quinta-feira, 18 de abril de 2013

37º Capitulo: "...pensas depessa?"


(Patrícia)
Falar de assuntos do passado com alguém...que está a viver algo tão semelhante ao que vivi, é, no mínimo  libertador. 
Nunca foi algo que quisesse contar à minha família, viram-me sofrer com o desaparecimento do Alonzo, mas não sabem os níveis que tomou e ao sobrecarregá-los com os meus... vícios, não me iria ajudar em nada. Na altura sentia que o problema era meu, que a única que não se enquadrava era eu, que precisava de ir ter com a única pessoa que um dia me jurou amar. 
São tempos difíceis  Anos, meses, semanas, dias, horas, minutos e segundos completamente agoniantes em que a única vontade que tenho é a de me despegar da vida. 
Ainda hoje tenho esse instinto de acabar com a minha própria vida, bem mais reduzido é um facto, mas todos os dias há algo que me faz descer e bater bem no fundo. Todos os dias lido com um objecto cortante que me faz querer magoar-me, que me faz morrer por dentro ao saber que não posso terminar com a minha vida...porque...por ter prometido à minha mãe, com quem falo todos os dias, que o deixaria de fazer. 
É óbvio que cumpro a promessa...é minha mãe e, apesar de ter morrido, é a minha rainha. 
E...com o nascimento do Lucas, o segundo filho do Enzo este com a Rita, sendo madrinha dele...sinto-me na condição de que é por ele que também me mantenho aqui. Sou a segunda mãe dele, se algo acontecer aos pais dele sou eu que tomo conta deles e se eu acabar com a minha vida o Enzo e a Rita ficam sem isso. 
- Acho que me vou deitar... - era demasiadas coisas ao mesmo tempo e precisava de estar sozinha. 
- Tenta descansar. 
- Até amanhã, Ezequiel.
- Até amanhã, Patrícia. 
Subi até ao que iria ser o meu quarto. 
Incrivelmente sentia-me à vontade neste ambiente. A Ana era um amor de menina, conseguia dar-me com ela e identificar-me até. E o Ezequiel...é um Homem com H. Consegue gerir uma carreira brilhante, uma família que, embora despedaçada, está unida. Pena que um dia eu não seja assim...
Andava às voltas na cama, não por ser desconfortável, mas não tinha sono, nem sequer vontade de dormir. 
Levantei-me e fui até à cozinha beber um copo de água, voltando ao andar de cima. Passei pelo quarto da Ana, que tinha a porta semi-aberta, e não resisti em não entrar. 
Fui até junto da cama dela...e dormia tranquilamente. 
Todas as pessoas têm sonhos, todas as mulheres têm o seu grande sonho...o de ser mãe. Eu tinha-o, realizei-o para agora estar completamente destruído  Quando comecei a namorar depois de perder o Alonzo...engravidei...e perdi o bebé aos 6 meses porque o meu útero não aguentou. Não aguenta e não aguentará qualquer ser que tente nascer em mim. Até nisto sou inútil, nunca serei capaz de manter um bebé na minha barriga porque sou demasiado fraca para isso. 
Fiquei algum tempo com a Ana, até que o sono chegou e me fui deitar. 

(Ezequiel)
- Papá!! - acordei sobressaltado com a Ana a chamar-me ao gritos, entrando no quarto.
- Que se passa, princesa? 
- Oh papá! O Cocas tá a dormir no chão...e não se mexe. 
- Está? 
- Sim. Anda ver.
Saímos os dois do quarto e fomos até ao quarto da Ana...onde estava o Cocas, o peixe de estimação dela. 
- Vês papá, vês - ela apontou para o chão e o peixe estava lá. E quando um peixe está fora do aquário...quer dizer que morreu - poque é que ewe quis dormir fora da casa dele?
- Ana... - baixei-me até junto dela - o Cocas não está a dormir. 
- Não? 
- Não querida. 
- Que se passou? Ouvi a Ana gritar - interrompeu a Patrícia entrando pelo quarto. 
- O Cocas está a dormir no chão - respondeu a Ana. 
- Está a dormir? 
- O papá tava a dizer que não...isso quer dizer que ele tá ao pé da mamã?
- Sabes... - a Patrícia sentou-se no chão e puxou a Ana para junto dela - ontem à noite eu vim aqui ao teu quarto e ouvi alguém me chamar. 
- Era o papá?
- Não...foi o Cocas. Ele disse-me que gostava muito de ti, mas que ia ter com uns amigos dele ao céu e que mandava muitos beijinhos à tua mamã. 
- Então ele agora vai ficar ali? 
- Não. Nós já o tiramos de lá. 
- Tá bem - a Patrícia era capaz de falar e explicar as coisas à Ana de uma forma tão doce e carinhosa que nem eu era capaz de fazer - papá eu quero outro bichinho. 
- Outro peixe?
- Não. O Ucky não pode vi morar com nós? - o cão que a Ana tinha achado ao pé do veterinário. 
- Sabes que a avó Rosa só vem cá de vez em quando. E que o Lucky está com ela em Espanha e com o avô. 
- E ele não pode vi?
- Poder pode, mas ele está com a avó. 
- E tu podes compar um cão pa mim?
- Queres ter um cão cá em casa?
- Sim. Queo muito. 
- Eu vou pensar nisso. 
- E pensas depessa?
- Se te portares bem. 
- Eu poto. 
- Vá, vamos lá para baixo tomar o pequeno-almoço e depois vimos vestir-nos - dei a mão à Ana e preparámo-nos para sair do quarto - obrigado Patrícia. 
- Não me agradeças. 
Fomos os três até à cozinha e tomámos o pequeno-almoço. 

(Patrícia)
Depois do Ezequiel ter saído para o treino, fiquei com a Ana em casa que, como o infantário estava fechado, aproveitamos o facto de eu estar a ambientar-me e ficar a tomar conta dela. 
- Tens desenhos como o meu papá - disse ela quando estava a dar-lhe uma boneca que me tinha pedido.
- E gostas dos meus desenhos? - ela referia-se às tatuagens dos pulsos. 
- É nito...mas o meu papá não deixa fazer. 
- És muito pequenina ainda. Um dia ele deixa. 
- Ajudas eu a dizer a ele para eu fazer?
- Eu acho que não vai ser preciso. 
- Poque?
- Porque o meu pai também não me deixava quando eu era mais nova e depois deixou. 
- Então quando eu for da tua idade posso?
- Podes. E se o teu papá também tem ele não se importa. 
- Quero fazer o desenho do Nemo. 
- Gostas de peixinhos, é?
- Goto. Tu gotas?
- Gosto sim. 
- Paticia tu podes namorar com o meu papá? - perguntou ela pousando a boneca. 
- Porque essa pergunta agora?
- Poque o meu papá pecisa de uma namoada. Todos os meus amigos têm um papá e uma mamã, e como a minha mamã tá no céu eu queria que ewe tivesse uma namoada para estar ao pé de nós. 
- Mas o teu pai pode não querer já pensas-te nisso?
- Ele não quer, mas ele assim ficava menos triste. 
- Ana, o teu pai ainda gosta muito da tua mamã. 
- E ela também gosta dewe. Eu falo com a minha mamã e ela diz-me.
- Mas o teu pai não está preparado ainda. 
- E tu podes prepará-lo?

6 comentários:

  1. a pequenina Ana é muito esperta ;)
    coitadita da Patrícia tanto sofrimento :(
    espero que ela tenha um final feliz e se for com o garay melhor ;)
    bj

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  2. Adorreii!!
    Coitadinha da Ana...lá-se foi o Cocas Xd. Mas adorei a maneira da Patrícia explicar à Ana.
    E adorei esta conversa entre a Ana e a Patrícia...principalmente esta última frase xD

    Próxximmo!!

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  3. Ohhh a Ana é tão fofa!!!!
    Isto soube-me a pouco, muito pouco! Quero mais!!!
    Bjokinhas
    Mariaa

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  4. Ela é tão arrebitadita e fofinha ao mesmo tempo! Adoro-a!
    Quero mais!
    Bjs

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  5. meu deus, a Ana, é uma criança tão crescida para a idade dela, mas ao mesmo tempo tão fofinha e amorosa!!
    Gostei da maneira com que a Patrícia explicou as coisas a pequenita (:
    mas pronto, agora siga que venha o próximo xD

    besos, Débora*

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  6. Adorei quero o proximo.bjs

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