quinta-feira, 27 de junho de 2013

43º Capitulo: "Parece que não entendes o que é que se anda a passar com as nossas vidas."

Depois de um belo serão em família, fomos todos deitarmo-nos. A sorte de termos mudado de casa é que dava perfeitamente para todos dormirem cá. A Tamara tinha ficado num quarto, a Florencia e o Ignacio noutro e a Ayelen e o Juan noutro. Algum dos quartos seria o do Enrique, ainda não sabíamos qual, mas teríamos de tratar disso. 
Deitei-me sobre os lençóis, com o livro "A filha da minha melhor amiga" de Dorothy Koomson nas mãos, pronta para continuar a ler.
Do que já tinha lido do livro, é uma história de duas melhores amigas que não se falavam à imenso tempo porque uma delas, Adele, traiu a outra, Kamryn, com o namorado desta. Com o passar do tempo Kamryn passou a ser uma mulher com uma carreira estável e muito profissional até ao dia do seu aniversário em que Adele lhe telefona a dizer que está com pouco tempo de vida e para a amiga adoptar a sua filha, Tegan.
Ainda não sei mais da história, ainda nem a meio do livro vou, mas estou viciada nesta história. Estou para ver o que é que vai a Kamryn decidir fazer. Se fosse a mim que isto acontecesse, supondo que a Tamara agora tinha um filho com o Ezequiel e que passado um tempo estava prestes a morrer e me fazia este tipo de pedido. Ai credo! Que horror...é só uma suposição. Mas...se ela me pedisse para ficar com a filha dela, é óbvio que o fazia. Além de tudo há que ter em conta os laços entre as pessoas, o que as une e não o que as separa. 
Estava deitada, a continuar a ler o livro, quando o Ezequiel se deita a meu lado. 
- Continuas agarrada ao livro?
- Porque?
- Agora é todas as noites, ficas horas a ler e quando dou por mim, já estás com a luz apagada e a dormir. 
- O que é que queres que faça? Que me ponha a dançar? Sabes que ando cansada com o salão, o Enrique anda a dar-me cabo das costas...estes bocadinhos à noite é mesmo para descansar. 
- Ana...há séculos que não estamos juntos.
- Ezequiel...ainda esta noite estivemos juntos nesse sentido. 
- Não é disso que estou a falar...há séculos que não fazemos um programa os dois. Há imenso tempo que não vamos jantar fora, ou simplesmente ir dançar. 
- Tu achas que, depois de um dia de trabalho, me apetece ir dançar?
- Pode não te apetecer, mas podias fazer qualquer coisas por nós.
- Mas o que é que estás para aí a dizer? - fechei o livro e coloquei-o em cima da mesa de cabeceira, olhando para o Ezequiel - que raio de conversa é esta que estamos a ter?
- A conversa que já devíamos ter tido. À quase três semanas que ando para te dizer isto. Eu amo-te, imenso, imenso mesmo, senão não te tinha pedido em casamento, mas a nossa relação está a ficar monótona. Já não somos os mesmos que éramos ao inicio
- Ezequiel...querer comparar o inicio com o agora? No inicio éramos os dois completamente descontrolados, só queríamos festa. Agora...a tua carreira está a progredir dia para dia, o salão está a ficar cada vez mais conhecido, o Enrique está a caminho...tu não podes simplesmente pedir-me que seja a mesma Ana que era. Eu mudei, eu cresci.
- E para crescer é preciso ser velhos e ficar em casa as noites todas?
- A serio...eu não estou a ver a lógica da tua conversa. Queres sair? Vai até ao jardim que lá tens muito espaço e apanhas ar nessa cabeça que bem precisas...era só o que mais me faltava ter de aturar as tuas maluquices. Agora com licença, fiquei mal disposta - levantei-me e fui até à casa de banho passar a cara por água. O Ezequiel...tira-me do sério. Estas conversas sem lógica nenhuma.
Voltei ao quarto e ele não estava lá. Será que foi apanhar ar na moleira? Fui até à varanda e espreitei para o jardim. Ele estava lá, sentado numa espreguiçadeira. Não parava quieto com as mãos, estava, provavelmente, a remoer no que queria dizer. Eu fiquei por ali na varanda a ver o que ele fazia. Passado um bocado ele levantou-se e voltou para dentro de casa. 
Esperei que ele chegasse ao quarto, mas ainda demorou e eu fiquei por ali. Estava uma noite fresca, mas mesmo assim decidi ficar ali até ele voltar. 
- Eu não queria que ficasses chateada - acho que dei um pulo pequenino. Não o tinha ouvido entrar no quarto e assustei-me.
- Eu não estou chateada...
- Não...e essa voz é só estares super animada.
- Parece que não entendes o que é que se anda a passar com as nossas vidas. Parece que não entendes que, por mais que ame o nosso filho, ele tem andado a matar-me de dores. Ora é as costas, ora é a barriga, ora é os pés, ou são os enjoos, ou as náuseas. E ainda só estou grávida de cinco meses, ainda faltam quatro. Faltam 18 semanas para ele vir cá para fora, para eu deixar de o ter cá dentro e fazer a minha vida normalmente. Não achas que também não me custa a mim? 
- Nunca me tinhas dito nada disso...
- Não...porque...por mais que sejam as dores, ou os enjoos, eu amo a vida que tenho, é tudo o que eu sonhei para mim. Ter um projecto e uma carreira profissional estável, ter um filho, ter um homem a meu lado...sempre foi isso que quis e eu tenho-o - senti o Ezequiel aproximar-se, tapou-me com um cobertos, envolveu-me nos seus braços e deu-me um beijo na bochecha.


- Porque é que nunca me disseste isso?
- O que?
- Das tuas dores...
- Elas passam...quando me deito a teu lado todas as noites.
- Desculpa.
- Tu não tens culpa de nada...eu é que devia ter falado contigo com mais calma e devia ter-te explicado tudo. 
- Vamos esquecer aquela nossa conversa e vamos dormir?
- Sim...vamos. 
Entrámos os dois no quarto, fechei as cortinas, dobrei o cobertor colocando-o em cima da cadeira e deitei-me aninhada ao Ezequiel, que, de imediato, colocou a sua mão na minha barriga.
- Dorme bem princesa.
- Tu também meu amor.
E assim adormeci. Nos braços daquele que mais amo, nos braços daquele me mais desejo, daquele a quem chamo amor, que chamo noivo, que chamo o pai do meu filho, o meu melhor amigo, o único que me compreende e não me julga, o que me dá mais apoio quando mais preciso. O meu Ezequiel.

Na manha seguinte: 
Acordei e já não sentia o Ezequiel na cama...abri os olhos e olhei para o relógio. Eram 10:30h...tinha dormido tanto e tão bem. 
Levantei-me e fui abrir as cortinas, sendo invadida pelo maravilhoso sol que estava lá fora. 


Tomei um duche e vesti-me. Como o mais provável era ficar o dia todo em casa para tratar da decoração de natal, optei por uma roupa confortável.

Tinha tirado a semana de folga do salão. Estava mesmo a precisar de descansar. 
Desci até à sala, onde estavam o Ignacio e a Florencia. 
- Bom dia meninos.
- Bom dia Ana - dei dois beijinhos a cada um deles.
- Onde é que andam todos?
- A Tamara e a mãe foram com o meu pai às compras para o almoço e o meu irmão está na cozinha - respondeu o Ignacio. 
- Vocês já tomaram o pequeno-almoço?
- Já. 
- Então eu vou lá ter com ele. 
Sai da sala em direcção à cozinha e tive um deja-vu. Lembrei-me de quando regressei a casa do meu primo, depois de ter ido alugar o carro das férias. Ao chegar a casa tinha o Ezequiel a ajudar a minha tia a fazer o almoço. 
Fui até ele e rodeei-o pela cintura com os meus braços.
- Olha quem são eles...já acordaram?
- Já...
- Estava a preparar-te umas torradas e café para te ir levar. 
- Obrigada - ele virou-se para mim e deu-me um beijo. 
- Bom dia - disse ele.
- Bom dia, amor. 
- Como é que te sentes?
- Bem...dormi mesmo bem.
- A sério?
- Sim porque? 
- Passaste a noite toda a mexer-te. 
- A sério?
- Sim. 
- Mas dormi muito bem. E estava mesmo a precisar de dormir assim. 
- Ainda bem, senta-te para comeres.
- Claro paizinho - rimo-nos os dois e eu sentei-me à mesa da cozinha. O Ezequiel colocou em cima da mesa torradas e café. 
Tomei o pequeno-almoço sob o olhar do Ezequiel.
Depois de comer tudo e de arrumar a cozinha, fomos os dois até à sala onde estavam os irmão do Ezequiel. 
- E se fossemos buscar já as coisas para a decoração de Natal? Começávamos já com os teus irmãos e entretanto chegam eles - sugeri ao Ezequiel. 
- Sim, acho que pode ser. Meninos, querem ajudar-me a ir buscar as coisas do Natal à garagem? - perguntou ele aos irmãos.
- Vamos - a Florencia era a mais animada e foi a que se levantou primeiro. O Ignacio levantou-se também e fomos os quatro até à garagem buscar tudo o que já tínhamos para decorar a nossa sala. 
Passamos o resto da manhã toda a decorar a sala. Os que tinham ido às compras, não tiveram essa oportunidade. Ainda não tinham chegado. 
Quando estava tudo bonitinho, tirei uma fotografia e partilhei-a no twitter: 

Já começamos a sentir o Natal. Este friozinho é que podia ir embora...
Sentámo-nos os quatro no sofá a descansar quando tocam à campainha. 
- Eu vou lá! - disse o Ignacio. 
- Vê primeiro quem é - advertiu o Ezequiel. 
O Ignacio levantou-se e fez o que o irmão lhe disse. 
- São eles - o menino abriu a porta e a Tamara entrou disparada pela casa dentro. 
- Já sabem o que aconteceu? - perguntou ela toda ofegante.
- O que é que aconteceu? - inquiri. 
- Tu ainda não sabes...ai nem sei como te diga...
- Diz de uma vez...
- Ai Ana...tens de ter muita calma. 
- Tamara, diz-me de uma vez o que é que aconteceu! 
- Foi o Sergio...
- O que é que aconteceu ao meu primo? 
- Vais ter de ter muita calma.
- Tamara fala - disse, ao mesmo tempo que o Ezequiel recebe um telefonema. 
- É a tua tia Ana...
Nada disto me parecia certo...que raio estava a acontecer!?

4 comentários:

  1. Adorei, continua a escrever...
    Estou curiosa para saber que vai acontecer.


    Beijos

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  2. Olá...Adorei...
    Achas bem acabar assim???...pensas que largas a bomba e vais-te embora??? :P
    Espero que o Sérgio não tenha nada e espero que a Ana e o Ezequiel resolvam os seus pequenitos problemas. ;)
    Próximo sff bj

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  3. Olá
    Por momentos assustei-me com aquela discussão, mas ainda bem que ficou tudo bem.
    E qual é a ideia com o Sérgio? Não me digas que teve algum acidente :s

    Beijinhos
    Daniela

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  4. Dorothy Koomson! Quero ler esse livro! Já ouvi falar tão bem dele! “Pedaços de Ternura” é lindo também! Recomendo.
    Ok, agora vamos ao que interessa: Adorei!
    “Será que foi apanhar ar na moleira?”Estas frases tuas deixam-me sempre bem-disposta. Ahahahah
    Agora quero saber o que aconteceu ao Sergio.
    Beijinhos

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