quarta-feira, 10 de outubro de 2012

3º Capitulo: "Esse teu espanhol irrita-me profundamente"


Depressa chegamos à discoteca “Princesita”. Lembrava-me que já cá tinha estado numa das visitas guiadas do meu primo. Foi uma das que tinha gostado mais.
Entramos para a zona VIP, sim! Isto de ter um primo Sergio Ramos tem muito que se lhe diga. O ambiente já estava muito bom, música muito espanhola e super animada. Fomos para a nossa mesa e o Sergio pediu logo bebidas, eu e a Mariza fomos para a pista de dança. Eu adoro dançar e pelos vistos a Mariza também. Já dançávamos a segunda música quando os rapazes vieram ter connosco.
- Estou a ver que arranjas-te companheira para dançar – disse-me o Sergio.
- Podes começar a ficar descansado que já não te melgo mais.
- E quando eu quiser dançar com a minha namorada?
- Eu arranjo alguém que dance comigo.
Entretanto a musica que estava no ar terminou e começou uma super calma. O Sergio olhou para mim e sorriu-me. Pegou na mão da Mariza e agarraram-se os dois a dançar. Todos os que estavam à nossa volta dançavam agarrados a outra pessoa, eu fiquei ali no meio da pista de dança.
- Danças comigo? – perguntou o Ezequiel ao meu ouvido. Confesso que me tinha esquecido que ele ali estava.
- Conseguirias dançar comigo sem me estragar os sapatos?
Ele agarrou-me pela mão, chegou-se para perto de mim e, olhando-me fixamente, começamos a movimentarmo-nos ao ritmo lento mais caliente da música. Confesso, estava completamente rendida aquele charme… dançava bem, conseguia manter o olhar fixo no meu e, se não me estivesse a agarrar, fazia-me derreter. O rapaz dava pica, mas via-se perfeitamente que era como o meu primo antigamente. Ele deixou de me olhar fixamente, aproximou-me mais dele fazendo com que eu ficasse com a minha bochecha encostada no seu ombro e que os seus lábios chegassem perto da minha orelha uma vez que ele agora me falava ao ouvido.
- Estou a estragar os sapatos?
- Surpreendentemente não. Mas não me fazes esquecer o infeliz comentário quanto à minha demora.
- Não foi intencional. Não tinha nada a ver contigo. Estava a falar nas mulheres em geral.
- Já deves saber o que é, não é?
- Que queres dizer com isso?
- Que quando sais com alguma rapariga já estás habituado a esperar.
- Por acaso há muito tempo que não sabia o que era esperar tão pouco tempo.
- Que queres tu dizer com isso?
- Que demoras-te menos tempo que as outras.
- Sou despachada, sim. Não gosto de deixar as pessoas à espera. Sobretudo o meu primo.
- Vais ficar em casa dele?
- Interessa-te?
- Um pouco.
- Com o tempo descobres. Já volto – sai de ao pé dele e fui até ao WC.

(Ezequiel)

Depois que a Ana saiu de ao pé de mim, fui para a nossa mesa e rapidamente a musica terminou e o Sergio e a Mariza juntaram-se a mim.
- A minha prima? – interrogou o Sergio.
- Deve ter ido ao WC.
- Eu já volto – disse a Mariza ausentando-se. Eu e o Sergio brindamos à minha chega a Madrid.
Sair da Argentina para vir para o Real Madrid era um sonho completamente concretizado.
- A Ana já se te anda a picar?
- Porque perguntas?
- Ela não gosta do tipo de comentários que nos estávamos a ter. Ela é muito contra machistas.
- É? – fazia intenções de a picar com isso.
- Sim. Vê lá o que lhe dizes porque ela pode ir longe com as bocas dela.
- Ela é sempre assim?
- Sim. Ela lá no fundo só quer brincar, mas se começas a dar troco e tocas em certos pontos ela passa-se.
- Ela tem namorado?
- Porque é que perguntas isso?
- Nada de mais.
- Não. Não tem namorado, que eu saiba, mas tem um irmão mais velho aqui para ela.
- Percebo.
- Estás interessado nela?
- É uma rapariga forte e interessante… mas por agora quero assentar por cá.
- Fazes bem.

(Ana)

Estava a retocar a maquilhagem quando entra a Mariza no WC.
- Percebi que estavas aqui… - disse ela encostando-se à bancada.
- Passa-se alguma coisa?
- Não, só queria dar espaço aos rapazes para terem conversa de rapazes.
- E nós podemos ter de raparigas.
- Exacto! O que estás a achar do Ezequiel? – perguntou ela muito directamente começando também a retocar a maquilhagem dela.
- É do tipo de rapaz como era o meu primo. Várias e nenhuma rapariga.
- Percebo-te. Mas não o achas nada de especial mesmo só para uma noite?
- Sermão do Sergio?
- Eu disse que não tinha jeito para isto mas ele insistiu que te perguntasse.
- Compreendo. Eu já lhe dou a resposta. Estás pronta?
- Sim, sim.
Voltamos as duas para junto deles. A Mariza sentou-se ao lado do Sergio e eu do Ezequiel.
- Já falaram tudo o que tinham para falar de nós na casa de banho? – perguntou o Sergio.
- Já! E vocês falaram tudo o que tinham para falar sobre as 500 raparigas que estão aqui?
- Por acaso… - comentou o Ezequiel.
Vi a Mariza a olhar muito fixamente para o Sergio.
- Eu não falei sobre 500 raparigas Mariza. Nós falamos da Ana.
- Assim como nós falamos do Ezequiel – disse a Mariza.
- Falaram de mim?
- Falaram de mim? – interrogamo-nos os dois um ao outro ao mesmo tempo.
- Algum problema? – perguntei.
- Nenhum e tu tens algum problema em termos falado de ti?
- Não. Desde que sejam o tipo de comentário que os gajos costumam ter…
- Foi parecido.
- Fico feliz em saber.
Ficamos ainda algum tempo a dançar até que voltamos para casa. O Sergio, menino responsável que estava a ser, não tinha tocado em álcool nenhum e chegamos a casa sãos e salvos. Entramos em casa e tentamos fazer pouco barulho.
- Va, pessoal, toca a ir para os quartos – disse o Sergio.
- Boa noite priminhos! – a Mariza ainda estava com ele e eu já estava meia alegre.
- Boa noite – afirmou o Ezequiel e começamos os dois a caminhar para irmos para os quartos. Quando cheguei a porta do meu, vi que o Ezequiel passou para a porta ao lado.
- Tem uma boa noite engatatão – disse-lhe.
- Buenas noches princesa.
- Esse teu espanhol irrita-me profundamente – aproximei-me dele mas ia caindo para o lado.
- Se eu não estivesse aqui quem é que te agarrava?
- O chão! Não penses que causava muito estrago.
- Tu bêbeda respondes ainda mais.
- Respondo sempre a tudo e até a engatatões.
- Vejo que sim. Vem, eu levo-te para o quarto.
- Bem! Isso é logo assim com as outras? Tu dizes que as levas e elas caem?
- Tudo bem. Boa noite – ele largou-me e foi para o quarto dele.
- Boa noite muchacho – fui para o meu quarto e deitei-me na cama.

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