domingo, 3 de março de 2013

33º Capitulo: A.n.a

6 meses e meio depois:
8 meses completos de gravidez. Depois de muitos enjoos matinais, desejos loucos a meio da noite que o Ezequiel muito aturou, está cada vez mais perto o dia de ter nos meus braços a minha menina. É uma bela princesa, como eu desejava. O Ezequiel andou uns tempitos “amuado” porque se estava a habituar à ideia de ter um mini Garay para treinar.
A minha relação com o Ezequiel não podia ir melhor. Estávamos mais apaixonados que nunca, vivíamos em função um do outro, da nossa bebé e da nossa relação. Tinha-me mudado para casa dele...era insuportável passar uma noite sem ele.
O meu salão está com muito sucesso, muito trabalho e a crescer cada vez mais.
-Não achas que devias estar em casa? Podes descansar...com essa barrigona como é que aguentas? - perguntou a minha mãe quando me sentei na cadeira do escritório.


-Mãe...a serio...eu estou bem e a tua neta também. Por isso podes estar descansada.
-Mesmo assim. Podias descansar uns dias. Tens andado sempre por aqui todos os dias da gravidez, sem muito descanso...isso não te faz lá muito bem – comecei a sentir umas fortes picadas no lado esquerdo da barriga...o que nunca me tinha acontecido. Senti um desconforto enorme...estava toda molhada no meio das pernas...CALMA!!! As minhas águas rebentaram!?
-Mãe...eu acho que me rebentaram as águas?
-Como?
-Sim...mãe...eu acho que a tua neta vai nascer!!
-Vamos! Temos de ir para o hospital! - a minha mãe ajudou-me a levantar, a ir até ao carro e fomos para o hospital. Ainda faltava um mês para ela nascer...estaria tudo bem?

(Ezequiel)
Tenho vivido os melhores dias da minha vida nestes últimos 8 meses.
Acompanhar cada momento da gravidez tem-me deixado cada vez mais cheio do vontade de conhecer a princesinha que vai nascer.
Hoje, um dia como outro qualquer, tinha deixado a Ana no salão...continua a insistir para isso...e eu não posso fazer nada. Tinha ido para o treino, que correm super bem.
Depois de mais um intenso treino, fui até ao balneário, pegando no telemóvel e reparei que tinha algumas chamadas não atendidas da Rosa.
Liguei-lhe antes de me despachar. Depois de 3 bip's ela atendeu.
-Rosa...está tudo bem? - perguntei.
-Ezequiel...a tua filha vai nascer.”
-Como?
-Sim! A Ana está em trabalho de parto e a menina vai nascer hoje.”
-Vocês estão no hospital?
-Sim”
-Eu vou já para aí.
Desliguei a chamada, despachei-me o mais depressa que consegui e desatei a correr para fora do Caixa Futebol Campus. VOU SER PAI!!
Depressa cheguei ao hospital onde a Ana estava, era o mesmo onde tínhamos as consultas, pois lá estava a nossa médica. Apressei-me a ir até à recepção:
-Bom dia. A minha namorada deu entrada neste hospital para ter a nossa filha, sabe onde tenho de me dirigir?
-O senhor têm de ir até ao piso 3 e depois fala com a minha colega que está na recepção.
-Muito obrigado.
Fui até ao elevador e pressionei no botão 3. Pareceram horas dentro daquele elevador, mas finalmente tinha chegado ao piso que a rapariga da recepção me tinha dito.
Fui até à recepção do piso:
-Bom dia. A minha namorada deu entrada neste hospital para ter a nossa filha, sabe-me dizer onde é que ela está?
-Como se chama a senhora?
-Ana Ramos.
-Só um segundinho – a rapariga introduziu algo no computador – a sua companheira já deu entrada no bloco de partos, acompanhada pela mãe. O senhor pode dirigir-se até lá e fala com o responsável para puder assistir.
-Muito obrigado.
-Ao fundo do corredor à esquerda.
Corri...corri na direcção que a rapariga tinha dito, virei à esquerda...quando...vejo a Rosa...a Rosa, à porta a tentar espreitar para dentro de uma porta. Apressei-me a ir ter com ela.
-Rosa...
-Ezequiel – ela abraçou-me e...estava toda a tremer.
-Que se passa Rosa? Porque não está lá dentro?
-Eles não deixam lá estar ninguém...vão ter de fazer cesariana...a menina não está na posição certa.
-Mas está tudo bem com elas?
-Em principio sim...mas os médicos estão com medo...a Ana já estava muito fraca...ela ainda tentou fazer parto natural, mas não dá.
-Vai correr tudo bem. As nossas meninas vão aguentar. Mas não podemos entrar?
-Não. Eles neste momento não querem ninguém lá dentro.
-Venha sentar-se – acompanhei a Rosa e sentamo-nos no banco que ali se encontrava.

45 minutos depois:
Esta espera esta a deixar-me completamente louco! Não dão noticias, não se vê nada lá para dentro...nem se ouve nada.
-Eles podiam dizer alguma coisa, não?
-Tem calma Ezequiel – dei mais uma ida e vinda pelo corredor, quando o som mais perfeito do mundo se fez ouvir. A minha princesinha chorou. Nasceu a bebé mais linda do mundo.
-Ela nasceu! - abracei-me à mãe da Ana e, passado algum tempo, uma enfermeira sai do bloco de partos com a minha menina nos braços. Dirigiu-se a mim e entregou-ma...foi a sensação mais indescritível do mundo, ter este pedaço de mim e da Ana nos braços era completamente maravilhoso. Ela era linda, era pequeninas, mas era linda.
-É tão parecida com a Ana quando nasceu – comentou a Rosa.
-Eu agora tenho de levá-la para a incubadora – a enfermeira esticou os braços e entreguei-lhe a menina. Voltei a abraçar a Rosa e chorei...de felicidade. É tão difícil descrever o que se sente nestes momentos...mas é tão bom o que se sente.
Ficamos os dois ali ainda algum tempo para sabermos da Ana. Saiu de lá a nossa médica.
-Já viu a sua menina? - perguntou-me.
-Já sim. Como é que está a Ana.
-Sentem-se aqui comigo – a médica apontou para o banco e sentamo-nos. Eu ao lado da Rosa e a médica a meu lado – como sabem a bebé estava numa posição irregular.
-Sim.
-E...a Ana...ela teve muita força nos momentos antes da cesariana, foi muito duro para o corpo dela...e...a Ana não aguentou. Ela teve uma hemorragia interna e faleceu logo após o nascimento da bebé. Ainda tentamos reanimá-la mas não conseguimos – como é que é possível darem duas notícias tão distintas uma da outra...nasceu a bebé...e morreu...a minha Ana...isto não pode estar a acontecer! Não pode!
A Rosa abraçou-se a mim a chorar...como eu também chorei com ela...era como se me tivessem arrancado metade do coração...metade dos pulmões...metade de tudo...metade da minha existência.
A Ana era a pessoa que eu sempre desejei ter na minha vida, era um ser humano de outro mundo, tinhamos as nossas coisas, mas ela era a minha alma gémea...e como ela mais ninguém existe.
Eu e a Rosa ficamos algum tempo sem falar...sem nos mexermos, mas ela tomou a iniciativa e ligou ao pai da Ana, que rapidamente se juntou a nós e, enquanto ele amparou a Rosa, eu fui até ao berçário.
Agarrei-me à vitrina e chorei ali o que não conseguia chorar ao pé da Rosa...sentia-me sozinho, como é que eu vou sobreviver sem ela? Como é que eu vou criar a nossa filha sem ela?

3 dias depois:
Funerais...não era o melhor sitio para ir a um sábado de manhã, depois de se sair do hospital com a Ana...a minha filha. A nossa filha.
Tinha decidido, com a Rosa e o Roberto, dar à bebé o nome da mãe.
Estava a família toda presente...os pais dela, os primos, os tios, os meus pais, os meus irmãos...eu...e a nossa filha.
Quem discursou para os presentes foi o Sergio...mais nenhum de nós tinha coragem para o fazer. Foi uma belíssima cerimónia, ao género da Ana, tranquila, romântica...mas também alegre. Quando se preparavam para descer o caixão, os pais da Ana aproximaram-se dele, falaram para ela...e eu fiz o mesmo, com a nossa menina nos braços.
-Não era assim que devias partir...deverias ter conhecido a nossa menina...devias ter feito tudo o que querias fazer. Vou cuidar dela...como cuidei de ti. Nunca amarei ninguém como te amo a ti...és a minha vida, és o meu coração...o que é que eu faço sem ti?
A Rosa chegou perto de mim, fazendo-me sinal que tinha de sair dali. Voltei para junto do Roberto e da Rosa...olhando para a Ana que tinha nos braços...tinha visto fotos da minha Ana quando era bebe e era igualzinha à nossa filha. É na nossa menina que está a Ana neste momento...mas nunca, nunca, a amarei como amo a minha reina.

3 anos depois:
-Papá! - a Ana veio a correr para mim.
O tempo passa sem dar-mos por ele e, hoje, a minha princesa faz 3 aninhos. Está cada vez mais parecida com a mãe quando tinha a idade dela...não só na fisionomia, mas também em feitio. Se bem que esta pulguinha tem mais teimosia que a mãe.


Viver, dia após dia, sem a Ana...tem-se conseguido ultrapassar...mas quando cai a noite...a falta dela assume proporções que nem se conseguem descrever. É a nossa filha que vai conseguindo...sarar esta ferida, com cada beijo que me dá, com cada abraço, com um “amo-te papá” e com a companhia que me faz ao recordar a mãe.
Para a Ana, a mãe é uma estrelinha no céu que olha por ela todos os dias.
Nunca escondemos o que aconteceu...sobretudo agora que ela faz mais perguntas...ou por ver as fotografias espalhadas pela casa, por me ouvir...chorar à noite...ela é perspicaz e não vale a pena esconder-lhe uma das melhores pessoas que ela conheceu...porque ela passou 8 meses em contacto com a mãe e não foi em vão.
-Como é que está a minha boneca? - peguei nela ao colo e dei-lhe um beijo. Estava a chegar agora a casa da Rosa, depois de um treino no Benfica.
-Tou bem papá...xabex, já tive a falhare com a mamã.
-Ai sim?
-Shim. Tava no quato delha, com o Ucky (era o Lucky) e falhamos os dois com a mamã. Elha deu-me os palabéns e eu digo-lhe que goto muito delha e que queria ela com nós.
-Disseste isso tudo à mamã?
-Shim! Ah! E também disse pa ela fazer o papá deixar de cholhalhe à note – abracei a minha pequenina e foi impossível não deixar cair uma lágrima...o dia de hoje é feliz e triste. A Ana faz 3 anos...mas também faz 3 anos que perdi a minha grande paixão, o meu orgulho...a minha Ana.

7 comentários:

  1. Nao era suposto ser assim que se festejam as vitorias do Benfica... A chorar. Tinha guardado as minhas lagrimas para o fim do campeonato e seriam de alegria!
    Estou mesmo...destroçada com o rumo da historia. Sinceramente nao vou dizer muito mais porque arriscar-me-ia a dizer asneiras...

    Beso
    Ana Santos

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  2. Aí, que capitulo tão triste pah!
    já chorei tanto :'(
    oh meu deus

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  3. ai, nem acredito que estou a chorar :o
    isto foi uma reviravolta enorme, e que me deixa em choque, afinal a ana era a vida desta história :c
    nem digo mais nada, para não sair asneira, ihih
    besos, Débora*

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  4. :O
    Isto não se faz!!
    Tou aqui banhada em lágrimas!

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  5. Estou aqui a chorar, e é a primeira vez que leio esta fic. Tenho de ler esta fic desde o inicio porque já fiquei viciada nela.

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  6. Bem não era nada disto que eu esperava que acontecesse!
    Pobre Ana, e pobre Ezequiel :O
    Tenho a certeza que irás arranjar um bom rumo para a história ;)
    Aguardo o proximo capitulo!
    Beijinhos
    Ritááá xD

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  7. :( :( :(
    Já não tenho vontade de dormir, tenho vontade de chorar! Eu estou a chorar baba e ranho!! E não é um momento nada bonito de se ver!!
    Isto faz-se??? Não, Dona Ana, isto não se faz!! Não sei o que dizer... Ainda estou :O e :(
    Beijinhos

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