( :( :(
ResponderEliminarJá não tenho vontade de dormir, tenho vontade de chorar! Eu estou a chorar baba e ranho!! E não é um momento nada bonito de se ver!!
Isto faz-se??? Não, Dona Ana, isto não se faz!! Não sei o que dizer... Ainda estou :O e :(
Beijinhos