quarta-feira, 10 de outubro de 2012

1º Capitulo: Viagem


Agosto de 2010
Mais um verão havia chegado e como não poderia deixar de ser estava na altura de ir passar uma temporada com o meu pai a Espanha. Passo o ano todo em casa da minha mãe, Rosa, em Lisboa, mas ela insiste para que eu vá passar pelo menos um mês a casa do meu pai, Roberto, em Madrid. A minha relação com o me pai deixou de ser relação no momento em que ele abandonou a minha mãe para ir viver em Espanha. Muito provavelmente ele não iria ter tempo para férias, sendo ele um empresário de sucesso e o mais certo seria passar os meus dias na casa do meu primo. Meu primo esse que é o tão famoso jogador do Real Madrid e da seleção espanhola: Sergio Ramos.
A viagem de avião da capital portuguesa para o centro espanhol foi rapidíssima e em menos de duas horas estava eu com as minha malas de viagens todas juntas no meio do aeroporto e sem sinal de ninguém à minha espera. Esquecer-se que eu chegava hoje era o mais natural do meu pai. Comecei a caminhar, levando as malas comigo, até que cheguei à porta do aeroporto. Não queria acreditar no que estava a acontecer, mas vindo do meu pai tudo é possível que aconteça.
Contudo a corrida de uma certa pessoa despertou a minha atenção fazendo com que me desmancha-se a rir. O meu primo vinha a correr de fora do aeroporto para dentro. Assim que chegou perto de mim abraçou-me, elevando-me no ar, girando em torno de si.
- Sergio!! - se havia coisa que ele adorava fazer era deixar-me tonta.
- Pequeña! - desde sempre que o Sergio tinha a mania de me chamar sempre de "pequeña" - desculpa, desculpa - ele pousou-me no chão e deu-me um beijo na bochecha super repenicado - o teu pai pediu que te viesse buscar, mas estava imenso transito.
- Não tem mal Sergio. Já é muito ter alguém para ir para casa sabes?
- O teu pai teve um problema de urgência com a empresa. Vai ficar fora do país durante uma semana.
- Tás a falar a sério? - chocada? Nem por isso...
- Sim... ele pediu desculpa por não conseguir avisar, mas foi tudo muito rápido.
- Tá bom...
- MAS!! - disse ele super animado.
- Até tenho medo do que vem para aí.
- Ficas comigo esta semana. Escusas de ficar na "casa assombrada" - era o que chamava à mansão do meu pai - passas a semana na minha casa.
- A sério? Não te incomodo por lá?
- Por acaso... incomodas bastante - dizia ele com cara de gozo, agarrando numa das minhas malas - anda lá. Tens a senhora Paqui à espera - era a minha tia, a irmã do meu pai. Sem dúvida nenhuma que eles eram as únicas pessoas da minha família espanhola com quem me dava muitíssimo bem. Era com eles que falava frequentemente mesmo estando em Portugal.
- A tia está em tua casa?
- Sim, ela veio passar cá o fim-de-semana (hoje era sexta feira) para te receber e estar com o filho... acho eu.
- Tenho saudades dela... e da comidinha dela.
- Espero que tenhas fome... com toda a certeza que vais ter um almoço reforçado.
- Vou?
- Entre o peixe frito com batatas, tens gaspacho e muito petisco que ela fez.
- A tia fez o gaspacho dela?
- Fez.
- Sergio... leva-me para tua casa - a comida da minha tia era a melhor de Espanha.
O Sergio riu-se e começamos os dois a caminhar para fora do aeroporto. Quando já estávamos no exterior caminhamos até ao belo Audi do senhor Ramos.
- Também queria ser jogadora de futebol para ter carros assim.
- É uma questão de pedires ao teu pai.
- Achas Sergio?
- Estava a brincar.
Arrumamos as minhas malas na bagageira e entramos para o carro.
- Sabes perfeitamente que se pedir um cêntimo ao meu pai é porque não tenho trocos na carteira.
- Devias começar a dar-te melhor com ele. Ele raramente sai de casa.
- Sergio... não fui eu que escolhi a vida dele.
- Mas Ana... ele é teu pai.
- Também era meu pai quando quis vir para Espanha à 10 anos.
- Sigamos para casa. Melhor não?
- Muito! Tens a certeza que não vou incomodar?
- Tenho.
- Mesmo quando fores para casa com as tuas espanholitas?
- Podes não acreditar mas o teu primo deixou a vida de Dezembro.
- Duvido.
- Espera para ver - o Sergio sempre foi o típico rapaz de várias e nenhumas raparigas. Nunca teve nenhum relacionamento sério.
O Sergio ligou o carro e conduziu até sua casa. Era uma casa para o grande, mas não a sentia "assombrada" como a do meu pai. Sempre sozinha, sem ninguém durante o dia. O meu pai só para em casa de noite.
Assim que deixou um dos seus carros bem arrumadinho, saímos dele e retiramos as minhas malas da bagageira, levamo-la para o interior da casa. Estava exactamente na mesma desde que lá tinha estado a ultima vez. No ano passado pelo Ano Novo.
- Mãe? - chamou o Sergio pela minha tia.
Encostei as mala que trazia onde o Sergio tinha deixado as que ele trazia e a minha tia chegou.
- Ana! - ela abraçou-me com alguma força. Ela era como uma segunda mãe para mim. Sempre que estava cá era com ela que desabafava, ou com o Sergio, e era sempre ela e o meu tio, Rubio o pai do Sergio, que me iam visitar algumas vezes a Portugal quando eu não podia ir a Espanha.
- Tia... tinha tantas saudades suas.
- E eu tuas minha querida! - ela soltou-me e os seus olhos percorreram-me da cabeça aos pés - estás tão linda. Cada vez mais crescida.
- Tenho a sensação de que a Ana vai ficar cá mais que o mês, mãe – atirou o Sergio, não percebi o porque.
- Sim... é desta que ela vai arranjar um espanhol e fica cá connosco.
- Não sejam assim. Sabem que os únicos espanhóis que amo são voces os dois, o tio, a prima e a Daniela (filha da minha prima).
- Continuas a não incluir o teu pai?
- Sim.
- Ai Ana, Ana. Vamos é almoçar que tenho a sensação que comida de avião não é como a da tia.
- Não é mesmo! - agarrei-me à minha tia e fomos em direção da sala de refeições.
Passamos um excelente almoço os três juntos que se alongou mais do que normal. Eram já 16:00h quando o Sergio reparou nas horas. O rapaz tinha de ir outra vez ao aeroporto buscar um novo colega que iria esta época para o Real Madrid e que ele iria acolher também em sua casa e ainda iria buscar uma novidade para mim. O resto dia prometia.

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