- Poque? Tu és nita e gostas de mim e gostas do papá.
- Eu gosto de vocês, sim, mas é como se fossem da minha família, estrelinha.
- Tu até me chamas como a minha mamã - ela disse tudo tão espontaneamente que só teve tempo de colocar a mão em frente da boca.
- Sabes...eu também falo com a minha mamã todos os dias.
- Mas a tua mamã está em tua casa...
- Não. A minha mamã também está no céu.
- Como? Eu já vi a mamã do tio Enzo.
- As nossas mamãs são diferentes. Mas quando fores mais crescidas entendes.
- E tu falas com ewa?
- Falo. Por isso podes falar à vontade comigo.
- Mas tu não contas ao meu papá? - é óbvio que teria de contar alguma coisa ao Ezequiel. Ele esta a começar a ficar preocupado com a pequena.
- Não. Eu não conto nada ao teu pai - "menti". Poderei omitir alguma coisa do Ezequiel, mas também tinha de lhe contar muitas para o tranquilizar.
Ela falou abertamente comigo, Falou do tipo de conversa que tinha com a mãe e do que gostava que o pai fizesse com ela.
Estavamos perto da hora de almoço, por isso, deixei a Ana a brincar no quarto enquanto que eu fui preparar o almoço. Estava concentradíssima no que estava a fazer que nem dei conta da entrada do Ezequiel em casa:
- Olá! - óbvio que me assustei - desculpa se te assustei - deve ter percebido.
- Não tem mal... Olá.
- Estás a fazer o almoço?
- Sim. Mais 20 minutos e está pronto.
- Muito obrigado.
- Do que?
- Tomas-te conta da Ana e ainda estás a fazer o almoço.
- É o minimo que posso fazer pelo que estás a fazer por mim.
- Não é nada de mais.
- É sim. Por isso, obrigada... - ficámos os dois a olhar um para o outro - estive a falar com a Ana.
- Foi?
- Sim. Sobre as conversas que ela têm com a mãe e...sobre...nós.
- Nós? Tipo...eu e tu?
- Sim...ela queria que eu te preparasse para teres uma namorada que poderia ser eu.
- Ela tem andado com essa ideia ultimamente...desculpa.
- Não tem mal...acho que ela já percebeu.
- E em relação à Ana?
- A mãe? Elas têm o mesmo nome?
- Sim.
- Não tens de te preocupar. É natural da idade...passa com o tempo e mais tarde ou mais cedo ela deixa de ter essas conversa. É a mesma coisa que os amigos imaginários.
- Obrigado Patrícia...a serio, muito obrigado.
- Não me tens de agradecer nada...eu entendo-a.
- Onde é que ela está?
- Ficou no quarto a brincar.
- Vou lá ter com ela e trago-a para almoçar.
- Tá bom.
Fiquei a terminar o almoço e quando estava mesmo quase acabado começo a ouvir as gargalhadas da Ana cada vez mais perto.
O Ezequiel entrou com ela na cozinha e vinha-lhe a fazer cócegas no colo. Ele deve ser o pai que todas as mulheres querem ter para os seus filhos. É super dedicado à Ana, faz tudo em casa e ainda tem uma carreira profissional de se lhe tirar o chapéu. Nem ao Enzo consigo atribuir estas qualidades todas. Ele tem a Rita, a actual mulher dele, para o ajudar e tinha a mãe do Santiago quando o menino nasceu, mas...o Ezequiel faz tudo sozinho, claro que deve ter ajuda da família dele e até de família da parte da Ana...mas mesmo assim, deve passar muito mais tempo com ela sozinha do que com alguém a seu lado para cuidar dela.
- Dexei a tua neca a fazer ó-ó - disse-me a pequenita.
- Obrigada.
- De nada - o Ezequiel sentou-a na cadeirinha dela, sentamo-nos os dois também à mesa e almoçámos tranquilamente.
16:15h
A Ana tinha estava a dormir, deitadinha, no sofá. Tinha adormecido a ver os bonecos enquanto que eu terminei de arrumar as minhas coisas.
O Ezequiel estava sentado num outro sofá, de frente para a televisão...onde tínhamos tido a nossa conversa ontem à noite.
Sentei-me ao lado dele e percebi que estava a ver um filme, mas que estava a começar.
- Como se chama? - perguntei, baixinho, para não acordar a Ana.
- "Dear John".
- Filme do livro do meu autor preferido...
Ficámos os dois a ver o filme e...como seria de esperar, se já o tinha feito com o livro, fi-lo com o filme. Chorei...baba e ranho, como se costuma dizer. Filmes românticos em que as coisas não são um mar de rosas, são os meus preferidos. O meu choro colapsou quando chegou à parte do filme em que o John (interpretado pelo maravilhoso Channing Tatum) vai ter com o pai, que teve um AVC e lhe lê a carta que escreveu... arrepio-me de pensar, choro ao ver...
- Digo-te...pensava que tinha conhecido a pessoa mais chorona a ver filmes românticos...mas pelos vistos conheci essa pessoa agora.
- Desculpa...eu...choro...demasiado com estas coisas.
- A Ana também era assim...mas tu chegas a ser mais que ela.
Terminamos de ver o filme...o meu choro controlou-se.
Estava a tentar recompor-me...quando tentei falar com o Ezequiel.
- Pensas muito nela?
- Na Ana? - ele virou-se para mim.
- Sim.
- Todos os dias...é impossível não pensar nela com a nossa filha a andar pela casa e a ser parecida com ela a cada instante.
- Como é que consegues conciliar tudo? É a Ana...a falta da mãe dela...o futebol... como é que consegues?
- Tive e tenho muita ajuda...família e psicólogo.
- Desculpa se não te faz sentir à vontade as minhas perguntas...
- Não...nada disso. É bom ter, finalmente, alguém que me entende a 100%.
- Nunca pensaste...em arranjar uma rapariga?
- Não. Tu pensaste em arranjar alguém?
- Arranjei...
- Pois...desculpa.
- Não tem mal.
- Mas pensas, agora em arranjar alguém?
- Eu não sei...eu quero ir fazer o meu voluntariado daqui a dois meses e quero começar as aulas na faculdade.
- Vais para onde no voluntariado?
- Algures em Angola. É um terra mesmo longe do centro sem qualquer contacto com o exterior...por isso já sabes, se quiserem saber de mim temos de arranjar outros meios, porque telemóveis e computadores não funcionam.
- Fazemos como no filme...
- Cartas.
- ...cartas - dissemos os dois.
O Ezequiel é encantador...sem sombra de dúvida.
Sinto-me bem ao lado dele, sinto-me...com uma sensação de...protecção que não consigo descrever, nem explicar como, porque ou o que é que me faz sentir assim.
O Ezequiel pegou na minha mão e olhou para a tatuagem que estava no pulso...a tapar umas das cicatrizes.
- Isto terminou? - perguntou-me a medo.
- Terminou...por enquanto. Eu tenho de dar valor às pequenas coisas da vida...e neste momento tenho os meus sobrinhos, tenho a minha família a entender-me melhor...e...agora tenho-te a ti...e à Ana. Vocês, nestes dois dias, têm me feito um bem que não imaginam...
- Poderás contar connosco sempre. A Ana é pequena mas já entende muita coisa. E tenho a certeza que adora a ideia de ter uma mulher cá em casa.
As nossas mãos...estavam presas uma à outra... estávamos os dois estranhos, porque nenhum de nós tinha feito algo, conscientemente, que fizesse com que as nossas mãos estivessem agarradas uma à outra.
Estávamos demasiado perto um do outro que me metia medo...eu sentia a respiração fresca dele, sentia o bater do seu coração na minha mão...isto não pode acontecer...não pode estar a acontecer...o Ezequiel e eu temos uma história idêntica mas não nos podemos aproveitar disso para...termos algo. Além do mais...ele é como se fosse da família.
A distância entre nós ia diminuindo cada vez mais...e mais...e mais...
- Vocês são namoados?
Epah!!!
ResponderEliminarq pewrgunta final é memso para deixar as leitoras em suspense :)
gostei muito, próximo o mais rápido possivel sff
bj
Adddoorreeeii!!!
ResponderEliminarEpah adoro as conversas entre a Ana e a Patrícia. E ainda adoro mais o garay e a patricia...têm tanta coisa em comum...ainda vai dar coisa entre os dois. E achas bem acabares isto assim? Mas ja percebi que a ana vai interromper....agora só espero que continuem depois o que iam acontecendo ou nao xd
Próóxxiimmo Rápiiddo!!!
Adorei!!!!
ResponderEliminarPróximo rápido por favor!
Bjokinhas
Mariaa
Ai, Adorei!
ResponderEliminarA Ana é tão fofinha!
Quero o próximo!
Beijinhos!
Adorei quero o proximo.bis
ResponderEliminarOlá.
ResponderEliminarAcabei de ler a fic e ainda não consigo parar de chorar.
Só ainda não sei se ainda é por causa da morte da Ana ou por causa de tudo o que se está a passar agora.
Eu sei que o Ezequiel merece ser feliz e eu quero-o mas ainda é estranho já não existir aquela relação com a Ana.
A Patrícia parece ser uma grande pessoa, também.
Espero para ver no que vai dar.
Beijinhos
Daniela^^