quinta-feira, 11 de abril de 2013

36º Capitulo: Erros

Com o campeonato cada vez mais próximo do fim, fica cada vez mais importante cada vitória que conseguimos. E a desta noite, foi simplesmente espectacular. Derbys serão sempre derbys e, se o Sporting passou por tempos difíceis no passado, hoje estão com confiança de que são capazes. Mas mesmo assim...Benfica, é Benfica e vencemos o jogo por 3-0.
Era fantástico o público que nos apoia, sempre. Mas hoje em especial. Era o primeiro derby da Ana...pensei que ela se pudesse assustar com o ambiente, mas quando cheguei ao pé dela no camarote, estava super animada e eléctrica
- Papá! - ela veio a correr ter comigo e eu peguei-a ao colo. 
- Parabéns pelo jogo, mano - felicitou o Enzo. 
- Gracias!
Estava presente também a Rosa e o Roberto, os pais da Ana, que me felicitaram pelo jogo e pela vitória. 

23:30h
Depois de deitar a Ana...com muito custo, porque por ela ficava acordada por mais não sei quanto tempo, fui até à sala e a Patrícia estava sentada no sofá. Era estranho ter alguém em casa que não fosse a minha pequena, mas é bom. De manhã ela tinha trazido as coisas dela cá para casa, visto que o irmão tinha partido no avião das 22:30h com a mulher, a Rita. 
A Patrícia estava com duas fotografias da...Ana na mão. Duas das minhas preferidas dela.



A primeira tinha sido tirada em Santorini...a nossa viagem. E a segunda...pouco antes de nascer a nossa menina. 
- A Ana já adormeceu - ela assustou-se e colocou as fotografias na mesa de centro, onde estavam.
- Ainda bem... - sentei-me no sofá a seu lado e ela ficou a olhar para mim. 
- Que se passa?
- É a mãe da Ana? - perguntou-me ela. 
- É.
- Nunca vos vi juntos...vocês...estão separados?
Ela não sabia se o devia perguntar...mas perguntou...e ficou super atrapalhada, talvez com o meu silencio. Mas...poderíamos estar separados que eu não me importava. 
- Desculpa...já me meti demasiado. 
- Não. Não tem mal. Todas as pessoas fazem a mesma pergunta. E dou-lhes a mesma resposta...quem me dera estarmos separados.
- Como...
- A Ana morreu no dia em que a nossa filha nasceu - ela ficou estranha, adoptou uma posição completamente rígida com o que lhe acabara de contar, deixou de me olhar e fixou o seu olhar na porta de casa. 
- D...Desculpa...
- Não tens de pedir desculpa. 
- Tenho...não devia tocar nesses assuntos...coisas assim não passam em três anos - ela falou com sofrimento na voz...e choro. A Patrícia estava a chorar. 
- Ei - pousei a minha mão sobre a dela e olhou-me...e chorava... - porque choras?
- Porque sei que não devia ter tocado neste assunto - ela limpou as lágrimas e agarrou-me na mão - desculpa. 
- A serio...não me tens de pedir desculpa de nada. É verdade que custa...mas é cada vez menos. A Ana será sempre o meu grande amor, será sempre a minha melhor amiga e sempre saberei que passei com ela grandes e muito bons momentos. Não sei se me conseguirei voltar a apaixonar por alguém...nem sei se algum dia terei alguém do meu lado para além da nossa filha. Mas sei que ela olha por nós. 
A Patrícia olhava-me...esta rapariga é misteriosa. O Enzo falava que ela era uma rapariga com alguns segredos e que nunca lhe foi de contar nada. 
Olhou de novo para as fotografias da Ana e virou-se para mim. 
- Tenho a certeza que onde quer que ela esteja está a olhar pela filha linda que tem e pelo homem dela. 
Ficámos os dois em silêncio...ela andava perdida, percebi isso pelo olhar dela. Estava ausente...
- Que se passa? - perguntei-lhe. 
- Nada...mas...desculpa ter falado no assunto. 
- Já disse que não me tens de pedir desculpa de nada. 
- Tenho Ezequiel... - ela olhou-me e algumas lágrimas começaram a escorrer-lhe pela face - tens uma filha, uma carreira...e sofres com o que aconteceu à Ana todos os dias. Vês na vossa filha a tua companheira, vês em todos os cantos desta casa, ela, que estará sempre presente quer tu tentes esquecer, quer tu tentes ir ter com ela. Ficarmos sem a pessoa que julgávamos ser a nossa metade, o nosso suporte de vida...a nossa companhia para todos os momentos que iríamos viver. Ficar sem alguém desta dimensão é como...nos perdermos a nós próprios. 
- Falas na primeira pessoa... - fez-se uma pausa...até que ela falou. 
- Tal como tu...eu perdi a pessoa que um dia me demonstrou o que era o amor, o que era amar, o que era sentir tudo a níveis extremos... - ela...entendia-me - perdi o meu namorado, o meu melhor amigo, o meu eu...à três anos. 
- Patrícia... - estava simplesmente sem reacção. Sabia que algo a tinha deixado sem aquele brilho nos olhos. 
- Eu entendo o que passas-te e o que passas...mas Ezequiel...prende-te ao que tens de melhor na vida...e não cometas erros estúpidos como eu os fiz - já tínhamos deixado de chorar os dois. 
- Erros? 
- Tens de me prometer uma coisa primeiro. 
- Diz. 
- Nada do que te contei até agora...a minha família não sabe. O Enzo...não sabe. 
- Patríc...
- Ezequiel. Promete-me que não lhes contas. Eu quero desabafar com alguém que me entenda...mas não quero que lhes contes nada. Por favor!
- Podes ficar descansada... - por muito que me custasse mentir/esconder algo ao Enzo...ela precisa de falar. 
- Depois do Alonzo morrer...eu fiquei dois anos sem ninguém. Mas era nova demais para...não me envolver com alguém. Eu...arranjei outra pessoa. Ao inicio sentia-me bem, sentia-me como nova...mas foi quando essa pessoa começou a ser outra completamente diferente...que tudo o que tinha conseguido se desmoronou. 
- O que é que se passou? 
- Ele começou...a abusar de mim quando lhe recusava...e bateu-me duas vezes. Eu deixei-o...e ele até foi preso porque tinha assaltado uma loja. O pior veio depois...
- Pior? - tudo o que ela...passou...sem a família saber? Como é que era possível? 
- Veio...o Alonzo...e tudo o que passamos e o que planeávamos passar. A falta dele...do carinho dele...do nosso amor...e veio isto...eu escondi...mas ainda se vêem. 


- Erros... - as cicatrizes dela...como era possível a família nunca se ter apercebido? - Como é que eles nunca souberam de nada?
- A minha família? 
- Sim. 
- Estavam a delirar com o sucesso do Enzo...estavam muitas vezes fora do país...e eu ficava sempre na Argentina por causa das aulas...que nunca foi por causa disso.
- Daí nunca teres vindo com eles. 
- Sim. Desde os meus 18 anos que ando assim...são três anos...e esta mudança.
- Fizeste muito bem em vir para cá...podes contar comigo para o que for preciso e tens a Ana que te adora. E que...pelos vistos lhe chamas-te algo que a mãe lhe chama.
- Ela também fala com a mãe.
- Também?
- Como sabes...eu sou adoptada.
- Sim. 
- A minha mãe biológica morreu e eu ainda hoje falo com ela. 
- Achas que ela precisa de ajuda?
- Não. Faz-lhe bem falar com a mãe. Ela passou 9 meses com ela por alguma razão. 

5 comentários:

  1. Adddoorreeiiii!!!
    Uau....não estava nada à espera disto. Esta história da Patrícia deixou-me... :o ....sem palavras. Parece que têm algo em comum. Agora tou para ver o que vai acontecer daqui para a frente.

    Próxxxiimmoo Ráápiddo!

    ResponderEliminar
  2. Ana...fizeste-me chorar pah!!!
    Não se faz :P
    Mas agora falando a sério...grande história da Patrícia...adorei
    Continua beijo

    ResponderEliminar
  3. Adorei adorei adorei quero o proximo.bjs

    ResponderEliminar
  4. adorei, adorei tudo, então a história da Patrícia, nossa :o
    Mas pronto, começo a gostar mais dela..........
    mas nada a ver com a nossa Ana :bb
    quero o próximo, rapidamente (:

    besos, Débora*

    ResponderEliminar
  5. Oh! Quero mais!
    (Olha não sei que dizer mais! Tu deixas-me sem palavras...)
    Bjs

    ResponderEliminar