Ana:
Saímos de Portugal exactamente às 16h e em uma hora e meia estavamos em Madrid. No aeroporto, tinha os meus pais à nossa espera.
- Mãe! - assim que estava ao pé dela abracei-a - como é que está o Sergio?
- Ele ainda está a ser operado, Ana.
- Ainda?
- Sim...são operações complicadas e demoradas - respondeu o meu pai, visivelmente abalado. O Sergio era sobrinho dele, filho da sua única irmã.
Dei um abraço ao meu pai e seguimos para o exterior do aeroporto. Fomos em direcção do carro do meu pai. Os meus pais seguiam nos lugares da frente e eu e o Ezequiel nos de trás.
Depressa chegamos ao hospital e os meus pais levaram-nos até onde estavam os restantes. Estavam lá a minha tia e o meu tio, a minha prima Miriam com o marido e a filha, a sobrinha do Sergio, a Daniel e o meu primo Rene com a mulher, estava também a Mariza, a mulher do Sergio.
- Tia! - era a primeira pessoa a quem quis dar um abraço. A minha tia, era como uma mãe para mim e vê-la chorar...parte-me o coração.
- Ana... - estávamos as duas abraçadas e ambas a chorar.
Depois de abraçar todos e de o Ezequiel também os cumprimentar, sentamo-nos na sala de espera, fiquei ao lado da minha tia, de mão dada com ela.
- Já há alguma novidade? - perguntei.
- Nada...nunca mais nos dizem nada.
- Mas não aparece aqui ninguém para falar com vocês? - inquiriu o Ezequiel.
- Não meu querido, vieram cá quando começaram a operação e ainda não voltaram mais...
- Tia, vai ver que tudo vai ficar bem. O nosso Sergio é forte, tem a vida toda pela frente e Deus não o vai tirar das nossas vidas - em frente deles...queria pensar assim, mas se acontece algo? Se...o meu primo morre?
A espera era terrível. Ninguém falava, ninguém queria abrir a boca. O marido da Miriam tinha ido embora com a Daniela, a menina estava a ficar muito assustada e decidiram que era melhor ela ir passear um pouco. A Mariza andava de um lado para o outro, ora estava sentada ou a andar. Os meus tios estavam sem reacções. A minha tia só chorava, o meu tio fazia de tudo para se conter. Os meus pais estavam ao lado deles, apoiando-os. Eu...depois de muito tempo sentada, levantei-me e caminhei um pouco encostando-me ao Ezequiel que estava encostado na parede.
As mãos dele rodearam a minha cintura e eu encostei a minha cabeça no seu peito.
- Nunca mais dizem nada...
- Ana...não aconteceu nada. Se ainda não disseram nada é porque ainda o estão a operar - disse o Ezequiel numa tentativa de me tranquilizar.
- Achas mesmo?
- Sim...vais ver que daqui a pouco já vêm cá dizer alguma coisa - permaneci nos braços do Ezequiel, tentando afastar os pensamentos negativos...o que não foi nada fácil.
Passou mais meia hora. Meia hora em que todos se esqueceram de onde estavam. A minha tia já tinha gritado, já tinha barafustado imenso.
Eu ora me sentava, ora andava em pé...o Enrique não estava a ajudar.
Estávamos todos sentados quando um médico chegou perto de nós.
- São os familiares do senhor Sergio García?
- Somos sim - respondeu o meu tio e todos nos levantamos. Agarrei-me ao Ezequiel...ele colocou um dos seus braços sobre os meus ombros...esperando pelo que o médico fosse dizer.
- Doutor, como é que está o meu filho? - perguntou a minha tia.
- Quero tranquilizar-vos, a operação foi um sucesso e o Sergio está fora de perigo.
Naquele momento toda a tensão que existia naquela sala de espera se dissipou. Chorávamos, mas de alegria. Abracei o Ezequiel, que me beijou a testa e abafou o meu choro sufocante.
- Foi uma cirurgia demorada, todo o processo é feito com muito cuidado porque andamos numa zona do corpo humano bastante sensível Mas o Sergio está bem, ele está já no quarto. Mantivemo-lo no recobro até agora e já que ele está mais ou menos consciente viemos avisá-los.
- Ele está consciente? - inquiriu a Mariza.
- Está sim, apesar de lhe termos administrado agora uma medicação para ele dormir. Estava a queixar-se de dores na cabeça, o que é normal, e para ele descansar achamos melhor que ele dormisse um pouco.
- Senhor doutor, podemos ve-lo? - perguntou a minha tia.
- Vocês são uma família numerosa...podem ir dois de cada vez, mas não podem ficar muito tempo. O Sergio precisa de descansar.
- Claro doutor. Muito obrigada por tudo.
- É o meu trabalho. Os pais vêm primeiro?
- Sim... - os meus tios foram os dois com o médico e foram ver o Sergio.
Dividimo-nos para decidir como é que íamos ver o Sergio. A Mariza ia com a Miriam, o Rene com a mulher, os meus pais os dois juntos e eu com o Ezequiel.
Cada visita estava a demorar cerca de dez minutos. Pelo que me iam dizendo o Sergio estava a dormir e não parecia acordar tão depressa. Quando chegou a minha vez de ir ver o meu primo, fui com o Ezequiel.
Caminhávamos os dois lado a lado, de mão dada e em silêncio. Não eram precisas palavras. Assim que chegamos ao quarto, tínhamos uma enfermeira à porta:
- São os últimos familiares do senhor Sergio?
- Somos sim.
- Estejam à vontade, se precisarem de alguma coisa estarei aqui fora.
- Muito obrigado - agradeceu o Ezequiel.
Entramos os dois no quarto...e...ver o Sergio naquela situação mexeu comigo. Em torno da sua cabeça tinha uma ligadura que, de certeza, era por causa da operação.
Fui até junto da cama e agarrei-lhe na mão. O Ezequiel juntou-se a mim, colocando as suas mãos sobre os meus ombros.
- Será que ele vai ficar bem? - perguntei.
- Claro que vai, Ana. O Sergio é forte, todos vocês são, e ele vai safar-se e daqui a uns tempos vai estar a correr atrás da bola outra vez.
- Tenho tanto medo que ele não jogue mais...
- Ana, ele agora vai passar por um período complicado, vai estar sem jogar algum tempo, mas vai recuperar e lá o vamos ter de aturar porque o consideraram jogador da equipa ideal da FIFA.
- Se assim fosse...eu não me importava nada de ouvir todos os dias as bocas dele.
- E vai ouvir! - o Ezequiel deu-me um beijo na nuca, colocando as suas mãos na minha barriga, o que fez com que o Enrique acalmasse.
- Acho que tens de ouvir mais o teu noivo... - apesar de estar com os olhos fechados, o Sergio tinha falado...a voz saia-lhe arrastada, mas percebia-se perfeitamente o que é que ele disse. Ele agarrou na minha mão, levando-a até à sua boca, para de seguida beijá-la.
- Sergio...
- Olá pequenina...
- Ai Sergio - inclinei-me sobre ele e dei-lhe um beijo na bochecha - tive tanto medo que te acontecesse alguma coisa, primo.
- E deixava cá todos vocês?
- Não te canses... - a minha voz, misturou-se com as minhas lágrimas e o Sergio abriu os olhos.
- Ei...não chores - agarrou-me a mão com mais força e eu encostei a minha cabeça no ombro dele - tu...tens de ter cuidado com o piolho.
- Está tudo controlado.
- Ezequiel...tens de tomar conta deles.
- Sempre Sergio. A Ana e o Enrique são duas peças frágeis.
- Já decidiram o nome do puto...?
- Que é que achas, primo? - perguntei-lhe colocando-me direita.
- É bonito... - o Enrique decidiu começar a jogar à bola na minha barriga nesse exacto momento. Peguei na mão do Sergio, colocando-a na minha barriga.
- Consegues senti-lo?
- Consigo... - apesar de estar de olhos fechado, o Sergio sorriu - acho que não vamos formar...um central, Ezequiel.
- Também acho que não! - o Ezequiel respondeu-lhe e os dois gargalharam.
Nisto, somos interrompidos pela enfermeira que nos pediu para sair. Tinham de fazer exames ao Sergio.
- Nós voltamos em breve, Sergio.
- Cuidem-se - dei-lhe um beijo na bochecha e saímos os dois do quarto.
- Estás mais descansada de que ele vai ficar bem?
- Mais ou menos...foi bom falar com ele, mas...tenho medo - comecei a ver tudo à volta e, se não estivesse agarrada ao Ezequiel, tinha caído redonda no chão.
- Ei, ei...o que é que se passou? - perguntou ele, super aflito.
- Foi uma tontura...
- Tu tens de descansar, Ana. Foi um dia complicado.
- Sim...
- Estás a sentir-te bem? Se calhar é melhor chamar um médico.
- Não...está tudo bem, Ezequiel. A sério...isto passa.
- Ana...é a tua vida e a do nosso filho que está em causa.
- Ezequiel...não sejas um pai super stressado.
- Senta-te aqui - ainda não tínhamos chegado junto da minha família, mas realmente era melhor sentar-me - depois do sonho que tive, a tua gravidez é a minha prioridade. Estou atento a todos os teus sinais e esta tontura não me parece bem.
- Foi só um sonho bebé... - dei-lhe um beijo suave nos lábios - eu estou bem e o Enrique também. Provavelmente foi da viagem, do stress...e estou com fome.
- Nós hoje já não ficamos aqui a fazer nada...vamos para casa, jantamos e descansas?
- Parece-me bem...
- Vá, vamos lá então - levantei-me bem, ao contrário do que o Ezequiel pensou.
Fomos até à sala de espera e avisamos todos que íamos embora. Expliquei-lhes que estava cansada e todos concordaram que seria melhor ir descansar. Os meus pais vieram connosco, já que íamos ficar em casa deles.
Depois de um jantar rápido, mas calórico, eu e o Ezequiel subimos até ao quarto que, na nossa primeira noite tinha sido nosso.
- As recordações que eu tenho deste quarto... - comentou ele, enquanto que eu retirei a roupa e me deitei. Fiquei apenas de roupa interior, tapando-me com os lençóis e cobertores quentinhos.
Não demorou nada para que tivesse o Ezequiel a meu lado, só de boxers. Nenhum de nós desfez a mala, nenhum de nós estava com cabeça para isso. Acho que ambos vimos a cama e só nos quisemos deitar nela.
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Peço desculpa pelo capitulo não estar grande coisa...confesso que não está como queria. Não estou concentrada para escrever estas coisas, isso irá reflectir-se no próximo capitulo. Irá haver um salto no tempo.
Contudo, espero as vossas opiniões, sinceras.
Muchas gracías por tudo!
Olá!
ResponderEliminarSinceramente nao concordo contigo, acho que o capitulo esta muito bom, ou melhor, EU amei o capitulo!
O suspense, os nervos e claro a conversa com o Sergio deixou-me toda comovida! Eu adorei!!! E quero o proximo, com ou sem salto no tempo!!
Beso
Ana Santos
Olá!!
ResponderEliminarAdoreeiii (como sempre)!!
Fogo com tanto tempo de espera, até eu estava a desesperar. Mas ainda bem que a operação correu bem!
Aquele momento em que visitarem o Sérgio foi...lindo. E aquela parte em que o Sérgio sentiu o Enrique ainda mais!
E com esta parte da tontura da Ana até eu me assustei. Mas se está tudo bem é o que interessa!
Agora, no próximo capítulo vai haver um salto no tempo? Huumm...serão alguns meses? Se for pode ser para o nascimento do Enrique. Bem seja ou não seja, quero o próximo!
Próxiimmoo!!
Oi , oi :)
ResponderEliminarSergito pronto para a outra no fim disto tudo , o que interessa é que esta tudo bem não é?
A conversa do Sergito e da Ana , fico toda babada a forma como ele a trata como irma mais nova é simplesmente perfeita *-*
Avanço de tempo e vamos para o final da gravidez sim?
O capitulo está otimo como sempre , acaba com essas inseguranças *-*
beijito * Rita